Segundo mandato de Romeu Zema completa 100 dias

Entra governo, sai governo, e os 100 primeiros dias de um novo mandato são sempre considerados um marco da gestão. Passados os meses iniciais do ano, subentende-se que a “casa já foi colocada em ordem”, as metas traçadas, os principais projetos elaborados e é então chegada a hora de agir. Mesmo quando não há mudança de governo e o planejamento a ser seguido é de continuidade, a primeira quinzena de abril serve como uma referência do que está por vir. Este é o caso de Minas Gerais, que, em 2022, reelegeu Romeu Zema (Novo) para governador.
E é também o discurso adotado pela administração estadual, que não disponibilizou fonte ou qualquer material sobre os primeiros três meses de trabalho em 2023. O argumento é que mesmo com mudanças no alto escalão do governo, o trabalho será de continuidade. Mais do que isso, desde a campanha, por onde passa, o governador tem repetido inúmeras vezes que, enquanto o primeiro mandato foi dedicado à busca do equilíbrio das contas, agora o foco está na sequência de projetos dos quais depende o desenvolvimento de Minas Gerais.
“Temos metas importantíssimas para concluir: a conclusão dos seis hospitais regionais; a repactuação do Termo de Mariana; o reforço nas forças de segurança; a recuperação das estradas; e as obras da região metropolitana, do metrô e do Rodoanel”, citou em seu discurso de posse no dia 1º de janeiro na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Mas, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, cerca de um mês depois, ponderou que o principal desafio para esse mandato continua sendo a situação fiscal e orçamentária, diante da dívida de R$ 147 bilhões do Estado. E que à medida que se corrige o problema financeiro, outros são solucionados.
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Zema pode ser nome na corrida presidencial
Especialistas em gestão pública ouvidos pela reportagem avaliam como positiva a conduta do governador, mas alertam para a necessidade de interlocução com o legislativo, em referência ao impasse ainda existente em relação à aprovação do RRF e a possíveis agendas privatistas. Eles falam também da projeção nacional que já começa a elevar o nome de Zema como opção para a corrida presidencial de 2026.
Para o professor da Fundação Getulio Vargas – Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP), Marco Antônio Teixeira, Zema precisa manter a linha na gestão estadual. Segundo ele, os grandes problemas do primeiro mandato parecem ter sido superados, como o fim do parcelamento do salário do funcionalismo. Por outro lado, surgiram questões controversas, como o aumento de salário para o alto escalão.
“Também há embates ligados à mineração e ele continua governando sem maioria, o que em alguns momentos gera conflito. O ponto positivo é que agora ele está mais experiente. E já começamos a ver seu nome com capacidade de interferência no debate nacional. Político reeleito e com bom índice de aprovação”, diz.
Já o professor da Fundação Dom Cabral (FDC), Humberto Falcão Martins, acredita que passado o período de organização das contas do Estado, o novo mandato seja marcado por entregas efetivas. E prefere crer que qualquer intenção rumo à capital federal não vá atrapalhar os trabalhos do gestor em Minas Gerais.
“Acho que ele tem uma intenção de fazer um bom governo e se, de fato, conseguir, isso pode habilitá-lo em um futuro embate político nacional. Enquanto isso, é preciso trabalhar nos desafios que ainda se impõem ao desenvolvimento do Estado, como na legislação ambiental, no ambiente de negócios e carga burocrática que ainda atrapalha a competitividade dos negócios”, alerta.
Ações efetivas
Dos assuntos que Zema citou na cerimônia de posse, metrô e Rodoanel, de fato, parecem estar mais próximos de sair do papel. Dia 24 de março, o governo estadual e a empresa Comporte Participações assinaram o contrato de concessão do modal sobre trilhos da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mesmo diante da forte resistência por parte dos metroviários.
“Tá assinada a concessão do Metrô de BH, colocando um ponto final em mais de 20 anos de promessas. A construção da Linha 2 até o Barreiro e a modernização da Linha 1 vai agilizar a vida de quem mora na região metropolitana e gerar 30 mil empregos. Minas tem Gestão”, publicou Zema em suas redes sociais.
Dias depois, no último dia de março, também em meio a impasses, o governador assinou o contrato de concessão do Rodoanel Metropolitano. Maior obra de infraestrutura realizada pelo Estado por meio de uma parceria público-privada (PPP), o projeto ainda é alvo de críticas e questionamentos no que se refere ao traçado. Mas, conforme o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais, Pedro Bruno, alterações ainda poderão ser feitas durante a fase de licenciamento ambiental – prevista para ser concluída dentro de um ano e meio.
Já a repactuação do acordo de Mariana, que busca reparar os danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, da Samarco, ocorrido em 2015, ainda não foi concluída. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e outros representantes federais se reuniram com os governadores de Minas e do Espírito Santo na última quarta-feira (5) para tratar da questão.
Informações dão conta que ficou definido que um grupo de trabalho formado por técnicos dos três governos se reunirá a partir de segunda-feira (10) para definir os termos finais da repactuação e a expectativa é que o acordo seja concluído em 60 dias.
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