Política

Lula ainda busca fechar acordo entre Mercosul e a União Europeia

“Só posso dizer que não vai ter assinatura quando terminar a reunião do Mercosul e eu tiver o não", afirmou o presidente
Lula ainda busca fechar acordo entre Mercosul e a União Europeia
Crédito: Ricardo Stuckert/PR

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ontem, que continuará tentando fechar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul e só poderá dizer que não foi possível ao final da cúpula sul-americana nesta semana, no Rio de Janeiro.

“Só posso dizer que não vai ter assinatura quando terminar a reunião do Mercosul e eu tiver o não. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo eu vou lutar para fazer”, disse Lula em conversa com a imprensa em Berlim, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.

“Depois de 23 anos, não concluir o acordo eu penso que é porque estamos sendo irrazoáveis na necessidade que temos de avançar nos acordos comerciais políticos e econômicos”, acrescentou.

A expectativa do governo brasileiro e da presidência da União Europeia era de que fosse possível finalmente fechar o acordo para anunciá-lo na Cúpula do Mercosul, na quinta-feira desta semana. No entanto, os últimos dias mostraram percalços maiores do que estavam sendo antecipados pelos negociadores.

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No fim de semana, o presidente da França, Emanuel Macron, foi incisivo ao dizer que não concorda com o acordo e que ele está ultrapassado, na declaração mais forte contrária às negociações que deu até hoje.

Mas, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, o maior impedimento que surgiu foi de fato a intenção do atual governo argentino de não assinar o acordo já que um novo presidente, Javier Milei, assume o cargo apenas três dias depois da cúpula do Mercosul.

“Além da posição da França nós temos a posição da Argentina, que teve eleições. O novo presidente toma pose dia 10, o (Alberto) Fernándes que vai participar da nossa reunião dia 7”, admitiu Lula.

A futura chanceler argentina, Diana Mondina, disse à Reuters que o novo governo irá continuar negociando o acordo, mesmo que não seja fechado esta semana, e que “um dia, de alguma forma”, as negociações serão concluídas, em uma demonstração de interesse do governo Milei nas tratativas.

Os negociadores brasileiros afirmam que as discussões estavam bastante avançadas. Uma nova comissão europeia viria ao Brasil esta semana para tentar fechar os últimos detalhes antes da cúpula, mas desistiu depois da mudança de posição argentina, de acordo com uma fonte envolvida nas tratativas.

Lula disse ainda, na Alemanha, que entende a posição do presidente francês, e ressaltou que não é Macron apenas que é contrário ao acordo com o Mercosul, mas todos os seus antecessores também o foram.

“Respeitamos a posição deles, mas não posso dizer que não vamos assinar”, disse Lula. “Eu não vou desistir enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir o não de todos”, disse.
Lula disse ainda que, na conversa com Scholz, afirmou que a UE precisa definir se quer um acordo equilibrado com o Mercosul. (Reuters)

Declaração conjunta com a Alemanha é assinada

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, assinaram, ontem, uma declaração conjunta de intenções durante a 2ª Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível, em Berlim, na Alemanha

O documento engloba instrumentos de cooperação em áreas como meio ambiente e mudança do clima, agricultura, bioeconomia, energia, saúde, ciência, tecnologia e inovação, desenvolvimento global, integridade da informação e combate à desinformação. Os acordos que já vêm sendo discutidos há meses.

Em declaração à imprensa após o encontro, Lula destacou a amplitude dos atos. “Adotamos a parceria para uma transformação ecológica e socialmente justa. Vamos reforçar a robusta cooperação na área ambiental que inclui o Fundo Amazônia e muitos outros projetos. Queremos atuar juntos na promoção da industrialização verde, agricultura de baixo carbono e da bioeconomia”, detalhou Lula.

O chanceler Olaf Scholz endossou a disposição dos dois países em lutar em prol da sustentabilidade e da descarbonização das indústrias. Segundo Scholz, o país europeu vai lançar projetos para contribuir com a meta brasileira de alcançar o desmatamento zero até 2030. “Queremos criar indústrias neutras e promover pesquisa em matéria climática. Essa transição só será bem sucedida se for socialmente justa”, disse, explicando a intenção de gerar empregos no Brasil através da transformação de matérias-primas.

“Os nossos ministros assinaram mais de uma dúzia de declarações de intenção para dotar essa parceria de conteúdo. Isso passa por uma cooperação aprofundada nos setores de energias renováveis e hidrogênio. Nós associamos o potencial do Brasil ao interesse da Alemanha ao hidrogênio verde”, acrescentou Olaf Scholz.

Outro ato assinado foi a declaração sobre integridade da informação e combate a desinformação. O chanceler alemão disse que os atos de 8 de janeiro, quando vândalos invadiram as sedes do Três Poderes, em Brasília, foram um “evento triste”, com “imagens horríveis”. “Não só as janelas do palácio foram quebradas. Se quebrou algo em matéria de democracia. Ficou claro que nossas democracias têm que ser resilientes, por isso vamos combater a desinformação, as campanhas de ódio nas redes sociais”, disse. (Agência Brasil)

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