Pazuello deve ser reconvocado para a CPI

Brasília – A CPI da Covid no Senado pode analisar amanhã pedidos de convocação para ajudar na linha de investigação sobre eventuais falhas do governo federal no enfrentamento à pandemia e também sobre o aconselhamento paralelo ao presidente Jair Bolsonaro relatado em depoimentos já prestados à comissão.
A pauta da reunião deliberativa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ainda não está pronta, mas já é certo que o colegiado irá se debruçar sobre requerimentos de convocação, informações e quebras de sigilos na quarta-feira.
Dentre eles, está o pedido para o ex-assessor da Presidência, Arthur Weintraub, para esclarecer a sua atuação na estrutura extraoficial de assessoramento no combate à pandemia, cujas orientações contrariavam as recomendações científicas divulgadas internacionalmente.
O requerimento foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que também pediu a convocação da ex-secretária de enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Luana Araújo, “para que seja possível esclarecer as razões que a levaram a pedir exoneração do cargo de secretária de enfrentamento à Covid no Ministério da Saúde após apenas uma semana de trabalho na pasta”.
Segundo reportagem da revista Veja, Araújo teria pedido demissão por não aceitar “entubar” determinações vindas do Palácio do Planalto.
O senador também é autor de requerimento de reconvocação do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, por entender que o depoimento prestado na última semana pelo ex-titular da pasta “foi permeado por diversas contradições verificadas no cotejo com documentos e informações disponibilizados à CPI e publicamente divulgados”.
Apresentado na última sexta-feira (21), na intenção de “esclarecer as dubiedades do depoimento de Pazuello”, o requerimento pode ganhar força após a participação do ex-ministro em manifestação política com o presidente Jair Bolsonaro no domingo (23) com motoqueiros no Rio de Janeiro, atitude que transgride o regulamento interno do Exército, que veda a participação de militares da ativa em atos políticos.
No ato, Pazuello falou rapidamente e, assim como Bolsonaro e outros no palanque, não usava máscara.
Apoio – Mais cedo, em entrevista à CNN, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a maioria dos senadores deve apoiar a reconvocação, acrescentando que o ex-ministro deverá ser indiciado por mentir à CPI.
“Não tenha dúvida que ele será reconvocado porque mentiu e mentiu muito. E aqueles que mentem na CPI, com certeza absoluta, serão indiciados”, afirmou Aziz à emissora.
Na sexta-feira, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), disse à Reuters que o ministro poderia ser reconvocado para explicar novas informações. O senador considerou, na ocasião, que não cabia pedir ao ministro que voltasse aos temas já abordados. (Reuters)
Queiroga infla dados sobre a vacinação no País
Brasília – Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro juntar milhares de pessoas sem máscara para um ato no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem à OMS que o Brasil defende a “firme recomendação” de medidas contra a Covid-19, e também inflou os dados de vacinação do País.
“Investimos recursos financeiros na saúde e na retomada da economia. A isso somamos nossa firme recomendação de medidas não farmacológicas para toda nossa população”, disse Queiroga em sua fala na assembleia ministerial anual da Organização Mundial da Saúde (OMS).
As medidas não farmacológicas não foram citadas textualmente pelo ministro no discurso, mas têm sido repetidas por ele: evitar aglomerações, manter distanciamento social e usar máscaras.
No dia anterior ao discurso do ministro, o presidente Jair Bolsonaro reuniu alguns milhares de pessoas em um ato no Rio de Janeiro. No caminhão de som, Bolsonaro e ministros – inclusive o antecessor de Queiroga, Eduardo Pazuello, estavam todos sem máscaras, e entre o público pouquíssimas pessoas usavam a proteção facial.
O ministro ainda inflou os números de vacinação no Brasil contra a Covid-19. Queiroga somou os dados de aplicação de primeira e segunda doses para afirmar que 55 milhões de pessoas foram vacinadas no país. Na verdade, 39,2 milhões de brasileiros foram imunizados com a primeira dose, segundo dados do Ministério da Saúde.
“Hoje nossa maior esperança para permitir o retorno gradual e seguro à normalidade é a ampla vacinação. Até o momento o SUS já distribuiu mais 90 milhões de doses de vacinas e vacinou 55 milhões de pessoas”, disse Queiroga.
Dados do painel de vacinas do próprio ministério mostram que 57,7 milhões de doses de vacinas foram aplicadas no Brasil. No entanto, esses números são de doses, e não pessoas vacinadas.
O mesmo painel mostra que 39,2 milhões de brasileiros receberam a primeira dose e 18,5 milhões receberam as duas doses. (Reuters)
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