PDT deverá dar um apoio crítico ao petista
São Paulo – O PDT deverá dar um apoio crítico ao candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, mas não pretende participar da coordenação da campanha ou negociar cargos, disse o presidente do partido, Carlos Lupi.
“Esse é o indicativo que eu e Ciro (Gomes, candidato do partido à Presidência) vamos levar à reunião da Executiva do partido na quarta-feira”, disse Lupi ontem à Reuters. «Vamos apoiar Haddad mais pelo prejuízo que seria uma Presidência de Jair Bolsonaro”, justificou.
“Apoio crítico, sem participação em coordenação de campanha ou nada disso, para evitar o mal maior”, explicou Lupi. Na véspera, após a definição do segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, Ciro descartou de pronto um apoio a Bolsonaro.
Os parlamentares eleitos pelo PDT no domingo também participarão do encontro, disse Lupi, acrescentando que, apesar de sua proposta de apoio crítico a Haddad, acatará a decisão do colegiado do partido.
Ciro teve 12,47% dos votos válidos na eleição de domingo, o equivalente a 13,3 milhões de votos, ficando com a terceira colocação no pleito, atrás de Bolsonaro, que liderou com 46,03%, e de Haddad, que foi o segundo mais votado com 29,28%.
O apoio do pedetista é considerado vital pelo PT na tentativa de formar uma frente democrática contra Bolsonaro. Haddad foi para o segundo turno com cerca de 18 milhões de votos atrás do adversário.
Centro-esquerda – Petistas ouvidos pela Reuters confirmam que o partido pretende buscar apoios e está aberto a vários setores, mas centra esforços no campo de centro-esquerda. “Centro-esquerda é nossa prioridade”, garantiu Emídio de Souza, um dos coordenadores da campanha de Haddad.
Lupi disse à Reuters que conversou diretamente com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a quem informou da posição que ele e Ciro vão levar à Executiva.
Gleisi teve ontem uma reunião em um hotel em São Paulo com o candidato do Psol, Guilherme Boulos, que já na noite de domingo havia usado sua conta no Twitter para declarar apoio a Haddad. Por telefone, Gleisi também falou com Carlos Siqueira, presidente do PSB.
O PSB se reúne hoje em Brasília para decidir sua posição no segundo turno. Na convenção nacional em que o PSB optou pela neutralidade no primeiro turno, os socialistas aprovaram também um veto total a qualquer movimento de apoio a Bolsonaro.
No entanto, o governador de São Paulo, Márcio França, que conseguiu passar para disputar o segundo turno com o tucano João Doria, já avisou ao partido que não poderá dar apoio ao PT sob o risco de perder a eleição, já que Bolsonaro é muito forte em São Paulo, e Doria já anunciou seu voto no ex-capitão do Exército.
O PT escalou o senador eleito pela Bahia Jaques Wagner para encabeçar as negociações com outros partidos. Wagner chegou na manhã de ontem em São Paulo para iniciar as conversas com potenciais aliados. (Reuters)
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