Política

Salles é investigado em esquema de contrabando de madeiras nobres

Salles é investigado em esquema de contrabando de madeiras nobres
Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Brasília – Investigações da Polícia Federal que envolvem o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e outros servidores do Meio Ambiente, apontam para a existência de um esquema de facilitação e contrabando de madeiras nobres extraídas ilegalmente no País, que teria atingido milhares de metros cúbicos.

Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou uma operação de busca e apreensão de documentos e materiais eletrônicos em endereços ligados a Salles, sua quebra de sigilos bancários e fiscal de janeiro de 2018 até maio deste ano.

A decisão de Moraes inclui ainda as mesmas medidas para nove servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – incluindo o presidente, Eduardo Bim – e do ministério, além de empresários e empresas que teriam participado do esquema de exportação ilegal, além do afastamento imediato dos servidores.

Em entrevista, Salles afirmou que a investigação “não tem consistência” e o inquérito da PF induziu Moraes a erro.

“Entendemos que esse inquérito, pelo pouco que sabemos, foi feito de maneira que induziu o ministro-relator a erro para dar impressão que teria havido uma ação concatenada de agentes públicos. Essas ações jamais aconteceram”, afirmou.

Procurado, o presidente do Ibama não se manifestou, assim como a instituição, oficialmente.

O ministro do STF apontou, com base na investigação da PF, a “existência de grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais o qual teria o envolvimento de autoridade com prerrogativa de foro nessa Suprema Corte, no caso, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles; além de servidores públicos e de pessoas jurídicas”.

A investigação, de acordo com as informações passadas pela PF para o STF, iniciou depois de uma consulta do governo norte-americano sobre madeiras exportadas pela empresa Tradelink Madeiras Inc. A carga, apreendida no porto de Savana, na Geórgia, não tinha documentação oficial.

Consultado, o Ibama do Pará informou que a empresa não tinha a documentação necessária e que a Tradelink teria exportado ilegalmente pelo menos sete contêineres de madeira, sendo cinco para os EUA, um para a Bélgica e outro para a Dinamarca.

A empresa foi autuada e a madeira destinada à exportação, apreendida.

Algumas semanas depois, no entanto, o governo norte-americano recebeu um novo documento atestando a legalidade da mesma madeira apreendida e declarada ilegal pelo Ibama.

A partir das informações contraditórias, o adido do Serviço de Pesca e Vida Selvagem (órgão ambiental norte-americano) da embaixada em Brasília, Bryan Landry, enviou um ofício à PF manifestando “preocupações com relação a possíveis ações inadequadas ou comportamento corrupto” de representantes do órgão ambiental brasileiro e funcionários públicos responsáveis pelos processos de certificação.

Esse foi o início da investigação que culminou na operação de ontem. (Reuters)

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