Política

Maia: falhas na gestão da saúde serão investigadas

Maia: falhas na gestão da saúde serão investigadas
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que o Congresso deve investigar mais à frente as falhas na gestão de saúde durante a pandemia que resultaram, entre outros problemas, na falta de oxigênio em Manaus, mas ponderou que não é o momento de discutir um impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Para ele, que não descarta o debate de um impedimento do presidente no futuro, discutir o impeachment agora colocaria o Legislativo no centro de uma discussão política e tiraria o foco das ações de enfrentamento à crise do coronavírus.

“É inevitável que a gente tenha pelo menos uma grande Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), seja da Câmara ou do Congresso, a partir de um momento mais na frente”, afirmou, após comentar que a falta de insumos de saúde em Manaus e “outras regiões” integrará uma “grande investigação”.

“Toda a desorganização, toda a falta de capacidade de logística, e de entrega de equipamentos, insumos, aos estados e aos municípios. Acho que isso tudo vai ficar claro mais na frente”, disse a jornalistas.

Maia disse estranhar as falhas da gestão da saúde no âmbito federal, já que o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, era tido como um especialista em logística.

“Se ele fosse bom de logística, ele teria organizado e planejado, acompanhando os indicadores de crescimento do problema em Manaus e em outras regiões, de forma a não faltar insumos para o trabalho dos profissionais de saúde.”

O presidente da Câmara lembrou ainda que Bolsonaro ironizava e minimizava a importância da vacina como instrumento de prevenção da disseminação do coronavírus.

“Não tem planejamento no governo federal, o presidente, inclusive, ele mesmo coloca dessa forma, ele coloca uma narrativa que o Supremo (Tribunal Federal) tirou o poder do governo federal e não foi nada disso. O Supremo deixou claro lá atrás que a coordenação do sistema SUS é do governo federal”, disse Maia.

O deputado comentou, sem citar o nome da empresa, que uma farmacêutica procurou o Ministério da Saúde por diversas vezes no ano passado para a venda de imunizantes, sem resposta.

“Não há planejamento e não se acreditava nesse tema, na importância da vacina.”

Bolsonaro vinha, até então, reforçando seu discurso favorável à adoção de tratamento precoce com antimaláricos e outras medicações sem comprovação científica.

Mas diante da aprovação do uso emergencial de dois imunizantes no domingo, o presidente modulou o tom, afirmando inclusive que a CoronaVac – sempre criticada por ele e associada ao governador João Doria (PSDB), seu adversário político– “é do Brasil”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no domingo o uso emergencial da Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac, e da vacina AstraZeneca/Oxford.

Impeachment – Questionado sobre novo pedido de impeachment preparado pela oposição, Maia argumentou que o momento de crise exige que o foco do Congresso fique centrado nas ações de combate à crise do coronavírus e não ao embate político que um eventual processo de impedimento de Bolsonaro poderá causar.

“Neste momento, eu acho que com tantas vidas perdidas pelo Brasil e com o caso dramático de Manaus, eu acho que esse tem que ser o nosso foco”, afirmou.

“Não que o tema do impeachment em algum momento no futuro não deva entrar na pauta, ou uma CPI, como eu falei, para investigar tudo o que aconteceu na área de saúde durante a pandemia”, explicou.“Mas acho que nesse momento, se a gente tira o foco do enfrentamento ao coronavírus, a gente transfere para o Parlamento uma crise política e deixa de focar no principal neste momento, que é tentar salvar vidas”, acrescentou. (Reuters)

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