Política

Indefinição do sucessor de Guedes preocupa economistas

Indefinição do sucessor de Guedes preocupa economistas
Crédito: Roque de Sá/Agência Senado

O País amanheceu ontem com a perspectiva de um novo cenário político e econômico para os próximos quatro anos. Após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de domingo, especialistas em economia e ciência política especulam como será a gestão do novo presidente da República.

Isso porque, ao longo da campanha, o petista não apresentou detalhes sobre sua política econômica e nem citou nomes de quem poderá ser o ministro da Economia. Essa incógnita que ainda paira sobre o novo governo tem gerado incertezas para o mercado em relação ao futuro econômico do Brasil

O cientista político e professor do Ibmec BH, Adriano Cerqueira, avalia que, diante dessa divisão em que o País se encontra, o início do governo será muito difícil para o presidente eleito, principalmente nos estados em que o petista não garantiu a maioria dos votos. “Essa foi a eleição mais disputada que já aconteceu e Lula agora está muito dependente do eleitorado nordestino. Em termos de popularidade, o cenário será muito parecido com o da Dilma, que iniciou o governo enfrentando oposição. Um exemplo disso é que o Congresso Nacional está com deputados e senadores que são a maioria da oposição”, afirma.

Segundo o especialista, um dos fatores que irá dificultar este terceiro mandato de Lula é que, durante os anos de Bolsonaro, o Congresso Nacional avançou muito sobre o poder do Executivo, o que virou uma liderança nacional conservadora. 

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“Vai depender muito da capacidade de negociação do Lula para melhorar essa relação e eu não vejo muito espaço dos apoiadores da oposição quanto a isso. Lembrando ainda que estados importantes financeiramente estão sob o comando da oposição, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Será difícil para o novo presidente chegar a um acordo com essas economias políticas, que têm hoje um perfil mais conservador e liberal, sem entrar em rota de colisão com seus apoiadores”, pontua o especialista. “Com relação aos investimentos estrangeiros, acredito que o primeiro movimento só será feito após uma definição da política de Lula com relação aos ministérios”, argumenta Cerqueira.

Investimentos

Os analistas da Terra Investimentos, Régis Chinchila e Luis Novaes, afirmaram que no mercado de investimentos, o índice brasileiro teve um dia de grande volatilidade, se dividindo entre momentos positivo e negativo, e demonstrando que o mercado vê incertezas à frente diante da indefinição da equipe econômica do governo petista.

“Na ponta positiva do índice, ficaram as empresas que tendem a se beneficiar das políticas que o Lula demonstrou querer implementar em seu novo mandato, como medidas de fomento ao consumo das classes médias e baixas, impulsionando as ações de consumo, além do retorno de programas de incentivos à educação e habitação, o que favorece a valorização das empresas dos respectivos setores. Em contrapartida, as estatais, com destaque para Banco do Brasil e Petrobras, lideraram as perdas com a perspectiva de que o atual modelo de gestão das empresas controladas pelo Estado focado em eficiência operacional e retorno financeiro dará lugar ao modelo que enxerga essas empresas como vetores de crescimento do país, sendo responsáveis por investimentos na economia”, avaliaram. 

Segundo os especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, os investidores aguardam as primeiras sinalizações sobre as políticas de Lula e, principalmente, a sua equipe econômica.

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