Política

Espaço fiscal pode atingir R$ 106,1 bilhões

Espaço fiscal pode atingir R$ 106,1 bilhões
Sessão temática no Senado Federal discutiu ontem a PEC dos Precatórios, que deve ser apreciada na CCJ nesta semana | Crédito: Pedro França/Agência Senado

Brasília – A alta da inflação no segundo semestre deste ano aumentou em R$ 14,5 bilhões os recursos a serem liberados em 2022 pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O espaço fiscal criado passou de R$ 91,6 bilhões para R$ 106,1 bilhões. No entanto, desse total, o governo só terá R$ 1,1 bilhão para serem livremente gastos.

A estimativa foi anunciada pelo secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago. Ele participou de sessão temática do Senado que discute a PEC dos Precatórios, cuja votação está prevista para esta semana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

Segundo Colnago, a mudança ocorreu após a revisão das projeções oficiais para a economia em 2021. Na semana passada, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia elevou para 9,7% a estimativa de inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2021. Quando o governo enviou a PEC ao Congresso, a estimativa estava em 8,7%.

De acordo com o secretário especial, dos R$ 106,1 bilhões de espaço fiscal, R$ 62,2 bilhões decorrem da mudança da fórmula de cálculo do teto de gastos, que passará a considerar a inflação cheia do ano anterior, em vez de a inflação acumulada entre julho de dois anos atrás e junho do ano anterior ao Orçamento atual. A projeção anterior estava em R$ 47 bilhões.

Os R$ 43,8 bilhões restantes (do total de R$ 106,1 bilhões) virão do parcelamento dos precatórios de grande valor, dívidas reconhecidas em caráter definitivo pela Justiça. A estimativa anterior estava em R$ 44,6 bilhões.

Espaço livre Apesar do maior espaço fiscal, o governo terá apenas R$ 1,1 bilhão livres para serem gastos de forma discricionária (não obrigatória). Esse dinheiro poderá ser usado para investimentos (obras públicas) ou no atendimento a emendas parlamentares de relator, caso a PEC seja aprovada.

Dos R$ 106,1 bilhões, R$ 51,1 bilhões bancarão o aumento do Auxílio Brasil para R$ 400; R$ 48,9 bilhões estão comprometidos com gastos obrigatórios, como Previdência Social, mínimos constitucionais para saúde e educação e Orçamento dos demais Poderes; e R$ 5,3 bilhões serão gastos com a prorrogação da desoneração da folha de pagamento por um ano. Dessa forma, sobrará somente R$ 1,1 bilhão para os demais gastos.

À exceção dos gastos obrigatórios, que serão recalculados com a alta da inflação, as demais despesas não estão incluídas no projeto da Lei Orçamentária Anual de 2022, enviado no fim de agosto ao Congresso. Esses gastos só poderão entrar no projeto caso a PEC dos Precatórios seja aprovada pelo Congresso.

O valor de R$ 1,1 bilhão para gastos livres não cobre medidas anunciadas pelo governo, como ajudas a caminhoneiros, o fornecimento de vale-gás para a população mais pobre e o reajuste do funcionalismo público federal. Segundo Colnago, o Orçamento do próximo ano tem R$ 1,5 bilhão comprometido com uma decisão da Justiça que determinou o pagamento de despesas de pessoal não honradas em anos anteriores, mas, por enquanto, não há verbas para reajustes salariais.

Pacheco sinaliza votação na próxima semana

Brasília – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), considerou ontem difícil levar a PEC dos Precatórios ao plenário da Casa ainda nesta semana, uma vez que ela deve ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na quarta-feira (24), e disse trabalhar com a perspectiva de deliberação da proposta até a próxima semana.

O senador avaliou ainda que há maneiras de indicar fonte de recursos para tornar permanente o Auxílio Brasil, programa social do governo, com a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. A estimativa é que a medida permita a abertura de um espaço fiscal de R$ 90 bilhões, caso seja mantido o texto já aprovado pela Câmara dos Deputados.

“Devemos ter a apreciação nesta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça, e uma vez apreciado, na sequência, no plenário”, disse o senador a jornalistas.

“Obviamente que tentaríamos nesta semana, mas eu acho difícil, mas vamos buscar fazer até a semana que vem a apreciação pelo plenário dessa PEC dos Precatórios”, acrescentou.

Ao comentar sugestão do líder do MDB, Eduardo Braga (AM), de tornar o auxílio um programa permanente, Pacheco considerou que a ideia é “inteligente”.

Defendida por diversos outros senadores, a ideia é uma das possíveis mudanças a serem acolhidas pelo governo para garantir a aprovação da PEC.

“Nós temos um problema de espaço fiscal hoje, que precisa ser solucionado com a solução dada pela PEC dos Precatórios. E se há uma coisa no Brasil que a riqueza nacional deve servir é para fazer um programa social decente para as pessoas”, defendeu o presidente do Senado.

“Eu acredito perfeitamente que é possível, sim, nós termos as fontes de recursos necessárias para que um programa social seja implantado”, afirmou.

O Senado realizou ontem uma sessão temática de debates sobre a PEC dos Precatórios. (Reuters)

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