Inflação de alimentos, combustíveis e eleições 2026; veja o que disse Lula nesta quinta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falou nesta quinta-feira (30), em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que 2025 será o ano de uma “grande colheita”. De acordo com ele, “este é o ano em que a gente começa a grande colheita de tudo o que foi plantado em 2023 e em 2024. Foi uma reconstrução das coisas do País para que ele voltasse a funcionar e a ser respeitado no mundo”, reafirmou.
O presidente também reforçou que “não queria que a transição falasse apenas do passado, mas do futuro, afinal, não sou daqueles que passa o governo inteiro tentando jogar a culpa no outro e não pensa o que vai fazer daqui para frente”, salientou. O petista ainda diz que está “convencido que vai terminar o mandato com situação extremamente positiva”, projetando que o País deve crescer de 3,5% a 3,7% em 2025.
Veja outros temas que foram tratados pelo presidente Lula:
- Comando de Gabriel Galípolo no Banco Central
Lula defendeu o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, das críticas recebidas sobre a elevação da taxa básica de juros anunciado na última quarta (29). “O presidente do Banco Central ‘não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra’ e já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo presidente anterior (do BC) e Galípolo fez aquilo que entendeu que deveria fazer”, explicou.
“Quando o chamei para o Banco Central, disse: Galípolo, você é meu amigo, mas você vai ser presidente do Banco Central. No meu governo, presidente do BC vai ter autonomia de verdade, porque o (Henrique) Meirelles já teve por oito anos. Faça o que for necessário fazer. O que quero que você saiba é que o povo e o Brasil esperam que a taxa de juros seja, dentro do possível, controlada, para que a gente possa ter investimento e mais desenvolvimento sustentável, gerar mais empregos e mais distribuição de riquezas no País. Não esperava milagres, mas que as coisas acontecessem da maneira que ele entenda que deve acontecer”, destacou o presidente, que já esperava pelo aumento da Selic.
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- Petrobras e a alta nos combustíveis
O presidente, ao tratar sobre o tema dos combustíveis, foi enfático ao afirmar que, quem autoriza aumento do petróleo e derivado do petróleo é a Petrobras, e não o presidente”, destacou. No entanto, disse que também que não foi comunicado pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sobre nenhum reajuste do diesel.
“Não autorizei aumento do diesel. Desde meu primeiro mandato, aprendi que quem autoriza aumento do petróleo e derivado do petróleo é a Petrobras e não o presidente. Já aprendi há muito tempo isso”, reafirmou o presidente. “Ainda não fui avisado se ela vai aumentar ou não, e ela não precisa me avisar. Se tiver decisão de que para a Petrobras é importante fazer o reajuste, ela que faça e comunique a imprensa”, completou.
Lula disse ainda, que o diesel e o gás de cozinha estão mais baratos e é preciso informar os caminhoneiros. “Se a Petrobras tiver que fazer um reajuste e se colocar a inflação de 2023 e 2024, ainda assim será menor que dezembro de 2022”, afirmou ele, comparando ao preço no período final do governo do ex-presidente Bolsonaro. Questionado sobre uma eventual paralisação de caminhoneiros, Lula disse que não há nada “alarmante” no horizonte e que o governo está disposto a conversar com os motoristas.
- Expectativas do presidente Lula para as eleições de 2026
O presidente reconhece que o governo “não está entregando aquilo que prometeu” até o momento e criticou a antecipação de cenários eleitorais para 2026. “No primeiro ano de governo, como (o governante) ganhou as eleições, há muita expectativa e o povo está muito tranquilo. No segundo ano, o povo começa a querer saber se a expectativa que tinha está sendo cumprida. Eu disse ao (Paulo) Pimenta (ex-ministro da Secom): ‘Não se preocupe com pesquisa, porque o povo tem razão, a gente não está entregando aquilo que prometeu'”, reconhece o presidente.
Lula disse que “é preciso ter muita paciência”. “Não me preocupo com pesquisa. Não é feita para gostar ou não gostar. É feita para analisar, verificar se tem um fundo de verdade e começar a fazer as coisas que são necessárias”, disse.
“É muito cedo para fazer pesquisa sobre 2026 e é muito cedo para avaliar governo com dois anos de governo. Deixei a Presidência em 2007 (mas foi em 2010) com 87% de bom e ótimo e tenho consciência do que estamos fazendo”, afirmou. Entretanto, a desaprovação ao governo Lula subiu dois pontos porcentuais, passando de 47% em dezembro de 2024 para 49% em janeiro de 2025, segundo pesquisa Genial/Quaest, divulgada na última segunda (27). Foi a primeira vez na série histórica do levantamento que a avaliação negativa supera a opinião positiva.
O presidente Lula disse que “cada coisa que eu falar, quero que anotem, porque vamos entregar, não é apenas um programa de governo, é uma profissão de fé”.
- Orçamento e despesas
O presidente não descarta que o governo possa vir a discutir, ao longo de 2025, novas medidas de corte ou contenção de gastos, mas deixou claro que essa não será uma prioridade para este ano. “Não tenho outra medida fiscal (planejada para 2025). Se apresentar durante o ano a necessidade de fazer alguma coisa, vou reunir o governo e discutir. Mas, se depender de mim, não tem outra medida fiscal. O que vamos agora é pensar no desenvolvimento sustentável deste País, mantendo a estabilidade fiscal e sem fazer com que o povo pobre pague o preço de alguma irresponsabilidade de um corte fiscal desnecessário”, explica.
O petista reforçou que a “estabilidade fiscal é uma questão muito importante para este governo e para mim. A gente quer estabilidade fiscal e queremos o menor déficit possível”.
- Inflação dos alimentos e a ação do presidente Lula
O presidente Lula pretende conversar com empresários para pedir explicações sobre o aumento dos preços dos alimentos, principalmente do óleo de soja e da carne. “Quando eu cheguei à Presidência, o preço do óleo de soja tinha caído para R$ 4, agora subiu para R$ 9, R$ 10, ou seja, qual é a explicação?”, questiona. “Não tenho outra coisa a fazer a não ser chamar os produtores para saber por que o preço da carne, que tinha caído 30%, voltou a subir”, admite.
“Eu tenho em mente que o aumento dos preços de comida que vão na cesta básica é sempre muito ruim, porque eles afligem exatamente as pessoas mais pobres, então não tem sentido fazer um sacrifício enorme de fazer políticas públicas para fazer com que o dinheiro chegue na ponta e depois esse dinheiro seja comido pela inflação”, avaliou.
Ele garantiu que não tomará nenhuma “medida daquelas que são bravatas” para conter a inflação dos alimentos e que o governo quer aplicar medidas como aumentar produção e financiar a modernização da pequena e média agricultura. “Não faremos nada que possa significar surgimento do mercado paralelo”, afirmou o presidente.
- Isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil
Lula disse que há apenas um ajuste a ser feito na proposta de isenção do imposto de renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, antes de enviar ao Congresso. “Estamos preparando para mandar ao Congresso, tem apenas um ajuste, porque toda vez que vai tirar uma coisa, tem que fazer a compensação. Ainda ontem conversei com (o ministro da Fazenda, Fernando) Haddad, e logo a gente vai dar entrada”, afirmou o presidente.
*Com informações do Estadão
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