Política

Governador do Rio é preso pela Polícia Federal

Governador do Rio é preso pela Polícia Federal
Crédito: Pxhere

Rio – O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso ontem pela Polícia Federal por suspeita de receber ao menos R$ 39 milhões em propina em valores atualizados, em mais um desdobramento das investigações da operação Lava Jato sobre um gigantesco esquema de corrupção no estado.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), que apresentou a petição ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que resultou na chamada operação Boca de Lobo, afirmou que Pezão integra o núcleo político de uma organização criminosa que cometeu vários crimes contra a administração pública, com destaque para corrupção e lavagem de dinheiro, ao longo dos últimos anos.

Segundo a procuradora-geral, Raquel Dodge, o governador assumiu a liderança do esquema de corrupção no estado após a prisão do ex-governador Sérgio Cabral, que coordenava o esquema anteriormente, e continuou a cometer crimes apesar do andamento das investigações, em especial a lavagem do dinheiro obtido de forma ilegal.

“Mesmo depois das prisões já feitas em relação aos que lideravam até recentemente esse esquema criminoso, houve uma nova liderança, e é nessa perspectiva que reponta a atuação do atual governador do Rio de Janeiro, que assume a liderança desse esquema e nele inclui novos atores, o que evidencia que houve uma sucessão com novos participantes sob uma nova liderança”, disse Dodge em entrevista coletiva na sede da PGR, em Brasília.

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Além de Pezão, outras oito pessoas tiveram a prisão decretada por envolvimento no esquema, incluindo secretários do governo estadual fluminense, empresários e pessoas ligadas a Pezão. Foram expedidos ainda 30 mandados de busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Piraí, Juiz de Fora, Volta Redonda e Niterói.

A investigação teve como base acordo de delação premiada de Carlos Miranda, apontado como principal operador do esquema milionário de corrupção comandado por Cabral, de quem Pezão foi secretário de Obras e vice-governador entre 2007 e 2014. Cabral está preso desde novembro de 2016 condenado em diversas ações de corrupção.

De acordo com a PGR, investigações revelaram que Pezão operou um esquema de corrupção próprio, e o pedido de prisão teve como objetivo interromper a prática de atividade criminosa.

“A novidade é que ficou demonstrado ainda que, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental naquela organização criminosa, inclusive sucedendo-o na sua liderança, Luiz Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros”, disse a PGR em comunicado.

O governador nega as acusações. “Óbvio que eu nego tudo“, disse Pezão, escoltado por agentes da Polícia Federal, antes de deixar a sede da PF em direção a um presídio.

Necessidade – Para a PGR, a prisão do governador era necessária porque, solto, Pezão poderia dificultar a recuperação de valores desviados, além de dissipar o patrimônio adquirido por meio de prática criminosa.

Segundo o Ministério Público Federal, há registros documentais do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$ 25 milhões no período de 2007 a 2015, o que equivale a pouco mais de R$ 39 milhões em valores atualizados –quantia que foi alvo de sequestro determinado pelo STJ.

O governo do Rio de Janeiro informou, em nota, que o vice-governador Francisco Dornelles assumiu a chefia do Poder Executivo após a prisão de Pezão, de acordo com a Constituição estadual.

“O governador em exercício afirma que o Governo do Estado do Rio de Janeiro manterá todas as ações previstas no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e dará prosseguimento aos trabalhos de transição de governo, reiterando o seu maior interesse na manutenção do bom relacionamento com os demais Poderes do Estado”, informou o governo.

Pezão, de 63 anos, tomou posse como governador em abril de 2014 depois que Cabral renunciou ao cargo, e foi reeleito naquele mesmo ano. Em 2016, o governador ficou seis meses afastado para passar por tratamento de um câncer, e ao retornar negociou um acordo de recuperação fiscal com o governo federal para aliviar a crise financeira atravessada pelo Rio de Janeiro.

O governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), que tomará posse em 1º de janeiro, disse em nota após a prisão de Pezão que a transição não será afetada. (Reuters)

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