Lula diz que não quer tomar fábrica ou lucro de ninguém

Brasília – Em seu segundo dia de viagem a Minas Gerais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou recados a empresários contrários a sua pré-candidatura à Presidência e retomou uma retórica que fazia na década de 1980 ao dizer que não quer “tomar a fábrica ou o lucro de ninguém”.
Em um evento organizado em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o ex-presidente falou a uma plateia entusiasmada no último andar de um shopping popular. Ao seu lado, estava o empresário Mário Valadares, dono do shopping e um defensor do candidato petista.
“Mário, você converse com seus amigos empresários: ‘o Lula não quer tomar nossa fábrica, o Lula não quer tomar nosso lucro, o Lula quer emprego para os trabalhadores, o Lula quer salário justo’”, disse.
“Se o cara tiver casa, emprego, estudando, a gente vai diminuir a bandidagem, assalto, a violência.”
O ex-presidente voltou a defender os indicadores da época de seu governo e lembrou que nos seus anos à frente da Presidência “os empresários ganharam muito dinheiro” devido à criação de empregos.
“A lógica do empresário é que ele faz um investimento e almeja retorno. Ele precisa de uma coisa chamada consumidor, precisa que a sociedade tenha recurso para comprar o que ele vende”, afirmou.
“A roda da economia vai funcionar e todo mundo começa a participar do processo de desenvolvimento. E não foi nenhum marxista que disse isso não”, completou, lembrando que o industrial norte-americano Henry Ford dizia que precisava pagar a seus funcionários o suficiente para que eles pudessem comprar seus produtos.
Alianças
Lula tem mais um dia em Minas Gerais. Nesta quarta-feira, vai a Juiz de Fora, cidade onde o PT comanda a prefeitura. Nos seus palanques, uma ausência foi notada, a do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato ao governo do Estado.
Kalil vem conversando com Lula para uma possível aliança em Minas desde o ano passado. O ex-prefeito, que aparece em segundo lugar nas pesquisas, pretendia ter o apoio do petista para bater o atual governador, Romeu Zema (Novo). No entanto, a tentativa de aliança empacou na definição da chapa para o Senado.
O PT não abre mão de colocar o nome do deputado Reginaldo Lopes na chapa, que hoje aparece em primeiro lugar nas pesquisas para o Senado. No entanto, o PSD briga para ter o nome de Alexandre Silveira, presidente do partido no Estado e que assumiu o posto de senador no lugar de Antonio Anastasia, indicado para o Tribunal de Contas da União (TCU).
O impasse pode inviabilizar a aliança entre PT e PSD em Minas, já que o PT não concorda em dar os dois principais cargos da coligação ao PSD.
Jair Bolsonaro reduz a distância para petista
Brasília – A cinco meses da eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue à frente na disputa pela Presidência da República, mas viu cair a vantagem que tinha sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), apontou ontem pesquisa do instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte (CNT), que coloca a distância entre ambos em 8,6 pontos percentuais.
Segundo a pesquisa, Lula aparece com 40,6% da preferência do eleitorado, ante 42,2% no levantamento realizado em fevereiro, ao passo que Bolsonaro segue na segunda posição com 32%, contra 28% na pesquisa anterior. Na sondagem passada, portanto, a vantagem do petista sobre o presidente era de 14,2 pontos percentuais na simulação de primeiro turno.
Ciro Gomes (PDT) vem na sequência com 7,1%, seguido do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) com 3,1%, do deputado federal André Janones (Avante-MG) com 2,5%, da senadora Simone Tebet (MDB-MS) com 2,3% e de Felipe D’ávila (Novo), que soma 0,3%.
Na pesquisa de fevereiro ainda aparecia o nome do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) como postulante ao Planalto.
No cenário de segundo turno mais provável apontado pela pesquisa, entre Lula e Bolsonaro, o petista venceria por 50,8% a 36,8% –14 pontos percentuais de diferença.
Na pesquisa anterior, Lula tinha vantagem de 53,2% a 35,3% na simulação de segundo turno, isto é, 17,9 pontos percentuais de frente do petista.
A pesquisa também indagou sobre a avaliação do governo Bolsonaro. De acordo com o levantamento, a avaliação positiva da gestão soma 30,4% – ante 25,9% -, ao passo que a negativa é de 43,6% – contra 42,7% – e 25,2% avaliam o governo como regular – eram 30,4% em fevereiro.
Houve também uma melhora na aprovação pessoal de Bolsonaro na nova sondagem. A aprovação do presidente é agora de 37,9%, ante 33,9% em fevereiro. Aqueles que o desaprovam ainda são maioria, somando agora 58,8%, mas em fevereiro este índice era de 61,4%.
Urnas e mudança de voto -O MDA também indagou se os eleitores poderiam mudar de voto no primeiro turno para assegurar ou impedir a realização de uma segunda rodada de votação e, de acordo com os dados da pesquisa, 70,5% dos entrevistados rejeitaram essa possibilidade, ao passo que 22,7% a admitiram.
Daqueles que aceitam a possibilidade de mudar o voto, 28,4% afirmaram que poderiam fazê-lo para facilitar que alguém que não seja Bolsonaro ou Lula possa ir para o segundo turno.
Outros 25,7% dizem que podem mudar seu voto para dificultar uma vitória em primeiro turno de Bolsonaro, ao passo que 21,5% aceitam fazê-lo para facilitar uma vitória em primeiro turno de Lula, 13,4% para facilitar uma reeleição já no primeiro turno do atual presidente, e 7,5% para dificultar uma vitória em primeiro turno do petista.
Em um momento em que Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre o sistema de votação eletrônico sem apresentar quaisquer evidências, a pesquisa também apontou que 68% dos entrevistados confiam nas urnas eletrônicas, ao passo que 28,6% não confiam.
O MDA entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 4 e 7 de maio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. (Reuters)
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