Política

Pacheco cobra respeito ao resultado das urnas

Senador mineiro se encontrou ontem com o recém-empossado presidente do TSE, ministro Alexandre Moraes
Pacheco cobra respeito ao resultado das urnas
Presidente do Senado foi a primeira visita recebida por Moraes após assumir o comando do TSE | Crédito: Pedro Gontijo / Senado Federal

Brasília – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) fez ontem a primeira visita ao ministro Alexandre de Moraes após a troca de comando no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Depois do encontro, Pacheco defendeu o processo eleitoral e cobrou que partidos e candidatos respeitem o resultado das votações.

“Tenho plena confiança na lisura do processo e que o resultado das urnas, seja qual for, será respeitado por todos, inclusive pelos partidos e candidatos”, disse o senador.

As declarações do presidente do Senado ocorrem no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ataca o sistema eleitoral e faz insinuações golpistas.

“Papel dos candidatos de ter esse comportamento e essa postura que busque essa pacificação é muito importante, porque é a melhor forma de exercermos a democracia”, declarou Pacheco.

Moraes assumiu o comando do TSE no último dia 16.

O presidente do Senado também minimizou o risco de as manifestações de 7 de Setembro se tornarem atos contrários ao sistema eleitoral e com ataques às instituições.

“Esperamos que haja manifestações ordeiras, legítimas. Eventuais excessos que possam acontecer, de grupos sem dúvida minoritários, isso é papel das forças de segurança. Para inibir qualquer tipo de atitude que não seja democrática, republicana”, disse Pacheco.

“As perspectivas que temos, verdadeiras, é que a maturidade política brasileira, a força das instituições, da democracia, prevalecerão sobre qualquer tipo de arroubo de retrocesso democrático”, afirmou ainda o senador.

Moraes também vai se reunir nesta terça-feira (23) com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e com o diretor-geral da Polícia Federal.

No encontro, o ministro da Defesa deve voltar a pedir para o TSE aceitar as sugestões dos militares de mudanças na forma de fiscalização do pleito.

As Forças Armadas estão na lista de entidades de fiscalização das eleições. Por isso, militares participam de uma série de etapas do pleito, como a análise do código-fonte das urnas.

O TSE simulou na última semana as mudanças sugeridas pelos militares no “teste de integridade” das urnas, que é feito no dia das eleições.

Apesar da simulação, técnicos da corte e auxiliares de Moraes adotam cautela. Reservadamente, eles dizem que mudar as regras semanas antes das votações pode tumultuar o processo eleitoral, além de ser trabalhoso e ter baixo poder de aperfeiçoar a segurança e a transparência do voto.

Já o governo Bolsonaro vê uma eventual concessão às Forças Armadas como a moeda de Moraes para aliviar a crise entre o TSE e o Planalto. Bolsonaro, em troca, reduziria o tom golpista de suas declarações. (Mateus Vargas)

Lula faz críticas à estratégia adotada pelo Banco Central

São Paulo – O ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu ontem que o remédio adotado pelo Banco Central de aumentar as taxas de juros é o errado para a inflação, e disse que o governo deveria ter atuado no controle dos preços administrados antes, e não apenas às vésperas da eleição.

“A decisão e a função que se dá ao Banco Central não pode ser apenas um instrumento de aumentar a taxa de juros para tentar conter a inflação. Ora, isso é muito bonito quando a gente tem inflação de demanda, mas quando você não tem inflação de demanda, você não precisa usar aumento de juro para reduzir a inflação”, disse Lula em entrevista à imprensa estrangeira.

O ex-presidente, hoje em primeiro lugar em todas as pesquisas eleitorais, destacou que a maior parte da inflação no País até pouco tempo atrás era causada pelos preços administrados pelo governo, como energia e combustíveis, e que isso pode ser controlado.

“Vamos cuidar dos preços administrados e vamos cuidar de aumentar a capacidade produtiva de alimentos desse país para que a gente não tenha aumento de inflação por conta dos preços alimentícios”, afirmou.

Lula voltou a defender que o Estado precisa ser o indutor de investimentos e prometeu que irá fazer um grande programa de retomada de obras públicas para ajudar a acelerar a economia.

“O Estado brasileiro vai ter que fazer um grande investimento em obras públicas, e o Estado precisa ser o indutor desse investimento para que ele motive a iniciativa privada a acreditar que o governo está falando sério”, disse Lula, que defendeu a participação de Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fomentar o investimento.

“Primeiro, vamos ter que fazer um trabalho imenso e muito duro, de muita seriedade, para trazer a taxa de juros para um número considerado razoável pela sociedade brasileira. Segundo a gente vai trabalhar para trazer a inflação para um patamar que seja razoável… Terceiro, a gente vai gerar muito emprego”, afirmou.

Lula voltou a defender a necessidade de aumento real do salário mínimo também como indutor do crescimento no país. Durante seus oito anos de governo, e também no governo da sucessora Dilma Rousseff (PT), uma das políticas do governo era de dar aumento real ao mínimo. Desde que assumiu o governo, alegando falta de recursos, o presidente Jair Bolsonaro tem mantido o reajuste apenas na variação da inflação.

Perguntado como faria para, por exemplo, manter o pagamento do Auxílio Brasil em R$ 600, Lula disse que seria necessário “criar dinheiro”.

“Vamos ter que criar dinheiro, fazer esse País voltar a crescer. A melhor maneira de a gente ter Orçamento é fazer o país crescer. A melhor forma de diminuir a dívida em relação ao PIB é o País voltar a crescer”, defendeu.

“O investidor estrangeiro não vem investir no país por causa dos olhos do presidente, ele vem investir no país quando a proposta de investimento oferece para eles possibilidade de ganho e, ao mesmo tempo, uma coisa que nós precisamos oferecer é mercado. Se não tiver mercado consumidor para o produto que vai ser fabricado, nenhum empresário quer fazer investimento”, argumentou.

Questionado se teria uma medida pronta para revogar o teto de gastos já no início de um eventual governo, Lula voltou a dizer que sempre foi contra o teto e reafirmou que não é preciso um para manter a austeridade fiscal. Lula disse que o teto praticamente não existe mais, já que o atual governo o desrespeitou seguidamente, mas preferiu não dizer o que fará.

“Uns economistas antigos dizem que se você contar tudo que você vai fazer você não faz”, disse. “Algumas coisas precisam ser feitas depois de ganhar eleição. Preciso ganhar para sentar com todo mundo e conversar. Vamos tentar construir uma sociedade de acordos.” (Reuters)

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