Política

Ferreira Coelho é indicado pelo governo

Ferreira Coelho é indicado pelo governo
Crédito: Sergio Moraes/Reuters

Brasília – O Ministério de Minas e Energia apresentou ontem os nomes de José Mauro Ferreira Coelho para presidir a Petrobras e de Marcio Andrade Weber para comandar o Conselho de Administração da estatal.

Coelho é presidente do conselho de administração da PPSA e estava cumprindo quarentena, após ter pedido demissão, em outubro do ano passado, do cargo de secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Ele foi servidor público por 14 anos.

Weber é diretor da empresa Petroserv e trabalhou por 16 anos na Petrobras. Teve passagem por outras empresas e presta assessoria ao grupo PMI. É engenheiro civil pela UFRGS, com especialização em engenharia de petróleo pela Petrobras. Ele integra o atual conselho de administração da estatal.

A escolha do sucessor de Joaquim Silva e Luna na Petrobras foi marcada por indefinições e desencontros. O primeiro nome indicado pelo governo foi o do empresário Adriano Pires, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que acabou desistindo antes mesmo de assumir.

Em carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, Pires alegou que não conseguiria se desligar de sua consultoria “em tão pouco tempo” para assumir o comando da Petrobras. A assessores palacianos, porém, o empresário alegou potencial conflito de interesses para justificar sua desistência.

Um dos principais entraves para a nomeação foi o fato de Pires querer transferir as cotas do CBIE para seu filho, hoje sócio e diretor da empresa. O problema é que, para cumprir as exigências da Lei das Estatais, o parente também teria de abrir mão da empresa – o que ele não quis.

Além do empresário, houve ainda a desistência de Rodolfo Landim, antes indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para presidir o conselho de administração da estatal.

Se fosse aprovado, ele substituiria o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que pediu para deixar o cargo alegando razões pessoais. Ao declinar do convite, Landim alegou dificuldade em conciliar a posição com seu cargo de presidente do Flamengo.

Apesar de o mercado financeiro ter inicialmente comemorado as duas indicações do governo, Landim e Pires formariam na Petrobras uma dupla considerada constrangedora na visão de especialistas, pois ambos são próximos ao empresário baiano Carlos Suarez, que tem fortes interesses no setor de gás.

A percepção no setor empresarial, após o anúncio da dobradinha, é que estava em curso uma engenharia política no governo e no Congresso para dar espaço aos interesses de Suarez na Petrobras. O empresário baiano também é próximo de muitos políticos, especialmente do centrão, entre eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Nomes sondados -Com as desistências de Pires e Landim, o governo passou a sondar outros nomes de mercado para o posto, mas esbarrou em muitos obstáculos. Além do risco político de uma interferência na política de preços da companhia, pesou a perspectiva de uma gestão curta diante do fim do atual mandato de Bolsonaro.

No vaivém de convites, sondagens e especulações, o Palácio do Planalto recebeu a negativa do ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP) Décio Oddone, sondado para a presidência da estatal.

Em outra frente, a opção por Caio Mário Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes (Economia) chegou a ser colocada na mesa, mas enfrentou um veto de peso, o de Lira.

Sem novos candidatos para a presidência e o conselho de administração da Petrobras, o governo chegou a cogitar o adiamento da votação da nova composição, marcada para a quarta-feira da semana que vem (13), mas isso acabou sendo descartado pelo ministro de Minas e Energia.

Meirelles defende o fatiamento da estatal

São Paulo – O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles defendeu ontem o fatiamento, seguido de privatização, da Petrobras.

O objetivo da proposta é colocar fim à posição monopolista da empresa, para criar um ambiente de maior concorrência entre as companhias menores resultantes da operação.

A afirmação foi feita durante palestra para o mercado financeiro, parte do 8º AnnualBrazilInvestmentForum, evento virtual organizado pelo Bradesco BBI. Ele foi questionado sobre a melhor política para administrar os preços dos combustíveis no País.

Meirelles é o coordenador do grupo que elabora o programa econômico da campanha do pré-candidato à Presidência da República João Doria (PSDB-SP).

“Não pode haver intervencionismo político. Isto aí é grave. E, se for isso, é melhor deixar do jeito que está, com a paridade internacional, e a Petrobras fixando o preço”, disse Meirelles.

Segundo ele, a solução estrutural adequada seria a reestruturação da companhia, seguindo o modelo adotado para a Telebrás, ainda na década de 1990, resultando no modelo atual de telecomunicações.

“É uma discussão difícil porque se trata de uma empresa monopolista, metade privada, metade pública, [o que] é um conceito extravagante. E como uma empresa monopolista compete? É muito simples. Divide a Petrobras em três ou quatro empresas, privatiza essas companhias, e elas vão competir. Aí o mercado determina”, avaliou.

Perguntado sobre a possibilidade de Lula voltar a ocupar a presidência, diz que é cedo para saber como seria a sua política econômica. Meirelles foi presidente do BC nos oito anos da gestão do petista.

“Ele vai fazer a opção do Lula do primeiro mandato, quando ele claramente foi um governo de austeridade fiscal, com o Banco Central com independência operacional, que foi o que gerou aquele crescimento no Brasil?”, questionou.

Para Meirelles, a opção de um governo Lula como o do segundo mandato levaria a uma política de relaxamento da austeridade fiscal. Ou, na terceira hipótese, Lula poderia optar por seguir a linha da gestão Dilma, a qual teria sido marcada por expansão fiscal e intervencionismo.

“Não dá pra saber a essa altura porque, na disputa eleitoral e com a radicalização, radicalismo de um lado, e radicalismo de outro Ele é um sujeito pragmático, [espero] que possa seguir uma política que ele próprio seguiu e que deu certo”, diz.

Meirelles deixou a secretaria da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo na sexta-feira (1º). No sábado, anunciou sua filiação ao União Brasil, após ter desistido de concorrer ao Senado por Goiás, o seu estado natal, como havia sido anunciado. (Folhapress)

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