Rogério Correia mira crescimento ordenado e fortalecimento da economia de BH

Rogério Correia, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) pelo PT, é atualmente deputado federal, mas tem extensa vida pública, com uma trajetória que inclui mandatos também como vereador e deputado estadual. Atualmente, é vice-líder do governo na Câmara dos Deputados e está licenciado do cargo para disputar as eleições municipais.
Em entrevista ao Diário do Comércio, Rogério Correia fala de suas principais motivações para concorrer ao cargo máximo do Executivo da capital mineira, enfatizando como sua experiência acumulada no Legislativo poderá contribuir para a gestão da cidade. Para ele, a colaboração entre diferentes esferas de governo, especialmente com a administração federal, particularmente na pessoa do presidente Lula (PT), a quem cita diversas vezes, será fundamental para a execução do que propõe para atender às demandas da população.
Na conversa, o petista promete a revisão dos contratos de transporte público, a renovação da frota de ônibus e a criação de um bilhete único para a Grande BH. Garante acompanhar de perto o cumprimento do contrato por parte da empresa responsável pelas obras e gestão do metrô e, ao contrário da maioria de seus concorrentes, diz não ser favorável à revisão do plano diretor da cidade.
O candidato ainda defende um crescimento ordenado para Belo Horizonte e o fortalecimento da economia local, a fim de se alcançar um crescimento sustentável e duradouro, que proporcione o aumento da arrecadação municipal e equalize as finanças da Capital. Por fim, fala sobre a proibição de atividades minerárias na Serra do Curral e a municipalização do Anel Rodoviário.
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“Falam que eu falo demais do Lula. Ainda bem, porque realmente precisaremos do governo federal para muita coisa”.
Por que você quer ser prefeito de Belo Horizonte?
Porque eu estou preparado para ser prefeito. Fui vereador em Belo Horizonte por dez anos, quando construímos a lei orgânica do município, a nova lei de uso e ocupação de solo e várias outras leis. Tínhamos acabado de sair do regime militar e entrar no processo democrático. Fui vereador quando Patrus Ananias e Célio de Castro também. Então, eu conheço Belo Horizonte muito bem, sou nascido aqui e gosto muito dessa cidade. Além disso, também fui deputado estadual e conheci Minas Gerais e a influência que Belo Horizonte precisa ter. Estou no segundo mandato como deputado federal e exerço ali o cargo de vice-líder do governo do presidente Lula, o que me dá mais vontade de governar BH, por saber que temos vários projetos nacionais que podem vir para Belo Horizonte e ajudar o nosso povo. Sou apoiado por seis partidos: PT, PV, PCdoB, a Rede, o PSOL, o PCB, e mais de 200 movimentos sociais que fizeram um manifesto de apoio à minha candidatura. É uma candidatura de construção coletiva.
Alguns críticos dizem que foi um erro a esquerda não se unir. Os riscos são maiores?
Bem, eu não digo que a esquerda errou. O que nós procuramos o tempo inteiro, e foi recomendação do presidente Lula, foi uma unificação de todos os partidos, principalmente os de esquerda, dentro de um campo, e se pudesse ampliar para além de esquerda, que estivesse no campo da presidência. Foi isso que eu busquei fazer o tempo inteiro, e por isso unificamos todos esses partidos. E tenho como candidata a vice a Bela, que eu considero não uma candidata a vice, mas também uma candidata a prefeita junto comigo. Não tivemos a unidade porque não foi a mesma compreensão que a deputada Duda Salabert teve. Ela preferiu sair sozinha pelo PDT, o que é evidentemente mais do que legítimo, mas nossa estratégia sempre foi coletiva. E tenho certeza que essa coletividade vai permanecer e vai ser implantada no segundo turno, porque estou muito convencido de que vamos chegar ao segundo turno nessas eleições com todas essas forças que temos, com a vinculação ao presidente Lula e com o programa de governo que propomos. Temos um grande programa para governar, seguindo muitas experiências de outros prefeitos. Eu diria, modéstia à parte, que sou o candidato mais preparado para governar Belo Horizonte nesse momento.
Como você avalia a atual situação do transporte coletivo em Belo Horizonte?
Mobilidade urbana talvez seja o problema mais crítico de Belo Horizonte. Estivemos no centro da cidade, eu e a Bela, conversando com as pessoas e é impressionante, quando se pergunta sobre o transporte coletivo, não tem uma resposta de que é satisfatório. Na melhor das hipóteses, as pessoas dizem, ’mais ou menos’, ‘anda muito cheio’, mas, em geral, a crítica é muito mais veemente. O transporte é de péssima qualidade.
O que você propõe para solucionar os problemas do transporte coletivo?
O que vamos fazer? Em primeiro lugar, este contrato, do jeito que está, não vamos esperar 2028 para fazer outro. Já nos primeiros dias de governo eu vou começar o debate sobre um novo contrato. E esse novo contrato tem que ser com empresas que queiram ter toda a frota renovada. Ônibus caindo aos pedaços, com pé de cana para as pessoas segurar, não! Quem quiser trabalhar é com frota nova. Tem dinheiro para isso? Tem. Primeiro, o próprio presidente Lula já mandou 100 ônibus elétricos através do PAC. E eu já tenho conversas com o Ministério das Cidades para essa renovação. Isso pode ser feito, portanto, pelas próprias empresas que ganharam a licitação ou que quiserem continuar com o serviço, mas com ônibus novos. Elas poderão adquirir também, custeado pelo BNDES, a juros mais baixos subsidiados. Vamos querer também que esteja nesse contrato a formatação do bilhete único e da gestão por parte da prefeitura e não das empresas. Quadro de horário, número de ônibus, número de passageiros. Esses ônibus, como serão novos, vão ter ar-condicionado e piso baixo. Porque ônibus de qualidade também reduz o problema de trânsito. E vamos incluir obras de mobilidade urbana que dependem do PAC. Eles falam que eu falo demais do Lula. Ainda bem, porque realmente precisaremos do governo federal para muita coisa. Os ônibus vão continuar tendo corredor próprio, vamos dar continuidade ao da Amazônia e vamos fazer corredor próprio em todo lugar que for possível. Ainda têm os transportes alternativos… meu compromisso é 40 mil quilômetros de ciclovia para termos alternativa no trânsito de Belo Horizonte e diminuir o trânsito. Porque o trânsito congestionado é outro problema.
Algumas cidades mineiras adotaram tarifa zero. Isto também está no seus planos de governo?
Também proponho a tarifa zero aos finais de semana. É bom para o comércio, é bom para aquecer a economia. O pessoal às vezes fala de tarifa zero em geral, mas isso depende da alteração na legislação federal. Eu, como deputado federal, tenho acompanhado isso. Podemos até criar um fundo, que seria oriundo dos recursos que vão para vale-transporte. Mas depende de alteração na legislação trabalhista para que o empresário possa pagar para o seu empregado, não diretamente o vale, mas no fundo. Aí você pode sonhar em ter mais alguma coisa que lhe permita tarifa zero. Mas aos finais de semana, com certeza vamos fazer. E, claro, enfrentar essas empresas de transporte. Elas se acham muito e estão enrolando. Nós não vamos permitir que esse contrato siga até 2028. O prefeito que não mudar isso é irresponsável. O prefeito tem que ser um dirigente político, ele não pode se submeter a regras injustas.
O senhor tem falado na municipalização do Anel. É viável?
É viável a partir das obras que também terão recurso do governo federal. O Anel Rodoviário tem sete ou oito viadutos que precisam ser alargados. É caro, mas o governo do presidente Lula já enviou recurso para alargamento de dois viadutos. Já conversei com ele que dois não são suficientes. Precisamos fazer todos esses viadutos. Tem ainda remoção de famílias. É um programa mais geral que buscaremos o apoio do presidente Lula e, a partir daí, poderemos municipalizar. Ou seja, o município vai cuidar do Anel Rodoviário como cuida das ruas de Belo Horizonte, sem burocracia e de forma mais fácil. Para que não fique também congestionado daqui a um tempo mesmo, duplicando. É preciso o que eles chamam de rodoanel. Mas esse rodoanel não pode ser o rodominério do Zema, que é aquele que ele quer favorecer mineradora para escoar minério, que é extraído, às vezes, até de locais impróprios, como nas serras que rodeiam Belo Horizonte. Mas podemos ter um outro anel por fora. Tem um trajeto que tem sido estudado pelas prefeituras de Betim e de Contagem e eu como prefeito vou incluir Belo Horizonte no estudo desse trajeto, onde passariam por fora os caminhões que não precisam adentrar Belo Horizonte, que vão para São Paulo ou para o Rio.
Como o senhor pretende se relacionar com a empresa que hoje administra o metrô?
Eles não vão ter vida mole. Eu, como deputado federal, já fui lá fazer inspeção, até para não atrasar as obras. O compromisso é até 2028 e a empresa já está falando em romper o contrato, querendo fazer uma linha singela até o Barreiro. A linha singela é como, vamos dar um exemplo aqui, se fosse carro, uma mão única. Então, o trem vai e o trem volta na mesma linha. O trem que eu estou falando é o metrô, me desculpe, é o mineirês. Ele vai e volta na mesma linha. Não. O combinado foi que teríamos duas linhas e o preço está dessa forma. Uma vai e outra volta, porque senão você vai ter que esperar o metrô ir, depois espera voltar. Isso vai atrasar e congestionar as pessoas dentro das estações. Isso, por exemplo, eu já disse para a empresa que na minha prefeitura não tem acordo com isso, embora o governador Zema tenha dado o aval. Mas não é o que está no contrato. E o governo federal já enviou R$ 2,8 bilhões e o governo do Estado R$ 400 milhões, então são R$ 3,2 bilhões na conta da empresa, prevendo linha dupla até o Barreiro. Além disso, o contrato também prevê que todas as estações terão que ser todas revitalizadas e locomotivas novas também. As ‘novas’ que temos vieram do governo da Dilma. Depois não veio mais nada para o metrô. E ainda a remoção das famílias. É um valor grande. A empresa tem que respeitar o contrato e vai ser com muito rigor que eu vou fiscalizar. Acho um absurdo o prefeito de Belo Horizonte até hoje não ter feito uma visita nem na beira-linha para ver as famílias. E nem mandou o Urbel ver como soluciona o problema mais rápido. Depois, se atrasa a obra, vão dizer que a culpa ainda é dos pobres que moram ao redor da linha. Não, a prefeitura já tinha que ter feito isso. A secretária de Infraestrutura do governo Zema também nunca foi lá. Nós, deputados, fomos, e eu comecei a denunciar. A empresa já sabe que comigo não vai ser essa moleza que o prefeito e o governador estão dando para eles não.
Belo Horizonte perdeu grande parte da população e dos investimentos para cidades da região metropolitana. É possível reverter?
Tem vários aspectos. O Brasil vai crescer e vai crescer muito na economia. As pessoas às vezes não acreditavam nisso, principalmente os bolsonaristas. Ah, esse Brasil vai afundar com Lula. O Brasil cresceu no primeiro ano do governo Lula, muito além do que o mercado previa. E esse ano nós vamos crescer mais de 3%, se falava em menos de 1%. Esse crescimento é duradouro e sustentável. O ministro Haddad tem falado que é um crescimento de pelo menos dez anos. Porque no meio disso, fizemos uma reforma tributária. Ao invés de ficar fazendo reforma administrativa para poder enxugar a máquina do Estado, retirando serviços públicos, fizemos uma reforma tributária, sem que isso signifique mais impostos, mas facilite a cobrança e desburocratize o sistema. Com isso, e sendo mais justo, você arrecada e tem a certeza de que aquilo vai dar continuidade ao serviço público. Isso deu ao Brasil um gás importante nesse momento. Além disso, o presidente Lula sempre apostou no crescimento econômico a partir do crescimento da renda dos trabalhadores. Dado de agora, 5,8% foi o crescimento da renda nesse trimestre; 1,4% o crescimento do PIB. Então, o Brasil está crescendo. Geração de emprego, daqui a pouco vamos chegar à faixa de pleno emprego, como foi anteriormente. Emprego com carteira assinada, muito mais. E a inflação está em baixa e vai permanecer até o final do governo Lula, como as projeções já colocam. Nós estamos cuidando da inflação, do crescimento econômico, da geração de emprego, da geração de renda. Agora, se não tem um prefeito que acredita nisso, que fica só no dia a dia e não planeja, não cresce. Aí a cidade fica disputando com Nova Lima, quem é que leva migalha para lá ou para cá. Não é isso. Você tem que fazer um projeto de crescimento para Belo Horizonte. Não é nada absurdo dizer que vamos crescer o dobro do que o Brasil está crescendo em Belo Horizonte.
Como fazer a Capital crescer em um ritmo maior?
Turismo. Pega essa Serra do Curral, em vez de dar para a mineradora ficar estragando e poucos ganhando dinheiro, o povo nem sabe onde esse dinheiro vai, royalty é uma micharia para Belo Horizonte. Faz ali um parque nacional. Imagina o que vem de turismo. Aquela serra é um parque. É claro que ali você pode ter algum tipo de investimento, de restaurantes, por exemplo, de hotéis, de turismo. Olha o Carnaval em Belo Horizonte como está crescendo. Você pode fazer um incentivo e transformar Belo Horizonte. Uma cidade que recebe turista, para além do turismo de negócio. O que Belo Horizonte tem de arrecadação do PIB é em torno de 70% de serviço e comércio. É nisso que temos que apostar e não em indústrias. Indústrias hoje são para Contagem e outras regiões. Como o Instituto Federal, que levamos para o Barreiro, que foi também iniciativa minha, mão de obra qualificada. Se o prefeito, se uma liderança política apostar nisso, olha, Belo Horizonte vai crescer muito. E aí vamos ter crescimento do nosso empresariado, em especial do micro e do médio empresário. E têm medidas do plano diretor, do código de postura, que precisaremos readaptar, mas o fundamental é ter um projeto ousado de crescimento.
Passa, na sua opinião, por essa revisão do plano diretor também?
Podemos fazer a revisão, embora eu não seja favorável. Isso é uma discussão miúda. Ah, nós vamos resolver isso fazendo espigão no centro da cidade ou na Zona Sul. Com isso só vamos piorar o trânsito e ter um nível de qualidade de vida pior. Não vamos crescer economicamente com isso. Você pode ter um crescimento econômico muito maior e um incentivo à construção civil, trazendo o Minha Casa, Minha Vida de maneira mais ousada para cá. Ou aquece o setor da construção civil com outras iniciativas, por meio do turismo. O que adianta piorar a qualidade de vida das pessoas para tentar trazer um crescimento efêmero? Não é assim. Eu quero pensar Belo Horizonte grande. Longe de mim fazer qualquer comparação, mas imagine Juscelino Kubitschek naquela época, o que ele fez? Juscelino pensou grande, foi lá, fez a Lagoa da Pampulha, trouxe Niemeyer… ele criou algo que naquela época era distante e que deu um gás para o Belo Horizonte. Vamos pensar em coisas maiores para BH. Acho que BH merece.
Como o senhor vê a integração entre os prefeitos da região metropolitana? É um caminho na mobilidade, pensando na criação de um bilhete único?
Isso é papel político do prefeito. Temos que fazer essa liderança respeitando todos os municípios. A Marília Campos está muito bem colocada em Contagem e espero que ela seja reeleita, pois é uma prefeita excelente. E nós comungamos de ideias comuns. Isso vai facilitar que a gente possa conversar com o governo do Estado de igual para igual, representando os municípios da região metropolitana. A partir daí podemos fazer algumas exigências. E uma delas é o bilhete único, o transporte metropolitano digno. Isso depende muito do governo do Estado. O metrô, por exemplo, passou a ser gerenciado por ele após o processo de privatização. O governador não pode fazer como está fazendo hoje. Nós tínhamos uma passagem de R$ 1,80 no metrô, ela já está em R$ 5,50. Um crescimento muito superior à inflação nesse período. Por que acontece isso? Porque o governo do Estado não pensou em nenhuma forma de subsídio. Simplesmente entregou para uma empresa que faz o reajuste anual. O que tinha de subsídio vindo do governo federal, cortou. O governo não pode tratar essa questão do transporte como se não tivesse nada a ver com isso. É um transporte metropolitano. É a maior região metropolitana de Minas Gerais, uma das maiores do Brasil. O governador não pode tratar com descaso ou achar que o mercado resolve isso. Esse é o problema do Zema. Ele acha que o mercado resolve tudo. O mercado é muito importante, mas também precisa de impulsionamento do governo. Isso não é nenhuma tese socialista. Os bolsonaristas acham que isso é comunismo. Não. Isso é o próprio capitalismo, onde você faz investimento do Estado para ter um determinado tipo de crescimento. Isso precisa ser feito aqui. Vamos fazer e colocar o governo de Minas a combinar com a gente como vai ser feito.
Como o senhor pretende se relacionar com o Legislativo?
Minha vida quase que toda foi no Legislativo. Fui vereador por dez anos, tive quatro mandatos de deputado estadual e dois de federal. Sempre me dei muito bem com os meus pares, à exceção de alguns bolsonaristas que são difíceis. Esses aí não são dificuldades só minha, até a direita tem dificuldade de relacionar com bolsonaristas. Mas estando eles eleitos, vão ser respeitados também. Mas, em geral, nossa relação é muito boa. Pretendo conversar com o Legislativo, colocá-los como parceiros, entendendo o papel deles e os que são de oposição, que não atrapalhem. O Nikolas (Ferreira), por exemplo, é um contraexemplo. Ele liderou na Câmara (Municipal) o não financiamento de R$ 500 milhões para obras, em especial em Venda Nova. Isso é um absurdo. Uma Câmara rejeitar R$ 500 milhões para fazer obras importantes de saneamento, de contenção de água da chuva, para prejudicar um prefeito. Isso foge do bom senso. Mas isso é um ou outro. Espero que a gente não tenha na Câmara esse tipo de comportamento e vou, evidentemente, se isso acontecer, denunciar. Mas creio que vamos eleger uma Câmara boa de diálogo com todas as suas prerrogativas. Como sou parlamentar, sei bem tratar isso. Mas também fui gestor na época do presidente Lula. Fui delegado federal do Ministério de Desenvolvimento Agrário e fui campeão de trazer de Brasília coisas boas para Minas Gerais na área rural. Também sei muito bem dialogar com o governo e trazer aquilo que é importante.
E com o governador?
Vai ser um relacionamento institucional, mas com a cabeça erguida. Não dá para o governador chegar aqui em véspera de Carnaval e falar que o Carnaval é dele. Não é assim. O Carnaval tem que ser discutido. O que tem de investimento de um, de outro e quem toca. As questões relativas à Constituição e à lei orgânica é o prefeito.
Como pretende proceder em relação às mineradoras que atuam na Serra do Curral?
Não vai ter mineração na Serra do Curral. Já estou conversando com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) e vamos criar lá um parque nacional. No parque você proíbe duas atividades, mineração e especulação imobiliária. A Serra do Curral não é lugar mais de ter mineração e também especulação imobiliária. Se tivermos o parque nacional, melhor, porque podemos ter recursos. Mas se não tiver, eu vou fazer os estudos de um parque municipal. Mas, mineração lá não é o caso adequado. Eu fico às vezes fazendo comparação se alguém já pensou em minerar o Pão de Açúcar no Rio de Janeiro. Cartão postal não se minera. Respeita e protege. É isso que nós temos que fazer e ali ainda tem um recurso hídrico muito importante, tem fauna e flora. Vamos manter essas características para manter o clima de Belo Horizonte, que hoje está extremamente seco e não é à toa. Agora, além disso, no meu plano de meio ambiente, também vamos plantar uma árvore por habitante, liderar um movimento ambientalista em Belo Horizonte, nas escolas. É factível, é viável. Reflorestamentos são feitos nas zonas rurais, mas podem ser feitos nas cidades. Tem exemplos no mundo inteiro. Vamos criar dez parques em Belo Horizonte, um por cada regional. Também é um plano ousado para o meio ambiente, mas é factível e vamos fazer.
Como diversificar a economia belo-horizontina?
Temos o turismo e também a tecnologia de ponta. Belo Horizonte pode se transformar, e eu vou lutar para isso, na capital da vacina. Que importância tem isso? Hoje nós temos a UFMG, que é a melhor universidade pública do Brasil, eleita três vezes. E a característica principal dela é a saúde. Tem um centro nacional de vacinas sendo construído lá. Fui recentemente visitar com a ministra de Ciência e Tecnologia. Além disso, temos o BHTec e a Fiocruz. Podemos fazer uma tecnologia de ponta de fornecimento de vacina e de ciência. Tem um estudo agora, por exemplo, da vacina da dengue, que está avançada no UFMG. Se você cria um centro tecnológico avançado, isso também capta recursos com alta tecnologia. Têm também as feiras. As feiras são uma característica nossa. Herdamos do nosso interior, eu como deputado estadual visitei esse Estado inteiro. Todo esse artesanato maravilhoso que temos em Minas, é preciso valorizar em Belo Horizonte e a gente poder comercializar para o mundo inteiro. O artesanato de Jequitinhonha é uma coisa maravilhosa. Tem também a culinária. Belo Horizonte é uma Minas Gerais reduzida, no sentido de que vem gente de todo lugar. As pessoas brincam que Belo Horizonte parece uma roça grande. Mas é porque tem gente de toda Minas Gerais que forma essa cidade que a gente gosta tanto. Ela tem as características de Minas.
Também é preciso atuar na desburocratização?
Com certeza. Eu vejo, por exemplo, uma batalha grande dos queijos de Minas. É todo um processo, uma burocracia danada… quando eu era delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, não entendia por que tanta burocracia. A reforma tributária de certa forma, estando implementada, vai ajudar muito. Porque esse monte de imposto um sobre o outro, as pessoas não entendem, não sabem nem como paga. E o escritório de advocacia é caro para poder cobrar, para a pessoa estar em dia com as coisas. Vamos ter uma redução do número de impostos e vai facilitar a arrecadação, mas vai facilitar também a vida do empreendedor.
Quais suas propostas para a educação?
Para a educação eu tenho algumas propostas-chave. Primeiro para as trabalhadoras e trabalhadores, que eu tenho um compromisso, afinal de contas, fui fundador do Sindicato da Rede Pública e hoje na rede municipal é o Sindicato de Rede. Temos um compromisso de pagamento do piso salarial com a jornada de 22,5 horas. Para que isso aconteça vamos ter que ter crescimento econômico. Mas, ao mesmo tempo, uma mesa permanente de diálogo com o sindicato para construir o atendimento dessa reivindicação central. Tenho o compromisso também de não fazer nenhuma privatização ou terceirização em escola pública municipal. As nossas escolas são de excelência. Todos os professores e professoras de Belo Horizonte são concursados e concursadas porque garantimos a lei orgânica. É um quadro muito promissor. Têm também boas escolas com rede de estrutura boa. Esse compromisso de manter as escolas públicas é fundamental, porque o (Mauro) Tramonte é candidato do Zema, e o Zema tem uma política de privatização de escolas. E isso levaria a um desastre. Também não vamos municipalizar as escolas estaduais. Elas têm sua função e devem permanecer, até em respeito aos trabalhadores que fizeram concurso. Não à privatização, não à terceirização e não à municipalização de escolas estaduais. Eu acho que o outro compromisso é político-pedagógico. Eu quero fazer uma grande conferência municipal convidando os trabalhadores e trabalhadoras para, democraticamente, juntos construirmos um projeto político-pedagógico. E, por fim, criança de 0 a 6 anos, tempo integral para todas elas. É factível, é um projeto do ministro Camilo Santos, e vamos buscar recursos para todas as crianças terem escola de tempo integral. E o programa pé de meia do governo presidente Lula, que é para os jovens de ensino médio, que é aqueles R$ 200,00 que ele ganha por mês e depois R$ 1 mil ao final do ano, vamos fazer também para os estudantes jovens e adultos do ensino fundamental, porque isso é responsabilidade da prefeitura.
Para a saúde, o que o senhor propõe?
Vamos lançar um programa para enfrentar o problema das filas, que vai ser em conjunto com outro projeto que a prefeitura não quis aderir ainda, que chama Mais Especialistas, que foi feito pelo Ministério da Saúde do presidente Lula. Esse Mais Especialistas consiste em médicos e equipe de saúde especializada, além de convênios com hospitais que atendem ao SUS, principalmente aqueles que são 100% SUS, para exames e atendimento. Com isso você trata a questão da fila de maneira rápida e também desburocratiza. A ideia é fazer isso tudo através da internet. É uma maldade, viu? Vira e mexe eu recebo pessoas falando que está há dois anos numa fila para fazer exame. Hoje, a prefeitura não tem ar-condicionado para os centros de saúde e UPAs. Só as que ele fez através de PPP. Eu tive que colocar uma emenda de R$ 1 milhão com mais R$ 500 mil de um vereador. Ou seja, nós temos R$ 1,5 milhão de emenda para colocar ar-condicionado, porque a prefeitura não dá prioridade a isso. E uniforme para essa gente. Tivemos que apresentar emenda do governo federal, emenda parlamentar, para colocar uniforme para agente de saúde e filtro solar para que eles possam fazer o trabalho deles.
E para a segurança pública?
Eu proponho um maior controle da Guarda Municipal. Fiz uma emenda de R$ 900 mil e vamos colocar câmera em todos os policiais. Outro aspecto importante é a prevenção e a iluminação da cidade. O bolsonarismo quis fazer parecer que segurança é armar as pessoas. Não vamos fazer isso, não vamos sair armando as pessoas, achando que isso é segurança. No final das contas, esse armamento do Bolsonaro serviu para milícias e serviu para outros mal-intencionados que se agruparam em torno de caciques que quiseram, inclusive, dar um golpe na democracia no Brasil. Então, sair armando dessa forma não é solução e não é segurança pública. Serve muito mais para a segurança privada.
Se o senhor for eleito, qual será a destinação do terreno do Aeroporto Carlos Prates? Será para moradia popular?
A moradia eu tenho que resolver de qualquer jeito, senão a minha vice, a Bela, puxa a minha orelha. Como tenho dito, nós vamos ser um prefeito e uma prefeita e essa é a área que a Bela atua com muita ênfase e com muita competência e ela instrumentalizou isso como política pública. Através do Minha Casa, Minha Vida, nós podemos trazer mais moradia popular para a cidade. Vamos aproveitar o projeto do governo federal, que faz sessão de áreas para cumprir objetivos sociais e fazer essa doação para a prefeitura, buscando terrenos e prédios que podem servir de moradia. Já tem um na rua dos Caetés, com 53 famílias que já estão construindo seus lares e vamos fazer isso também na antiga escola de engenharia da UFMG. O Aeroporto Carlos Prates também foi cedido, graças a mim, como deputado federal, para a Prefeitura de Belo Horizonte. O capital imobiliário financeiro e especulativo queria era transformar aquilo em apartamento de luxo. Mas colocamos um freio e o presidente Lula doou para a prefeitura. Ali é prioritariamente para um grande parque e área verde. E além da construção de uma UPA, que a Noroeste não tem, um centro de saúde, uma escola de educação infantil em tempo integral e uma de ensino fundamental. Isso é o que já está doado, além da área do parque, que também já estava doado, no restante da área queremos fazer muita área verde e para cultura e moradia. Estão plantando o terror de que lá vai virar um favelão. Não é verdade. Vamos mexer também no trânsito, fazer, por exemplo, a abertura da Praça São José para a avenida Ivaí e para a Abílio Machado, ou seja, vai melhorar a mobilidade na região. Vamos tratar com muito carinho e com inovação, uma característica boa para aquele bairro.
Qual a Belo Horizonte você quer para o futuro, sendo eleito ou não?
Eu quero uma Belo Horizonte com mais justiça social. Eu fiz um programa de televisão com a Bela onde a gente mostra isso. As coisas que a cidade tem e precisa ampliar e aquelas que a cidade não tem. A área de periferia é muito mais adensada e as injustiças se concentram. Precisamos de uma cidade mais justa. Mas, ao mesmo tempo, uma cidade com coisas que eu ainda não citei, que tenha a Lagoa da Pampulha despoluída, que tenha córregos e rios despoluídos para que a gente possa fazer parques lineares, uma cidade que volte a ser cidade jardim, uma cidade com as crianças todas nas creches, uma cidade em que, ao invés de ódio, se dispute, na política, proposta. Propostas positivas, planos de governo, uma cidade democrática, uma cidade cosmopolita. Eu penso numa Belo Horizonte sendo exemplo para o Brasil.
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