Política

Lula larga com 51% de intenções de voto

Lula larga com 51% de intenções de voto
Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa no segundo turno da eleição presidencial, de acordo o Ipec.

Pesquisa divulgada pelo instituto ontem mostra o petista com 51% das intenções de votos totais, ante 43% do atual mandatário. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O índice de confiança é de 95%. Votos em branco ou nulo somam 4%. Não souberam ou não responderam 2% dos entrevistados. O instituto ouviu 2.000 pessoas da segunda-feira (3) até ontem.

No cálculo dos votos válidos, que excluem os em branco ou nulos e são usados pela Justiça Eleitoral para totalizar o resultado das eleições, o petista vence por 55% a 45%.

No primeiro turno, no último domingo (2), Lula obteve 48,4% dos votos válidos, ante 43,2% de Bolsonaro. A terceira colocada, Simone Tebet (MDB), ficou com 4,2%.

Os dias seguintes à primeira votação foram marcados por declarações de apoio de lideranças políticas pelo País aos dois presidenciáveis. Lula recebeu a adesão do PDT de Ciro Gomes e de Simone Tebet, além de tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra (SP).

Bolsonaro obteve o apoio do governador reeleito de Minas, Romeu Zema (Novo), do ex-juiz Sergio Moro, eleito senador pela União Brasil do Paraná, e do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que foi derrotado no primeiro turno.

O PSDB e o MDB formalmente liberaram os filiados quanto ao apoio no segundo turno. Tucanos como João Doria e a senadora Mara Gabrilli (SP) já disseram que não vão se posicionar. A pesquisa do Ipec foi registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo BR-02736/2022.

Institutos

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que institutos de pesquisa não são sérios e têm a intenção de interferir na democracia, após números dos levantamentos serem divergentes do resultado final das urnas. “Esses institutos estão trabalhando, na verdade, para quem os contrata, não é para fazer pesquisa séria. A intenção é interferir na democracia. Falam tanto de atos antidemocráticos. Isso é um ato antidemocrático”, disse Bolsonaro a jornalistas, no Palácio da Alvorada.

“Esses números abusivos desses institutos de pesquisa quase decidiram eleição presidencial no primeiro turno, o que seria um desastre no Brasil”, afirmou. Bolsonaro disse esperar que institutos não “dobrem a aposta” no segundo turno.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou para a segunda etapa da eleição com 48,4% de votos, contra 43,2% de Bolsonaro.

A campanha do chefe do Executivo acionou a PGE Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que investiguem os institutos. Os advogados do presidente querem uma investigação dos órgãos para, segundo eles, apurar se houve irregularidade ou crime na divulgação de resultados divergentes.

Além disso, o Ministério da Justiça mandou para a Polícia Federal (PF) pedido para que apurem a discrepância dos resultados. O ministro Anderson Torres também estava com Bolsonaro na manhã de ontem, durante entrevista coletiva para registrar o apoio do governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) no segundo turno.

Aos jornalistas o ministro negou tratar-se de “intimidação”. “Existe um crime previsto para isso que é a divulgação de pesquisas falsas. A própria fake news. Tem maior que essa na véspera de uma eleição? Tem que fazer com muito cuidado, o inquérito é muito sério e a realidade vai vir à tona”.

O governador do Distrito Federal foi ainda mais duro em suas críticas. “Os institutos de pesquisa do Brasil têm agido contra a democracia e merecem, sim, ser investigados e punidos”, afirmou.

A ofensiva de aliados do presidente contra os institutos começou ainda durante o primeiro turno, quando propagavam a tese apelidada de “Datapovo”: contrapor aos levantamos que mostravam liderança de Lula a imagens de atos bolsonaristas para tentar deslegitimar os institutos.

CPI

Com o resultado do TSE apurado, aliados trocaram o discurso de ataque às urnas eletrônicas por críticas aos institutos, chegando até mobilizar senadores próximos ao Planalto por uma comissão parlamentar de inquérito (CPI).

O presidente da Câmara, Arthur Lira, descartou essa possibilidade, mas disse que algo precisa ser feito a respeito dos institutos. “Há muita especulação. Tenho recebido muitos pedidos de CPI, mas não acho que seja o caso. Precisamos penalizar os institutos que erram, sim. Alguma coisa precisa ser feita. E estou falando de qualquer instituto, não de um específico”, disse o parlamentar.

Integrantes do núcleo do comitê eleitoral de Bolsonaro passaram a pregar boicote às sondagens. Eles também têm defendido meios, inclusive pelo Legislativo, de questionar ou punir institutos cujos resultados divirjam muito do apurado pelas urnas.

O objetivo de aliados é usar o fato de que os principais levantamentos do País indicaram Bolsonaro com desempenho inferior ao registrado nas eleições para argumentar que o mandatário tem sido subestimado de forma proposital.

Após ser alvo de críticas de Bolsonaro e aliados, o Datafolha afirmou que as pesquisas eleitorais servem para mostrar tendências e não o resultado final de uma eleição.

“Pesquisa não é prognóstico. Cada pesquisa é a fotografia de um determinado momento. O resultado final é só na urna”, afirmou a diretora do Datafolha, Luciana Chong, que refutou a tese de ter acontecido algum tipo de erro metodológico.

Segundo a diretora do Datafolha, é bastante provável que tenha emergido nas horas finais um voto útil pró-Bolsonaro oriundo dos eleitores que antes declaravam preferência por Simone Tebet e, principalmente, por Ciro Gomes. O temor de que Lula fosse eleito no 1º turno pode, segundo ela, ter contribuído para esse comportamento. (Felipe Bächtold e Marianna Holanda)

Petista minimiza os apoios recebidos pelo seu adversário

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou ontem os apoios que o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu para a disputa no segundo turno, afirmando que é “o mesmo do mesmo”.

“A somatória do meu adversário é o mesmo do mesmo. Ele já está tendo apoio de quem já apoiou ele no primeiro turno. Todo mundo sabia que o governador do Rio (Cláudio Castro) era bolsonarista, que o Tarcísio (de Freitas) era bolsonarista, que o Rodrigo (Garcia) era bolsonarista. E nós vamos juntar os diferentes para vencer os antagônicos”, disse Lula ao lado do presidente do PDT, Carlos Lupi, na tarde de ontem.

O ex-presidente disse acreditar “piamente” na vitória nas eleições e afirmou que irá aumentar a diferença de votos registrada no primeiro turno entre ele e Bolsonaro “em muito”.

Na última terça, Bolsonaro recebeu apoio do governador Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB).

O petista se encontrou com o presidente do PDT, Carlos Lupi, e o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT), derrotado na disputa pelo governo do Rio de Janeiro, na tarde de ontem. Lula afirmou que “o PDT e o Ciro (Gomes) valem muito mais do que os votos que tiveram”. “A história do Ciro não é uma história de 3,5% de votos. O Ciro vale muito mais do que isso, é muito mais importante do que isso, significa mais do que isso”, ressaltou.

“O Ciro é uma pessoa às vezes muito diferente do que ele é no palco de luta. Nós quando estamos disputamos eleição nós viramos artistas e faz coisas que não faz na vida normal”, continuou Lula.

No dia anterior, o PDT formalizou o apoio a Lula no segundo turno contra Bolsonaro. Quarto colocado nas eleições de 2022, Ciro Gomes acompanhou a decisão do PDT.

Lupi ontem disse que Bolsonaro representa “tudo o que a gente lutou durante a vida toda contra”. “Nós somos o partido dos torturados, dos cassados, dos exilados. Jamais estaremos ao lado dos torturadores”, afirmou. Lupi destacou também que estar ao lado de Lula neste momento “não é um favor, é uma obrigação” e que é estar ao lado “da democracia e da esperança”.

O presidente do PDT criticou também a condução do governo Bolsonaro na pandemia da Covid-19 e disse que não se pode aceitar “a omissão e a ignorância como regra numa sociedade civilizada e democrática como é a sociedade brasileira”. (Victoria Azevedo/Folhapress)

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