Política

Reforma administrativa avança na CCJ

Projeto do governo Zema vai criar duas secretarias, além de promover uma série de mudanças na estrutura do Executivo
Reforma administrativa avança na CCJ
Deputado Arnaldo Silva (União) foi o relator do projeto que reorganiza a estrutura do governo estadual na CCJ da Assembleia | Crédito: Sarah Torres/ALMG

O Projeto de Lei (PL) 358/23, que faz uma reorganização administrativa do Poder Executivo, recebeu, ontem, parecer pela legalidade da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

De autoria do governador do Estado, Romeu Zema (Novo), a matéria teve como relator o deputado Arnaldo Silva (União), que preside a CCJ e opinou pela aprovação do texto na forma do substitutivo nº 1 que apresentou.

Em reunião na última terça (21), ele distribuiu cópias (avulsos) do parecer para conhecimento dos demais parlamentares. O texto apresentado por ele, segundo o parecer, traz apenas adequações em relação à técnica legislativa, sem trazer mudanças de fato em relação ao projeto original.

Agora a proposição segue para a análise da Comissão de Administração Pública, em 1º turno.

Segundo mensagem encaminhada pelo governador, a proposta visa o aperfeiçoamento e a otimização da gestão pública.

Secretarias

De acordo com o parecer do relator, a reorganização proposta promove alterações nas competências de secretarias de Estado, em suas estruturas básicas e entidades vinculadas. Alguns conselhos, conforme o parecer, são transferidos para outros órgãos ou extintos em função dessas alterações.

O parecer destaca a criação de duas novas secretarias de Estado: a Secretaria de Estado de Casa Civil, com competências relacionadas ao relacionamento institucional do Poder Executivo em todos os níveis, especialmente com o governo federal, e a Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom), que passa a ser a responsável pela política de comunicação do Estado.

Dessa forma, a Empresa Mineira de Comunicação (EMC) passa a ser vinculada à Secom, e não mais à Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

É proposta, ainda, a extinção da Consultoria Técnico-Legislativa (CTL), cujas funções passam a ser desempenhadas pela Secretaria de Estado de Governo (Segov) e pela Secretaria-Geral, e da Vice-Governadoria.

A reorganização prevê que a Secretaria-Geral passe a prestar o assessoramento direto ao governador e ao vice-governador. Por outro lado, as funções da pasta relacionadas à política de comunicação social e imprensa passam à Secom.

Já o assessoramento nas relações com autoridades estrangeiras, a agenda institucional do governador e as atividades de cerimonial e eventos são transferidas dela para a Casa Civil e a Segov.

Entre as mudanças previstas, segundo o parecer, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) passa a ser responsável pela política de segurança alimentar, hoje desempenhada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese).

Em razão disso, também passam a ser subordinados a ela a Câmara Governamental Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais e o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Estado. A promoção da regularização fundiária rural de áreas de até cem hectares caberá à Seapa.

No que se refere às competências da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), fica previsto que caberá a ela a política de alienação e destinação dos ativos imobiliários alienáveis do Estado, bem como competências relacionadas à promoção da discriminação e arrecadação de terras devolutas rurais e à gestão e administração das terras arrecadadas, inclusive das terras devolutas provenientes dos distritos florestais, até que recebam destinação específica.

As ações relativas ao desenvolvimento socioeconômico do Norte e Nordeste do Estado, hoje de competência da Sede, passam à Sedese.

As relativas à política de desenvolvimento metropolitano e à gestão do parcelamento, do uso e da ocupação do solo bem como a política de desenvolvimento metropolitano passam à Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra).

A Sede passa a ter vinculada a sua estrutura grande parte das empresas do Estado, visando a padronização da governança, mantendo-se, no entanto, a interface com as secretarias relacionadas à respectiva política pública, segundo o parecer do relator.

A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) passa a contar com as competências de coordenação do comitê gestor Pró-Brumadinho e Pró-Rio Doce, assim como atividades relativas a trânsito, formação de condutores e veículos. (Com informações da ALMG)

Deputados querem mais prazo para analisar PL

Na reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os deputados Doutor Jean Freire (PT) e Lucas Lasmar (Rede) apresentaram requerimentos para a retirada de pauta do PL 358/23 e para o adiamento da votação, o que foi rejeitado pela maior parte dos membros efetivos da comissão.

Diversas emendas propondo alterações no projeto também foram apresentadas pelos deputados Cristiano Silveira (PT), Doutor Jean Freire, Lucas Lasmar e Sargento Rodrigues (PL). Algumas não chegaram a ser recebidas pela comissão. As que foram recebidas foram rejeitadas pela maioria, seguindo entendimento do relator.

Segundo Doutor Jean Freire, é legítimo que o governador proponha mudanças administrativas, mas é importante que os parlamentares tenham tempo para analisá-las. “Nosso intuito é dialogar e procurar entender o motivo das mudanças.”, disse.

Além disso, deputados também teceram comentários sobre o projeto. Na opinião da deputada Beatriz Cerqueira (PT), por exemplo, embora a matéria proponha uma reforma administrativa, ela é mais ampla que isso e vai trazer reflexos para diversas áreas.

A parlamentar destacou que uma das mudanças propostas é para que o Conselho de Educação seja subordinado ao secretário da referida pasta, o que tiraria a autonomia dessa instância.

Outra alteração, segundo a deputada, diz respeito à Lei 23.081, de 2018, que dispõe sobre o Programa de Descentralização da Execução de Serviços para as Entidades do Terceiro Setor. Ela contou que o projeto altera os artigos 130 a 170, trazendo mudanças profundas na legislação.

Beatriz Cerqueira defendeu que a CCJ separe o que de fato é reorganização administrativa e o que extrapola essa questão, como foi feito na época da reforma da previdência enviada por Zema.

Já os deputados Lucas Lasmar, Charles Santos e Sargento Rodrigues falaram que será necessário fazer ajustes nas alterações propostas pelo governo para a segurança pública.

Celeridade

O presidente da CCJ e relator da matéria, deputado Arnaldo Silva, defendeu a importância de se discutir o mérito do projeto nas comissões pertinentes.

“No que compete a essa comissão, que é discutir a legalidade do projeto, não encontramos nenhum óbice”, falou.

Ele ainda acrescentou que há mais de 3 mil projetos parados na CCJ e que é preciso dar andamento às análises. (Com informações da ALMG)

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