Política

Retorno de fluxo só deve ocorrer após 2º turno

Retorno de fluxo só deve ocorrer após 2º turno
Crédito: Paulo Whitaker/ Reuters

São Paulo – A possibilidade de Jair Bolsonaro (PSL) ganhar as eleições presidenciais no segundo turno não deve ser, por si só, motivo suficiente para um retorno forte de fluxo de recursos para o Brasil, avaliaram especialistas ouvidos pela Reuters.

Bolsonaro, com 46,03% dos votos no primeiro turno segundo o boletim da Justiça eleitoral, diz que adotará reformas estruturais e cortes de gastos públicos, como desejado pelo mercado, mas investidores ainda mantêm a cautela sobre o quanto dessa agenda liberal defendida pelo economista do candidato, Paulo Guedes, efetivamente sairá do papel.

Durante o segundo turno, o Brasil “deve atrair pontualmente recursos”, disse o analista da consultoria Tendências, Silvio Campos Neto. “Um volume mais consistente, mais consolidado, apenas com o término do processo eleitoral e com a indicação de que o vencedor (no caso de Bolsonaro) vai rezar essa cartilha que está sendo apontada”.

Com 99,99% das seções eleitorais apuradas, o petista Fernando Haddad aparecia com 29,28% do total de votos válidos, uma distância do primeiro colocado que fez disparar o otimismo nos mercados ontem, não apenas pela distância do petista para o primeiro colocado, como também pela sinalização de uma base de apoio parlamentar com números importantes para Bolsonaro.

O candidato do PSL impulsionou também a bancada de seu partido na Câmara, que chegou a 52 cadeiras, a segunda maior, atrás apenas do PT, com 57 vagas, segundo previsão da XP, um dado importante diante da necessidade de aprovação de leis e mudanças constitucionais, como a reforma da Previdência.

Esse resultado animou os negócios ontem, uma vez que investidores “adotaram” Bolsonaro, após o tucano Geraldo Alckmin (PSDB) não decolar na campanha, por entenderem que Paulo Guedes dava respaldo liberalista visto como necessário para fazer a economia crescer, com reformas, enxugamento do tamanho do estado e ajuste fiscal.

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Cenário para B3 – Ontem, as primeiras reações ao resultado do primeiro turno foram de forte queda do dólar ante o real e dos juros futuros, além de alta firme do Ibovespa, um alívio bem-vindo na visão do economista e sócio da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
“Podemos ver mais entrada de fluxo, sobretudo para a bolsa, que está muito defasada em dólar. Mas é preciso ir com cuidado. Os problemas do Brasil continuam sem solução e precisamos implementá-las”, destacou.

Estrategistas do BTG Pactual, por exemplo, estimam o Ibovespa em 105 mil pontos no caso de vitória de Bolsonaro, sem citar prazos, enquanto o Santander Brasil considera esse patamar factível de ser atingido no final de 2019, dada a melhora do balanço de riscos do Brasil.

Dessa forma, a perspectiva é de que haja um fluxo pontual de recursos, que deve se tornar mais firme se o desfecho do quadro eleitoral se confirmar de acordo com o que deseja o mercado e os problemas do País forem endereçados.

Pregão recorde – O Ibovespa fechou com a maior alta diária desde 2016 e com volume financeiro recorde ontem, impulsionado por ações de companhias de controle estatal, após o resultado da votação do domingo reforçar o favoritismo de Jair Bolsonaro, do PSL, no segundo turno da eleição presidencial, em 28 de outubro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa chegou a subir 6% no começo do pregão, superando 87 mil pontos, máxima intradia desde março, mas encerrou com acréscimo de 4,6%, a 86.083,91 pontos – maior alta percentual diária desde 17 de março de 2016.

O volume financeiro no pregão somou R$ 28,9 bilhões, recorde para uma sessão sem vencimento de opções. O recorde anterior tinha sido registrado em 17 de dezembro de 2014, com R$ 26 bilhões. Mas essa sessão contou com exercício de opções, o que elevou o volume na ocasião a R$ 44 bilhões. (Reuters)

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