Política

Lula mantém 54% das intenções para votos válidos

Rejeição de Bolsonaro recua de 48% para 46%, diz Ipec
Lula mantém 54% das intenções para votos válidos
Crédito: REUTERS/Carla Carniel

Rio de Janeiro – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua à frente na disputa presidencial de segundo turno, com 50% das intenções de voto contra 43% do presidente Jair Bolsonaro (PL), aponta pesquisa Ipec divulgada ontem.

No levantamento anterior, realizado há uma semana, o petista tinha 51%, e o atual mandatário, 42% – a diferença entre eles, portanto, oscilou de nove para sete pontos percentuais. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

Os que pretendem votar em branco ou anular no próximo dia 30 se mantiveram em 5%, e os que ainda não decidiram seu voto, em 2%.

No cálculo dos votos válidos – que excluem os brancos e nulos e são usados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para totalizar o resultado das eleições -, o ex-presidente tem 54% e seu adversário, 46%. Na última rodada, eles tinham 55% e 45%, respectivamente.

A sondagem ouviu 3.008 brasileiros pessoalmente em 184 municípios do País, de sábado (15) até ontem. Foi finalizada, portanto, após o primeiro debate do segundo turno, realizado no último domingo (16) por Folha de S.Paulo, UOL, Grupo Bandeirantes e TV Cultura. O levantamento foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-02707/2022.

Os entrevistados que dizem estar certos de sua escolha agora são 93% (eram 94% na semana passada), enquanto os que ainda podem trocar de candidato somam 7% (eram 6%), tanto para os eleitores de Lula e quanto para os de Bolsonaro.

O presidente continua com a maior taxa de rejeição, apesar de ela ter oscilado negativamente: 46% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, contra 48% na semana passada. Já a recusa a Lula variou de 42% para 41% agora.

A pesquisa indica ainda um aumento dos que avaliam o atual governo como regular, de 19% para 23%. Os que o consideram bom ou ótimo passaram de 38% para 37%, enquanto os que o veem como ruim ou péssimo oscilaram de 41% para 39%.

As pesquisas eleitorais são um retrato da intenção dos eleitores no momento em que as entrevistas são feitas, e não uma projeção do resultado eleitoral, que só será conhecido no dia do pleito, com a apuração oficial. Até o instante de apertar o botão na urna, diversos fatores podem fazer com que as pessoas mudem de posição. Para fazer uma análise mais ampla do cenário eleitoral, o eleitor deve levar em conta o conjunto de questões que os levantamentos abordam, e não um único indicador.

O presidente Jair Bolsonaro, aliados e apoiadores têm criticado os institutos de pesquisa pelas diferenças entre os dados dos levantamentos feitos em dias anteriores à votação do primeiro turno e o resultado da eleição divulgado pelo TSE.

No primeiro turno, no dia 2 de outubro, Lula obteve 48,4% dos votos válidos, ante 43,2% de Bolsonaro. A terceira colocada, Simone Tebet (MDB), ficou com 4,2% e Ciro Gomes (PDT), com 3%.

Abstiveram-se 33 milhões de eleitores, o equivalente a 21% do eleitorado do País. Os votos em branco ou nulos para presidente no primeiro turno somaram 5,5 milhões, o correspondente a 4,4% dos que compareceram às seções.

Lula foi o mais votado em todo o Nordeste, em Minas Gerais e em quatro estados do Norte. Já Bolsonaro ficou à frente no Sul e no Centro-Oeste, em três estados do Sudeste e em outros três do Norte.

CNT/MDA

Pesquisa realizada presencialmente pelo Instituto MDA, contratada pela (Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada ontem, aponta o ex-presidente Lula com 53,5% das intenções para votos válidos, enquanto Bolsonaro aparece com 46,5%. Esta é a primeira pesquisa CNT/MDA após o primeiro turno das eleições para a Presidência da República. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou menos.

Na CNT/MDA de 30 de setembro, dois dias antes do primeiro turno, Lula registrou 55% das intenções para votos válidos, e Bolsonaro, 45%. O instituto apresenta um gráfico comparando os dois levantamentos: o petista oscilou 1,5 ponto para baixo, e o candidato do PL, 1,5 ponto para cima.

Nos votos totais, quando se consideram os que optam pelo voto branco ou nulo e os indecisos, Lula tem 48,1% das intenções de voto, e Bolsonaro, 41,8%. Outros 6% disseram aos pesquisadores que não pretendem votar ou que escolherão branco ou nulo, e 4,1% não souberam responder.

A pesquisa foi realizada de sexta-feira (14) a domingo (16) de forma presencial com 2002 pessoas, a um custo de R$ 168 mil. O nível de confiança é de 95%, e o registro no TSE é BR 05514/2022.

O Instituto MDA também fez apuração de votos espontâneos -quando os entrevistados não são questionados diretamente com a menção ao nome dos concorrentes.

Lula também aparece à frente neste caso, com 46,4% das intenções, enquanto Bolsonaro obtém apoio de 40,6% dos entrevistados. Outros 6,3% apontam voto branco, nulo ou dizem que não irão votar, e 6,7% se disseram indecisos.

O Instituto MDA, de Lavras, no Sul de Minas, foi fundado em 1988. Em 2012, tornou-se parceiro da CNT e passou a realizar somente a pedido da confederação levantamentos sobre intenções de votos.

Segundo o próprio instituto, uma ou outra entrevista desses levantamentos pode ter sido realizada em pontos de grande fluxo de pessoas para garantir que o perfil do eleitorado esteja corretamente representado na pesquisa. Essa metodologia de entrevistas pessoais em residências segue como a principal do MDA. (Giovanna Galvani)

Lira insiste em punir institutos de pesquisas

Brasília – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), incluiu a discussão sobre a urgência do projeto que pune e criminaliza institutos de pesquisa na pauta da sessão deliberativa de hoje, apesar da resistência manifestada por partidos da base do governo de Jair Bolsonaro (PL) em votar a proposta em momento eleitoral.

Para ser aprovada, a chamada urgência do projeto precisa do apoio de pelo menos 257 deputados. Depois disso, Lira poderia pautar o projeto no plenário com menos resistência, amparado no regimento da Câmara.

A votação da urgência impede o uso de alguns recursos pela oposição, como os requerimentos de retirada de pauta ou de adiamento da discussão na mesma sessão.

Além disso, o presidente da Câmara autorizou a votação remota em outubro, o que libera deputados da obrigação de comparecerem presencialmente a Brasília durante o segundo turno e facilita alcançar o quórum de votações.

Na semana passada, Lira manobrou para facilitar a votação do projeto diretamente no plenário, ao anexar o texto de Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, a uma proposição que já poderia ser analisada pelos deputados.

No entanto, em reunião na terça-feira passada (11) com líderes da base governista, houve resistência à votação por parte de partidos como MDB e Republicanos. Com isso, Lira decidiu adiar a apreciação do texto.

Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, a aprovação da urgência seria uma forma de Lira manter a pressão sobre os institutos de pesquisa, em postura alinhada à do governo Bolsonaro.

Na semana passada, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro, e o ministro da Justiça, Anderson Torres, pediram investigações contra os institutos.

Cordeiro, ligado ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, enviou um ofício à Superintendência-Geral do Cade determinando a abertura de uma investigação contra os institutos, que, segundo ele, podem ter atuado como um cartel para “manipular” as eleições.

No mesmo dia, a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar os institutos, a pedido de Torres.

Em reação, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, decidiu barrar a instauração dos inquéritos sob alegação de ausência de justa causa e “incompetência absoluta” dos órgãos para uma apuração do tipo no período eleitoral.

A aprovação da urgência do projeto pelos deputados não significaria necessariamente que Lira pautaria o projeto na mesma sessão.

Desgaste – Há uma avaliação de que isso poderia provocar desgaste desnecessário à Câmara, em especial após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD–MG), ter declarado que a criminalização de pesquisas eleitorais a partir dos resultados das urnas, como propõe Ricardo Barros, é algo “absolutamente inadequado”.

Segundo Pacheco, caso o projeto de Barros seja aprovado na Câmara e chegue ao Senado, ele terá que passar pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e ser amplamente debatido antes de ir ao plenário, o que não deve acontecer antes do segundo turno das eleições presidenciais.

O Senado tem freado a análise de propostas votadas a toque de caixa pelos deputados, como o Código Eleitoral, que também traz restrição à divulgação das pesquisas eleitorais.

O projeto de pesquisas de Barros, que se insere em uma mobilização bolsonarista após o resultado do 1º turno, faz parte de uma ofensiva para desacreditar os institutos com argumentos que ignoram características de pesquisas eleitorais. Danielle Brant/Folhapress)

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