Política

Lula lidera entre os mais vulneráveis, aponta Datafolha

Lula lidera entre os mais vulneráveis, aponta Datafolha
Lula tem 56% da intenção de votos entre os mais vulneráveis e Bolsonaro lidera entre os mais ricos | Crédito: REUTERS/Carla Carniel

Rio – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve no último mês seu eleitorado vulnerável, aquele com baixa renda e instabilidade financeira. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) retomou os chamados seguros, com maior renda e estabilidade.

O petista viu sua vantagem no grupo mais pobre cair em julho, mas na pesquisa Datafolha realizada entre 16 e 18 de agosto sustentou a distância para o rival. Variou positivamente de 54% para 56%, enquanto o atual mandatário oscilou no sentido contrário, de 24% para 23%.

Bolsonaro, que havia perdido a dianteira entre o segmento mais rico na rodada anterior do levantamento, por sua vez, recuperou a primeira posição nesse público. Saltou de 33% para 43%, ultrapassando o adversário, que variou de 40% para 36%.

A análise do instituto tem o objetivo de traçar um perfil mais completo do eleitor, agregando não só o quanto ele ganha mensalmente, mas também o seu tipo de ocupação -as duas variáveis têm uma grande influência no voto.

O grupo de vulneráveis, por exemplo, que representa 35% do eleitorado, ganha até dois salários mínimos por família, é majoritariamente feminino, tem idade média de 40 anos e índices acima da média de não escolarizados e não brancos.

Metade deles recebe ou mora com alguém que recebe o Auxílio Brasil, o que indica que o aumento do benefício pago pelo governo de R$ 400 para R$ 600 ainda não gerou impacto significativo nas intenções de voto do presidente entre esse público.

Já os seguros são 20% do eleitorado, recebem de dois a cinco salários mensais, são majoritariamente homens, têm idade média de 45 anos e índices acima da média de ensino superior e brancos. A margem de erro, que em geral é de dois pontos percentuais, sobe para três entre eles.

Nessa análise são considerados também outros três grupos.

Os chamados resilientes, que assim como os vulneráveis ganham até dois salários mínimos mensais, mas são financeiramente estáveis, preferem Lula com folga (53% contra 24%) e não tiveram uma oscilação significativa. Eles somam 18% dos eleitores, com margem de erro de três pontos.

Os amparados, com renda instável porém mais alta (acima de dois salários), continuam se dividindo entre os dois candidatos. Se em julho ambos possuíam 38% dos votos, agora Lula tem 40% e Bolsonaro, 41%. Correspondem a 18% do total, com margem também de três pontos.

Já os superseguros, estáveis e ainda mais ricos (acima de cinco salários mínimos), representam 9% do eleitorado e tiveram uma oscilação positiva de Bolsonaro. O presidente passou de 42% para 47% – dentro da margem de quatro pontos – enquanto Lula permaneceu nos 34%.

A terceira via, representada principalmente por Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), varia dentro das margens em cada grupo. Ciro vai numericamente melhor entre os resilientes, amparados e seguros (8%) e Tebet, entre os superseguros (5%).

Nessa última rodada foram entrevistadas 5.744 pessoas com 16 anos ou mais em 281 cidades. O levantamento foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo e registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 09404/2022.

Para chegar aos cinco segmentos, o Datafolha separou os eleitores em três estratos.

Os economicamente ativos estáveis (assalariados registrados, funcionários públicos, profissionais liberais, aposentados), os ativos instáveis (assalariados sem registro, autônomos, freelancers, desempregados procurando emprego) e os não ativos (estudantes, donas de casa e desempregados que não buscam emprego).

A opinião dos grupos considerados na análise também varia sobre outros pontos. O avanço de Bolsonaro entre os seguros e os superseguros, por exemplo, pode ser explicado por uma melhora na avaliação de seu governo entre eles, ao mesmo tempo em que houve piora nos outros públicos.

Enquanto 41% do grupo mais rico e estável diz que sua situação econômica pessoal melhorou nos últimos meses, 50% dos vulneráveis veem uma piora na sua realidade financeira. (Júlia Barbon)

Pacheco: pleito de 2022 será limpo e regular

Brasília – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse ontem que as eleições brasileiras são limpas e que o resultado será respeitado após ser questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) em entrevista na véspera, quando disse que reconhecerá os resultados das eleições “desde que sejam limpas e transparentes”.

“Em relação a essa premissa específica, de que o resultado será respeitado desde que as eleições sejam limpas, eu pressuponho, com muita naturalidade, as eleições serão limpas e evidentemente serão limpas, normais e regulares e cabe unicamente ao Tribunal Superior Eleitoral informar a lisura do processo eleitoral”, disse.

“Não tenho dúvida, o processo eleitoral ocorrerá dentro da normalidade, será portanto uma eleição limpa e obviamente o resultado será respeitado, conforme afirmou o próprio presidente da República que é candidato”, reforçou Pacheco, em entrevista coletiva nesta manhã.

Para Pacheco, a fala de Bolsonaro está “dentro de um subjetivismo” do que se considera limpa ou não, destacando que não há motivo para qualquer tipo de desconfiança com o sistema eletrônico e que desde 1996 o processo de votação ocorre com resultado fiel à vontade popular e que não será diferente em 2022.

O presidente do Senado, que na véspera reuniu-se com o recém-empossado presidente do TSE, Alexandre de Moraes, afirmou que no dia 1º de janeiro o Congresso vai se reunir para dar posse ao novo presidente da República, “seja quem for”.

Bolsonaro tem aparecido atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto e de forma recorrente tem levantado dúvidas, sem evidências, sobre a segurança do sistema de votação por meio de urnas eletrônicas.

Pacheco já se reuniu tanto com Bolsonaro quanto com Lula antes do pleito de outubro.

Desde o início do ano, o presidente do Senado se aliou à cúpula do Judiciário para rebater críticas de Bolsonaro sobre as eleições e ameaças mais extremas dele e de partidários.

Pauta do Senado – Sobre as votações do Plenário na próxima semana, Pacheco esclareceu que ocorrerão sessões nos dias 29 e 30, cujas pautas estão sendo decididas.

“Nós temos medidas provisórias com prazo de vencimento que precisarão ser apreciadas pelo Senado. Nós vamos buscar apreciar todas”, explicou o senador.

Em relação aos projetos que serão votados, Pacheco disse que há inúmeros pedidos de inclusão na pauta. No entanto, devido às eleições, os senadores vão priorizar os mais urgentes e que têm consenso entre os parlamentares.

“Certamente esse do rol taxativo, já aprovado na Câmara, estará na pauta, porque já foi feito um compromisso nosso com as lideranças partidárias para que ele seja apreciado”, afirmou o presidente acerca do Projeto de Lei (PL) 2.033/2022, que obriga planos de saúde a cobrirem tratamentos não previstos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Pacheco também explicou que o Marco Legal das Garantias de Empréstimos (PL 4.188/2021) dificilmente será pautado na semana que vem.

“Nós estamos avaliando se ele deve ser submetido primeiro a uma comissão da Casa, então não há uma definição de pauta. É provável que ele não seja pautado no dia 29”, afirmou. (Agência Senado/Reuters)

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