Política

Indiciamento de Bolsonaro será pedido

Indiciamento de Bolsonaro será pedido
Renan Calheiros deverá pedir o indiciamento de 41 pessoas | Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou, na sexta-feira (15), que há evidente caracterização de genocídio pelo governo contra a população indígena mesmo antes da pandemia e que pedirá o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro também por outros dez crimes no parecer a ser apresentado na próxima semana.

Em entrevista à rádio CBN, Renan citou que há elementos, entre todas as provas e informações colhidas ao longo do funcionamento da CPI, para indiciar Bolsonaro pelos crime de prevaricação, epidemia com resultado morte, emprego irregular de verba pública, infração de medidas sanitárias e incitação ao crime, além de falsificação de documento particular, crimes contra a humanidade e de responsabilidade, entre outros.

“Há uma evidente caracterização a partir de provas colhidas pela Comissão Parlamentar de Inquérito, a partir da existência de vários atos normativos que caracterizam o crime de genocídio com relação à população indígena, crime este que vinha desde antes da pandemia por vários atos do governo, por práticas do governo. Então não há dúvida para ninguém da caracterização do genocídio com relação às populações indígenas no Brasil”, disse o senador à CBN.

“Além do mais, ele será indiciado em outros crimes comuns, crime de epidemia com resultado morte, crime de infração de medidas sanitárias, emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documento particular, crime de charlatanismo, prevaricação, que foi aquele que ocorreu por ocasião da conversa com os irmãos Miranda, crime de genocídio de indígenas, crimes contra a humanidade, crimes de responsabilidade e homicídio omissivo por omissão, que significa, em outras palavras, o presidente ter descumprido seu dever legal de evitar a morte de milhares de brasileiros durante a pandemia”, explicou Renan Calheiros.

O relator lembrou que outros 40 personagens com atuações decisivas durante a pandemia devem ser indiciados e destacou que o parecer também deve abordar as fake news disseminadas nesse período.

“Todos esses crimes serão utilizados no indiciamento. Eles terão uma descrição a partir dos fatos caracterizados pelas condutas e igualmente mais de 40 outros personagens que tiveram óbvias participações no enfrentamento da pandemia, das fake news, também do gabinete do ódio, também que funcionou durante o enfrentamento da pandemia, eles serão igualmente indiciados”, afirmou.

A apresentação formal do parecer deve ocorrer apenas na terça-feira, quando está prevista a leitura do relatório em reunião da comissão. Esse parecer ainda precisará passar por uma votação na CPI, em reunião convocada para a próxima quarta-feira.

Na quinta-feira, integrantes da comissão levarão o parecer já aprovado ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras. “Vamos mandar somente à PGR aqueles crimes cujos autores tenham compatibilidade de foro especial da PGR, e mandaremos para as instâncias inferiores do MPF aqueles que não têm esse foro especial”, disse Renan.

Há possibilidade “concreta”, segundo o relator, de indiciamento de filhos do presidente Jair Bolsonaro na frente de investigação da CPI que apura a divulgação de fake news durante a pandemia.

“Pode sim, essas hipóteses estão sendo estudadas, analisadas. Evidente que nós só faremos isso e a comissão evidentemente só aprovará a inclusão na medida em que você tenha caracterização óbvia de conduta e tenha tipos penais disponíveis”, disse Renan à CBN. “Estamos concluindo isso, a tendência é que nós tenhamos… Essa possibilidade de indiciamento deles é concreta, há uma tendência muito forte de que isso venha a acontecer”, avaliou.

Pazuello – Calheiros também adiantou que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, assim como o ex-secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, devem ser indiciados por vários tipos de crimes. O relator vem sendo assessorado por um grupo de juristas e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que o auxiliam na construção do parecer.

Para além de indiciamentos, o relator sugere a concessão de uma pensão aos órfãos da pandemia que tenham até 21 anos de idade, de até um salário mínimo e considerada a renda familiar. “Nós vamos responsabilizar o Estado Brasileiro, criando uma pensão especial”, disse Calheiros.

“Serão recursos orçamentários, terão que ser criados no Orçamento da União”, afirmou, acrescentando que o impacto ainda passa por cálculos para que a proposta seja exequível do ponto de vista fiscal.

Outra proposta será a de inclusão da Covid na relação de doenças que permitem após perícia médica, a aposentadoria por invalidez para aqueles que ficaram com sequelas irreversíveis da doença.

Membro do CNS dará depoimento

Brasília– A CPI da Covid no Senado quer dedicar seu último dia de depoimentos, nesta segunda-feira (18), para ouvir Nelson Mussolini, representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS) na Conitec, órgão do Ministério da Saúde responsável por assessorar a pasta no processo de incorporação e exclusão de medicamentos no âmbito do SUS.

Senadores querem avaliar se ocorre ou ocorreu algum tipo de ingerência na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). A comissão iria se reunir no dia 7 de outubro para avaliar um relatório com diretrizes para o tratamento ambulatorial de pacientes com Covid-19, que descarta o uso de medicamentos já comprovadamente ineficazes contra a doença. Mas a análise foi adiada.

“Quando da votação, o senhor Nelson Mussolini se manifestou contrariamente ao adiamento”, argumenta o requerimento de convocação do representante do CNS. Segundo o vice-presidente da CPI e autor do requerimento, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Mussolini foi convocado justamente para esclarecer se há interferência no órgão.

“Queremos saber até onde vai ou até onde foi a intervenção política nas decisões dessa instituição técnica, dessa instância técnica, relativo aos protocolos de enfrentamento da pandemia”, disse o senador.

Dessa forma, não deve mais ser ouvido na segunda-feira o pneumologista Carlos Carvalho, médico responsável pela elaboração de protocolo de tratamento com remédios eficazes contra a Covid-19 a ser levado à Conitec. O médico negou que a reunião tenha sido adiada por ingerência.

Randolfe também disse que na segunda-feira  à tarde deve ocorrer um ato com representantes das mais de 600 mil vítimas da doença e, ainda à tarde o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), deve fazer uma exposição de seu parecer aos integrantes do colegiado.

A previsão é que esse relatório seja formalmente lido na CPI na terça-feira pela manhã e votado na quarta-feira. Já na quinta-feira, será levado ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras. (Reuters)

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