Lula ordenou propina para campanha do PT, diz Palocci

Brasília – O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou, numa reunião realizada no Palácio do Alvorada no início de 2010, que o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, encomendasse a construção de 40 sondas e que dinheiro ilícito arrecadado com contratos da estatal serviriam para bancar a campanha presidencial da petista Dilma Rousseff, afirmou o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho em delação premiada tornada pública ontem.
Palocci relatou na delação que Lula, naquele encontro, encarregou-o de “genreciar os recursos ilícitos que seriam gerados e o seu devido emprego na campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República”. Essa foi, segundo o delator, a primeira reunião realizada por Lula em que “explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras”. Palocci coordenou a campanha de Dilma em 2010.
“Que isso se dava, segundo Lula relatou e conforme narra o colaborador, para garantir que o projeto seria efetivamente desenvolvido por Gabrielli; que esta foi a primeira reunião realizada por Luiz Inácio Lula da Silva em que explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras”, diz relato de Palocci feito na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no dia 13 de abril deste ano.
O juiz federal Sérgio Moro retirou ontem parte do sigilo da delação premiada de Palocci. No fim de abril, o ex-ministro havia firmado colaboração com a PF, local onde está preso desde setembro de 2016, após uma das fases da Operação Lava Jato.
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Os termos da colaboração vinham sendo oficialmente mantidos em sigilo até então. Moro incluiu parte de informações da colaboração do ex-ministro em ação penal referente ao Instituto Lula.
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Defesa – Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que a conduta de Moro de levantar o sigilo de parte da delação de Palocci “apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula”.
“Moro juntou ao processo, por iniciativa própria (“de ofício”), depoimento prestado pelo sr. Antonio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal. Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público. Além disso, a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos, inclusive por laudos periciais”, disse a nota.
“Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena – dois terços com a possibilidade de “perdão judicial”- e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias”, complementa a defesa do ex-presidente.
A revelação dos termos da delação de Palocci também tornou público os benefícios acertados. Ele deverá pagar R$ 35 milhões e terá, caso cumpra as exigências, direito a reduzir sua pena em dois terços. (Reuters)
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