Política

Ministra defende combate à inflação e a reforma tributária

Simone Tebet tomou posse em cerimônia realizada ontem
Ministra defende combate à inflação e a reforma tributária
Simone Tebet fala em prazo maior para aprovação de medida | Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A emedebista Simone Tebet tomou ontem como nova ministra do Planejamento e Orçamento, em cerimônia no Palácio do Planalto que contou com a presença do ministro Fernando Haddad (Fazenda). Em seu primeiro discurso, reconheceu ter “alguma divergência” com a equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Simone Tebet também pregou responsabilidade fiscal, combate à inflação e aos juros elevados e defendeu a aprovação da reforma tributária. Na sua fala, marcada por tom político, ela ainda criticou o governo Jair Bolsonaro (PL), dizendo que o ex-presidente deixou “para trás sementes de destruição”.
A posse de Tebet foi a única de um ministro à qual Haddad compareceu até o momento. Na véspera, ele chegou a confirmar presença na cerimônia em que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) assumiu oficialmente o posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, mas cancelou de última hora para se preparar para uma reunião com Lula.

Simone Tebet chegou ao evento ao lado de Alckmin. Haddad veio logo atrás, conversando com o ministro da Casa Civil, Rui Costa. No grupo também estavam o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, abraçado com a economista Elena Landau, que participou da campanha à Presidência da senadora. O ex-presidente José Sarney estava entre os convidados, assim como a ministra da Gestão, Esther Dweck.

Em seu discurso, Tebet disse que ficou duplamente surpreendida com o convite de Lula para comandar o Planejamento. “Primeiro, porque fui escolhida para ser ministra com um convite especial do presidente e, segundo, porque fui parar justamente em uma pauta que tenho alguma divergência”, disse.

“Tenho total sinergia, coincidência na pauta social de costumes, estava pronta e preparada para assumir qualquer tarefa nessa área, fui parar na pauta econômica.”

“Quando abri minha boca para agradecer [ao convite] e dizer para o presidente que eu achava que havia algum equívoco, que disse a ele ‘mas presidente, nesta pauta, ministro Haddad, ministro Alckmin, ministra Esther, nós temos divergências econômicas’, ele simplesmente me ignorou como quem diz ‘é isso que eu quero porque sou um presidente democrata’. Um presidente democrata não quer apenas os iguais, quer os diferentes para se somar”, continuou.

Simone Tebet, no entanto, ressaltou que as divergências deveriam ser deixadas para depois. “Comungo, ministro Haddad, com sua visão, de que há necessidade não só de cuidar dos gastos públicos com racionalidade, mas da aprovação urgente da reforma tributária.”

Segundo ela, a mudança no sistema tributário já esperou “tempo demais, 30 anos para ser efetivada”. “Vamos atuar convergentes nesse propósito. Ao lado de Geraldo Alckmin e Esther Dweck, teremos um diálogo produtivo nas reuniões da equipe econômica.”

Simone Tebet também convergiu com Haddad na preocupação com responsabilidade fiscal. “O nosso papel, do Ministério do Planejamento, sem descuidar, em nenhum momento, da responsabilidade fiscal, dos gastos públicos e da qualidade deles, é colocar os brasileiros no orçamento público.”

A ministra defendeu que não há uma política social sustentável sem uma política fiscal responsável. “Seremos responsáveis com os gastos públicos.”

Ao iniciar seu discurso, Tebet agradeceu a Lula pela “confiança absoluta” de lhe entregar o Planejamento, pasta que a ministra qualificou como “uma das pautas mais importantes e relevantes do seu governo, do nosso governo, do governo do PT e da frente ampla democrática do Brasil.”

Simone Tebet pregou metas factíveis, previsibilidade e afirmou que o Brasil precisa evoluir no campo do planejamento.

“São muitos os desafios. Estou pronta, Haddad, Esther, Alckmin, para, juntos, equipe econômica, combater a inflação, os juros altos, o aumento da dívida pública, que precisa cair, a miséria e a fome”, disse. “A inflação encarece também os investimentos, atrapalha a criação de empregos e cria uma ciranda negativa.”

“Nós sabemos que ela [inflação] vem da instabilidade política. Instabilidade política agora é coisa do passado porque hoje a estabilidade da política brasileira está na mão do presidente Lula e dos demais partidos brasileiros”, acrescentou Tebet, aplaudida pelos convidados.

Equipe

A ministra deve anunciar “80% da equipe” na próxima segunda-feira (9). A emedebista disse que sua pasta terá uma Secretaria de Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas. Além disso, convidou um quadro efetivo do TCU (Tribunal de Contas da União) a ocupar uma de suas duas diretorias.
Tebet foi anunciada ministra do Planejamento na terceira e última leva de anúncios da equipe de Lula, no dia 29 de dezembro de 2022. A definição do seu papel no governo federal foi um dos principais desafios para a formação da Esplanada dos Ministérios.

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