Política

Guedes admite volta do auxílio emergencial

Guedes admite volta do auxílio emergencial
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

São Paulo – A economia brasileira deve crescer 3,5% neste ano, talvez até 5% na melhor das hipóteses, disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, o qual defendeu ainda que, caso o auxílio emergencial seja reeditado, haja travamento de outras despesas.

Na prática, o ministro reconheceu a possibilidade de volta do auxílio emergencial caso a economia sinta o baque de um recrudescimento da pandemia e a vacinação em massa sofra reveses.

“Caso o pior aconteça, a doença volta, como compatibilizar uma coisa com a outra? Temos o protocolo da crise, aperfeiçoado agora”, disse o ministro, referindo-se à ideia de incluir na PEC do Pacto Federativo uma cláusula de calamidade pública, que seria ativada em caso “agudo” de emergência fiscal.

A ideia, segundo o ministro, é que em situação de emergência – por exemplo, em caso de desastres naturais – haja bloqueio de gastos para liberar recursos na forma de um auxílio emergencial. Guedes afirmou ainda que quem tem que decidir sobre as especificações do protocolo da crise é o Conselho Fiscal da República, proposto na PEC do Pacto Federativo.

As declarações do ministro foram feitas na ‘Latin America Investment Conference 2021: A New Decade, a New World’, promovida virtualmente pelo Credit Suisse. Guedes estava ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que por sua vez tinha à sua direita o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não fez declarações para o evento.

Um pouco antes do início da fala de Guedes, Bolsonaro havia afirmado que o governo manterá o compromisso com o teto de gastos e não irá transformar em permanentes medidas temporárias criadas para combater a pandemia de Covid-19.

“Quer criar o auxílio emergencial de novo? Tem que ter muito cuidado, pensar bastante, porque, se fizer isso, não pode ter aumento automático de verbas para educação, para segurança pública… É uma guerra. Vê se teve aumento de salário durante a guerra (na história), vê se teve dinheiro para saúde, educação… Não tem”, disse.

“Aqui é a mesma coisa. Se tiver de apertar o botão aqui, vai ter que travar todo o resto ali.”

Na avaliação do ministro, o governo, depois de dois anos “com muitas dificuldades”, conseguiu encontrar seu eixo político e o País consegue aplicar de 200 milhões a 300 milhões de doses de vacina por ano.

“Nós estamos mostrando para todo mundo que, se a pandemia faz uma segunda onda e ficamos aí com 1.500, 1.600 mortes, 1.300 mortes (por dia), saberemos agir com o mesmo tom decisivo como agimos no ano passado. Mas temos que observar se esse é o caso ou não”, disse Guedes.

“Se, ao contrário, as mortes descem, a vacinação em massa entra, economia de novo circulando… o correto é prosseguir com as reformas”, completou.

Impostos e impeachment – Guedes foi taxativo ao dizer que não haverá aumento de impostos.

“A opinião pública brasileira está saturada de impostos… Tem imposto demais, é um manicômio tributário. Temos que fazer essa reforma e ela tem que ser simplificadora. Ela não pode ser um aumento de impostos.”

Ao longo de sua fala, Guedes defendeu as ações de Bolsonaro e criticou quem, diz o ministro, está tentando descredenciar e sabotar a democracia brasileira ao buscar desestabilizar o governo.

“Todo dia desde o início que nós chegamos aqui, todo dia tem conversa… Primeiro é impeachment porque derrubou o passarinho, depois é impeachment porque deu um tapa na cabeça da ema, depois é impeachment porque teve um assassinato lá no Maranhão, depois é um impeachment porque morreu um indígena. Isso é um descredenciamento da democracia brasileira”, afirmou Guedes. (Reuters)

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