Novo rompe tradição e deve fechar aliança

Ao romper uma tradição de só lançar chapas “puro-sangue”, o partido Novo decidiu aderir às alianças para disputas eleitorais e vai fechar coligação na montagem da composição encabeçada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que em outubro buscará um novo mandato no Estado.
É a primeira vez desde sua criação, há 11 anos, que o Novo sai em busca de alianças diante de um processo eleitoral. Zema, eleito em 2018, foi o único candidato do partido até agora a vencer uma disputa para comandar um estado no País.
Ainda que seja a primeira vez que formará aliança, o Novo pretende ir a fundo nas negociações e admite dar a outros partidos tanto a vaga de vice como a de senador na chapa.
O ex-secretário-geral do governo, Mateus Simões, que será o coordenador político da campanha de Zema, diz que as negociações estão em andamento. “Quanto à vaga de senador, já está bem conversado que será de outro partido. Em relação ao vice, ainda não está consolidado.”
Zema foi eleito em Minas Gerais tendo Paulo Brant como vice-governador. O ex-companheiro de chapa do governador, no entanto, deixou o Novo em agosto do ano passado e migrou para o PSDB.
Mateus Simões afirma que o relacionamento de Zema com a Assembleia Legislativa foi o que motivou o partido a mudar de posição em relação a compor chapa com outras legendas na disputa pela reeleição. “Nosso grande desafio é conseguir um apoio maior dentro da Assembleia”, diz.
Dos 77 deputados da Casa, apenas dois são do Novo. Nos melhores momentos do governador na Assembleia Legislativa, sua base de apoio mais fiel nunca ultrapassou 20 parlamentares, complicando a aprovação de projetos.
Simões, porém, diz que fazer alianças não significa que cargos no governo, caso Zema vença a eleição, serão entregues aos aliados. “Quem se aproxima da gente tem conhecimento disso”, afirma.
O ex-secretário de Zema relata haver negociações para formação da chapa com partidos como o Aliança Brasil e o PP. Na sexta-feira (1º), outra legenda que poderia fazer parte da coligação de Zema, o PL, anunciou que terá como candidato em Minas o senador Carlos Viana.
Uma foto do parlamentar com o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi postada nas redes sociais, indicando que o palanque de Viana no Estado poderá ser utilizado pelo presidente.
O deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL) também aparece na foto e deverá ser candidato ao Senado. Não foi feita citação quanto quem poderia ocupar a vaga de vice.
Conforme o calendário eleitoral, as convenções partidárias, que são realizadas para oficializar as alianças para a disputa de outubro, vão ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto.
Outro rival de Zema na disputa pelo Palácio Tiradentes será o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que, por sua vez, ao menos conforme o cenário atual, terá chapa “puro-sangue”.
Kalil deverá ter como vice o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus, que deixou o PV e foi para o PSD. O candidato ao senado deverá ser Alexandre Silveira (PSD).
Os três aparecem em foto nas redes sociais, também publicada na sexta, ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e foram chamados de pré-candidatos pelo parlamentar. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já deixou claro ter interesse em que seu palanque no Estado seja o do PSD.
No último sábado (2) Zema participou em São Paulo do lançamento da pré-candidatura de Luiz Felipe D’ávila (Novo) ao Palácio do Planalto.
Ao longo dos primeiros dois anos de mandato do governador Zema o cenário político indicava a possibilidade de uma aliança entre o governador e Bolsonaro no Estado.
Zema, como concorrente ao Palácio Tiradentes na eleição passada, chegou a pedir voto para o então candidato ao final de um debate com rivais na disputa pelo governo de Minas na televisão.
O pedido foi feito por Zema mesmo com seu partido tendo à época João Amoêdo como candidato à presidência, o que causou mal-estar dentro da legenda.
Insatisfação – Nos últimos meses, o governador vinha dando sinais de insatisfação em relação ao governo Bolsonaro. O mais claro deles ocorreu ao longo da escalada dos preços dos combustíveis, em agosto de 2021.
Bolsonaro tentou culpar governadores, afirmando que a elevação nos preços ocorria por conta da alíquota do ICMS, imposto cobrado pelos estados. Em uma série de dez posts nas redes sociais, o governador de Minas rebateu as afirmações do presidente.
Antes, em março de 2021, como prova de alinhamento ao Palácio do Planalto, Zema chegou a não assinar carta emitida por governadores cobrando o governo federal a aquisição de mais vacinas contra a Covid.
Segundo Simões, nunca houve compromisso com o presidente Bolsonaro pela reeleição. O ex-secretário de Zema disse que a avaliação no partido é que, apesar da atual polarização entre Lula e Bolsonaro, é real a possibilidade de crescimento de alguém da chamada terceira via ao longo dos próximos meses.
Novos secretários são empossados
O governador Romeu Zema empossou, ontem, durante solenidades realizadas na Cidade Administrativa, o engenheiro agrônomo Thales Almeida Pereira Fernandes como secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e o advogado Marcel Dornas Beghini como secretário-geral do Governo de Minas.
Zema desejou sucesso aos novos integrantes do secretariado e destacou que esta gestão é caracterizada pela seriedade e eficiência.
“É muito satisfatório ter na nossa equipe pessoas capacitadas e com grandes perspectivas de futuro, que vão participar de um governo sério e preocupado com a população”, disse.
Durante os atos de posse, o governador também agradeceu os serviços prestados pelos até então secretários, Mateus Simões (Secretaria-Geral) e Ana Valentini (Seapa), destacando a importância da continuidade do trabalho pelos novos gestores à frente das pastas.
“Sempre fui um estudioso de gestão e todo manual preconiza que a sucessão deve ser feita de forma séria. Nada que você fizer de bom na gestão terá continuidade se você não tiver um sucessor à altura. E tenho certeza de que vocês são capazes de continuar o trabalho que vem sendo realizado nas secretarias” destacou Zema.
Agricultura – Natural de Caratinga, Thales Fernandes é graduado em engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Possui especialização em Gestão Ambiental na Faculdades Integradas de Jacarepaguá do Rio de Janeiro e mestrado em Defesa Sanitária Vegetal pela UFV.
O novo secretário é servidor de carreira do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) desde 1998. Durante os 24 anos à frente da instituição ele atuou em diversos cargos, entre os quais chefe de escritório, assistente técnico da Coordenadoria Regional de Belo Horizonte, coordenador da Fiscalização do Uso e Comércio de Agrotóxicos na Gerência de Defesa Vegetal e diretor Técnico. Em 2019 Thales Fernandes assumiu a diretoria-geral do IMA, posição que ele ocupava até o momento.
Durante discurso de posse, o novo chefe da pasta agradeceu a confiança do governador e se comprometeu a dar continuidade aos projetos que foram implementados na Seapa.
“Foi grande responsabilidade e muita honra ter recebido este convite. Vou retribui com muito trabalho e dedicação em prol do agronegócio mineiro. Sabemos das dificuldades que iremos enfrentar, mas não mediremos esforços para dar continuidade ao trabalho da secretária Ana, junto com as empresas vinculadas (IMA, Emater-MG e Epamig)”, destacou o secretário.
Para o seu lugar no cargo de diretor-geral do IMA assume o técnico em agropecuária e administrador de empresas Antônio Carlos de Moraes.
Secretaria-Geral – Marcel Dornas Beghini, é advogado, graduado em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos e com LL.M. em Direito Empresarial, pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). Ele também é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
Beghini é um jovem gestor, que acumula em seu currículo passagens pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, no qual ocupou o cargo de chefe de gabinete parlamentar, e no governo do Estado, onde atuou como chefe de gabinete da Secretaria-Geral e secretário-geral adjunto de Minas Gerais.
O novo secretário-geral agradeceu a confiança do governador em seu trabalho.
“É uma oportunidade muito grande que chega até mim pelas mãos do senhor, aos meus 30 anos de idade. Eu vou fazer o meu máximo para estar à altura dela. Na minha concepção, só vale a pena estar aqui se for pra fazer a coisa certa, da forma certa, e não medirei esforços para cumprir este objetivo” ressaltou Beghini. (Agência Minas)
Ouça a rádio de Minas