Governo federal pode voltar a liberar saques do FGTS

Brasília – O governo pode liberar os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em uma tentativa de impulsionar o crescimento econômico até o final do ano, afirmou ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Tanto o governo do presidente Jair Bolsonaro quanto o de seu predecessor, Michel Temer, implementaram medidas para liberar o FGTS.
Em conferência organizada pelo banco de investimentos BTG Pactual, Guedes também afirmou que um programa de crédito será em breve lançado para empresas “sem grande impacto fiscal”, renovando o que já foi oferecido durante a pandemia.
Ele reforçou ainda que o governo pretende cortar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% para ajudar a indústria local. Também acrescentou que está no horizonte um programa para criar 2 milhões de empregos, nos moldes do plano Verde e Amarelo de contratação simplificada. O governo já encaminhou propostas nesse sentido ao Congresso, mas elas perderam a validade antes de serem aprovadas.
“Há várias iniciativas que podemos ter daqui até o final do ano que devem ajudar a economia a crescer”, afirmou Guedes.
“Podemos mobilizar recursos do FGTS também, porque são fundos privados, são pessoas que têm recursos lá e estão passando dificuldade. Às vezes o cara está devendo dinheiro no banco e está credor no fundo. Por que não pode sacar dessa conta e liquidar a dívida dele do outro lado?”, completou.
Guedes disse ainda que a arrecadação federal cresceu 16% em termos reais, acrescentando que o resultado será em breve anunciado pelo governo mas sem especificar a qual período se refere.
A Receita Federal vai divulgar os dados de janeiro nos próximos dias.
Projeções – Em evento no Palácio do Planalto, ontem, Guedes reiterou que as previsões do mercado para o crescimento do País em 2022 vão ser revistas para cima nos próximos meses e acrescentou que as pesquisas eleitorais também “vão oscilando para o caminho da verdade”.
“Não acreditem nas previsões de que o Brasil não vai crescer”, afirmou Guedes em evento para o lançamento da carteira de identidade nacional.
Segundo o ministro, economistas que estão atualmente prevendo uma retração do PIB de 1% para 2022 em um ou dois meses vão estar falando em crescimento zero e, em seis ou sete meses, já podem prever alta de 2%.
“Eles vão passar o ano inteiro revendo para cima, mas não faz mal. Como várias pesquisas também eleitorais vão também oscilando na direção da verdade”, acrescentou.
Guedes afirmou que as previsões para o crescimento do restante do mundo, por outro lado, vão começar a ser revistas para baixo.
“O Brasil já tirou os estímulos artificiais, o Brasil já saiu da UTI”, disse. “Se viesse uma terceira, uma quarta, quinta onda (da pandemia da Covid-19), nós temos munição para avançar de novo, eles não têm.”
Bolsonaro faz ataques ao Judiciário
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministros que compõem a Corte e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em discurso ontem em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou, sem citar nomes, que “duas ou três pessoas passam a valer mais que todos nós”.
“Vamos ceder para dois ou três e relativizar para nossa liberdade?”, disse.
Em falas recentes, o novo presidente do TSE, Edson Fachin, criticou a postura do presidente da República e seus ataques ao sistema eleitoral. Enquanto Bolsonaro visitava a Rússia, Fachin comentou que a maior parte dos ataques hackers aos sistemas eleitorais vem daquele país.
Já o ex-presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, criticou os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas e disse que era uma “imitação mambembe” da postura do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na mesma cerimônia, antes de Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Luiz Eduardo Ramos, atacou diretamente Fachin. Ramos acusou o recém-empossado presidente do TSE de ter feito uma ilação sobre a viagem de Bolsonaro à Rússia como suposta tentativa de contatar hackers para influencia as eleições.
“Uma autoridade investida de poder começa a se expressar dessa forma me dá direito de duvidar de sua isenção em futuros processos”, disse Ramos.
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