Política

Eduardo Guedes é contraponto a discurso radical

Eduardo Guedes é contraponto a discurso radical

São Paulo – Os admiradores do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no mundo corporativo apontam a escolha de Eduardo Guedes como seu assessor econômico como um contraponto à retórica polarizadora de seu candidato, suas inclinações autoritárias e visões inconstantes sobre a economia brasileira. Bolsonaro, por exemplo, certa vez sugeriu que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fosse fuzilado por privatizar antigas empresas do governo, incluindo a mineradora Vale.

Em contraste, Guedes, que atualmente integra o comitê executivo da empresa de gestão de ativos Bozano Investimentos, é um feroz defensor da privatização da Petrobras e do Banco do Brasil.

Se eleito, Bolsonaro prometeu fazer de Guedes uma espécie de superministro encarregado da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio, com ampla liberdade para definir a política econômica.

Guedes realizou uma série de reuniões com bancos de investimento, executivos empresariais e investidores internacionais para persuadi-los a apoiar Bolsonaro. O economista também se reuniu com membros do Ministério da Fazenda pelo menos três vezes em um esforço para sinalizar continuidade com a agenda de reformas de Temer, incluindo mudanças no insolvente sistema da Previdência.

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“Paulo Guedes de fato dá muita credibilidade à candidatura de Bolsonaro”, disse Claudio Pacini, chefe da negociação de ações brasileiras na corretora norte-americana INTL FCStone, em Miami. “Juntamente com o medo de ascensão da esquerda, as duas coisas trabalham a favor de Bolsonaro”, avaliou.

“Prazo de validade” – Alguns questionam, contudo, quanto tempo duraria a parceria Bolsonaro-Guedes, mesmo que o candidato seja eleito. “Bolsonaro é um recém-convertido ao liberalismo pró-mercado – isso não é coisa dele, nunca foi coisa dele”, disse Monica de Bolle, diretora do Programa de Estudos Latino-Americanos e Mercados Emergentes da Escola de Estudos Internacionais Avançados (Sais, na sigla em inglês), da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

Essas dúvidas aumentaram, quando Guedes propôs reviver um imposto nos moldes da impopular CPMF, no âmbito de uma reforma tributária. A ideia foi rapidamente rechaçada por Bolsonaro, do hospital onde estava se recuperando de uma facada sofrida em um comício no mês passado.

Depois da polêmica, Guedes cancelou uma série de aparições públicas que teria, alimentando especulações de que havia sido, por ora, silenciado pela campanha.
Guedes se recusou a comentar o desacordo. Mas Monica de Bolle vê turbulência à frente. “Parece óbvio que Paulo Guedes não duraria em um governo de Bolsonaro”, disse a economista.

Muitos também se perguntam com que eficácia Bolsonaro pode governar se eleito. Em quase três décadas no Congresso, seu trabalho pouco apareceu. Seu Partido Social Liberal tem poucos deputados na Câmara. Ele precisaria articular alianças com outros partidos para fazer qualquer coisa, tarefa para a qual possui pouca experiência.

“O governo está falido, e Bolsonaro não tem aliados para pressionar por cortes orçamentários e nem mesmo um histórico de persegui-los», disse um executivo sênior de um dos maiores bancos do Brasil. Para o empresariado, disse o executivo, o voto em Bolsonaro é uma escolha entre “o terrível e o extremamente terrível”. (Reuters)

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