Política

ONU pede ajuda a potências mundiais

ONU pede ajuda a potências mundiais
Êxodo no país já chegaria a 2,3 milhões de venezuelanos

Genebra – As principais agências da Organização das Nações Unidas (ONU) apelam para que países de fora da América do Sul passem a ajudar na crise de refugiados venezuelanos, em uma clara indicação que os países da região já não estão dando conta do fluxo. O êxodo, segundo a entidade, é um dos maiores da história da América Latina e chegaria a 2,3 milhões de venezuelanos.

O que as entidades querem é que países de fora da América do Sul se apresentem como possíveis locais para relocalização desses refugiados, o que permitiria desafogar parte dos países de fronteira com a Venezuela.

Negociações estão ocorrendo nos bastidores com governos europeus e norte-americanos para buscar locais para esses venezuelanos, da mesma forma que foi feito com os refugiados sírios que se acumulavam no Líbano, Jordânia e Turquia. Além disso, as entidades solicitam um socorro financeiro, diante da pressão que o fluxo está causando para os países sul-americanos em termos de gastos públicos.

Em um comunicado emitido em Genebra, ontem, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados e a Organização Internacional de Migrações solicitaram um “maior apoio por parte da comunidade internacional aos países e comunidades na região recebendo um número cada vez maior de refugiados e migrantes da Venezuela”.

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A estimativa das entidades é ainda de que esse fluxo pode ganhar força nos próximos meses, colocando locais de fronteira e cidades inteiras sob intensa pressão social, como já ocorreu no último fim de semana em Roraima. Apenas desde 2015, 1,6 milhão de venezuelanos deixaram o país, com 90% deles indo para os demais países sul-americanos.

Esforço reconhecido – No comunicado assinado pelos chefes dos dois órgãos da ONU, Filippo Grandi e William Lacy Swing, as entidades reconhecem os esforços feitos por Brasil, Colômbia, Peru, Equador e outros no recebimento dos refugiados. Mas admitem que estão “preocupados” com recentes políticas adotadas na região “afetando refugiados e migrantes da Venezuela”.

“Isso inclui novos passaportes e exigências para cruzar a fronteira no Equador e no Peru, assim como mudanças nas autorizações de estadia temporária para venezuelanos no Peru”, declararam as entidades.

“Reconhecemos os crescentes desafios associados com a chegada de grande escala de venezuelanos”, disse Grandi. “É crítico que qualquer nova medida continue a permitir que aqueles em busca de proteção possam ter acesso à segurança e ao pedido de asilo”, insistiu.

Swing, por sua vez, apelou para que os países da região continuem a manter suas fronteiras abertas. “Confiamos que essas demonstrações de solidariedade continuem no futuro”, destacou.

De acordo com eles, uma preocupação especial se refere às populações mais vulneráveis, como adolescentes, mulheres e crianças que cruzam as fronteiras sozinhas ou pessoas que estejam tentando encontrar suas famílias. Muitos deles podem não ter os documentos necessários para atender aos pedidos das autoridades e acabam em situações de risco, exploração, tráfico e violência.

“A atual situação reforça a necessidade urgente para aumentar o engajamento internacional e solidariedade em apoio aos planos de governos”, apontaram as entidades.

De acordo com a ONU, a comunidade internacional se comprometeu, no ano passado, em dar um apoio “previsível e rápido” a regiões que estejam sob pressão por um fluxo de refugiados. (AE)

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