Política

Presidente da República deverá ingressar no PL

Presidente da República deverá ingressar no PL
A MP assinada por Bolsonaro libera o crédito extraordinário, um recurso fora do teto de gastos autorizado pela Constituição apenas em casos restritos | Crédito: Adriano Machado/Reuters

Brasília – Depois de praticamente fechar sua adesão ao PP, o presidente Jair Bolsonaro deverá optar no final pelo PL de Valdemar Costa Neto, disseram à Reuters duas fontes que acompanham o processo. Apesar da preferência inicial pelo partido de seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a resistência de parte do PP, especialmente no Nordeste, em ser obrigado a dar palanque a Bolsonaro em 2022, dificultou o acordo. “Estava difícil alinhar os palanques estaduais”, disse uma das fontes.

Na semana passada, parte da direção do PL se reuniu em Brasília e fechou acordo para fazer um convite formal a Bolsonaro para ingressar no partido. Na última segunda-feira, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, divulgou um vídeo nas redes sociais do partido reiterando o convite formal feito ao presidente. “Estamos reiterando o convite de filiação partidária dirigido ao presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e fiéis seguidores da causa brasileira sob sua liderança”, disse.

No mesmo dia, o senador Wellington Fagundes (MT) confirmou que o convite estava feito. “O que posso dizer hoje é que já temos o convite oficial. Na sexta tivemos uma conversa avançada e hoje fizemos o convite oficial ao presidente, que já sinalizou sua filiação ao PL, para construir um grande partido. O martelo está batido, o prego está fincado, só falta virar a ponta. Virar a ponta é assinar a ficha. Está bem consolidado e vamos trabalhar para construir um grande partido”, disse a jornalistas em Cuiabá.

De acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, a filiação deve se dar em breve. Apesar de já ter dito que não ter pressa sobre sua filiação – a decisão poderia ser tomada até março de 2022 -, Bolsonaro tem sido pressionado por seus aliados. Especialmente deputados e senadores, que precisam já trabalhar em suas campanhas, querem saber qual partido devem se filiar.

Resistência no PP – Há cerca de um mês, aliados de Bolsonaro davam como certa sua filiação ao PP. Apesar da resistência de parte do partido, Ciro Nogueira – que além de ministro da Casa Civil é presidente do PP — levou adiante o convite. A avaliação era, de acordo com uma das fontes, que a filiação de Bolsonaro daria ao partido a possibilidade de fazer pelo menos 20 deputados entre Rio de Janeiro e São Paulo sem esforço, um aumento de quase 50% da bancada atual na Câmara.

No entanto, o partido tem diversos acordos estaduais, especialmente no Nordeste, com o PT, e fontes ouvidas pela Reuters explicaram que não há interesse de candidatos da região – onde o presidente tem seu pior desempenho nas pesquisas e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria hoje mais de 60% dos votos – em dar palanque a Bolsonaro.

Ao contrário, a intenção ainda é estar ao lado de Lula, maior rival do presidente. A ponto de parte dos deputados da região ameaçar uma debandada.

Já o PL estava entre os cotados por Bolsonaro, mas as conversas foram suspensas em determinado ponto, e retomadas na semana passada, quando ficou claro para o presidente que não teria no PP os palanques que gostaria e a liberdade para apontar candidatos como havia sido prometido.

Além dos palanques, Bolsonaro quer o poder de apontar candidatos alinhados em alguns Estados, especialmente para o Senado. Estão em seu radar, por exemplo, colocar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, como candidato ao Senado por Goiás, e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, para tentar o cargo pelo Rio Grande do Norte.

De acordo com uma das fontes ligadas ao partido, a possibilidade de filiação e candidatura do presidente pelo PL interessa a Valdemar Costa Neto pelo mesmo motivo que Ciro Nogueira o queria no PP: aumentar a bancada com deputados ligados a Bolsonaro que podem atrair um número considerável de votos, como Carla Zambelli (PSL-SP).

O partido tem hoje 43 deputados, 18 deles da região Nordeste, e também resistência à adesão de Bolsonaro, mas menor do que no PP.

Depois do fracasso da tentativa de criar sua própria sigla, o Aliança pelo Brasil, Bolsonaro está sem partido desde o final de 2019. Suas negociações já passaram pelo PSL, PP, PTB, algumas siglas menores, como o Patriota, e o próprio PL, com quem teve altos e baixos. Bolsonaro colocava o PL entre os partidos aos quais poderia aderir há alguns meses, mas ainda não anunciou oficialmente sua decisão.

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