Política

Odebrecht teria injetado R$ 14 mi no MDB

Odebrecht teria injetado R$ 14 mi no MDB

Brasília – A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que investigou repasses indevidos da empreiteira Odebrecht a integrantes do MDB, incluindo o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia). Segundo o inquérito, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Odebrecht teria transferido cerca de R$ 14 milhões para a campanha eleitoral do PMDB (hoje MDB) em 2014.

No relatório encaminhado ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, o delegado Thiago Machado Delabary conclui que há indícios de que Temer supostamente praticou crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os dois ministros teriam praticado crime de corrupção passiva.

Em nota, o Palácio do Planalto contestou a conclusão do inquérito da Polícia Federal: “é um atentado à lógica e à cronologia dos fatos”. Disse ainda que “a investigação se mostra a mais absoluta perseguição ao presidente, ofendendo os princípios mais elementares da conexão entre causa e efeito”.

Segundo a nota, o pedido de apoio à campanha eleitoral do PMDB “ocorreu dentro de todos ditames legais”, e os recursos doados em contas do partido foram declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Agora, sem conseguir comprovar irregularidades nas doações, o delegado aponta supostos pagamentos ocorridos em março como prova dos crimes, ou seja, dois meses antes do jantar”, destaca o Planalto, em referência a um encontro, no Palácio do Jaburu, com a participação de Temer, Padilha e Odebrecht, ocorrido em maio de 2014.

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A Polícia Federal investigou o repasse para o MDB de R$ 4 milhões, que teriam sido pedidos por Moreira Franco, e de R$ 10 milhões, que teriam sido negociados por Padilha. As articulações, que seriam do conhecimento de Temer, na época vice-presidente da República, foram narradas por dirigentes da empreiteira, incluindo Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho, José de Carvalho Filho, Benedito Barbosa Júnior e Paulo Cesena, em acordo de delação premiada.

Conforme o relatório do delegado, “o conjunto de elementos contidos nos autos realmente demonstra a atuação consorciada dos investigados, com segmentação de tarefas e divisão dos valores arrecadados, inclusive”. A defesa de Padilha disse que se manifestará nos autos e Moreira Franco negou envolvimento nos fatos narrados no inquérito. O inquérito envolve outros emedebistas como Eduardo Cunha e Paulo Skaf, além de José Yunes e João Batista Lima, amigos de Temer, que também já negaram as acusações.

O documento aponta que Temer recebeu R$ 1,4 milhãos ao longo de março daquele ano por solicitação do atual ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, e que pode ter recebido mais recursos em setembro, que teriam sido entregues no escritório de advocacia de José Yunes, amigo pessoal e ex-assessor de Temer.

Intermediário – No relatório, a PF afirma ainda que o ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima filho, também amigo pessoal e ex-assessor de Temer, teria sido o intermediário do então vice-presidente da República no recebimento dos recursos pedidos por Moreira Franco à Odebrecht.

“Os valores não reverteram somente ao atual ministro-chefe da Casa Civil, tendo sido endereçados também ao excelentíssimo senhor presidente da República, Michel Temer, na pessoa de João Baptista Lima Filho”, afirma o relatório.

Padilha também foi indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, assim como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), que está preso. Moreira foi indiciado por corrupção passiva.

As conclusões da PF seguem para a Procuradoria-Geral da República que pode usá-las como base para o oferecimento de uma denúncia, pedir novas investigações ou até pedir o arquivamento do caso ao STF. (ABr/Reuters)

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