Senado instala comissão e confirma nomes

Brasília – O Senado instalou ontem a CPI da Covid e confirmou o desenho desfavorável ao governo nos postos-chave da comissão, tendo Renan Calheiros (MDB-AL) como relator, Omar Aziz (PSD-AM) como presidente, e o líder da oposição Randolfe Rodrigues (Rede-AP), como vice-presidente.
Proposta para investigar ações e omissões do governo federal no combate à pandemia, além dos repasses de recursos federais na área da saúde a entes federativos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) tem potencial para sangrar o governo e a leitura, de um lado e de outro, é que desenhará as tendências para as eleições de 2022.
Governo e parlamentares aliados trabalharam para desfazer a correlação de forças desfavorável e centraram a maior parte dos esforços nos questionamentos sobre a imparcialidade de Renan, sob o argumento que senador é pai do governador de Alagoas.
Mas o parlamentar assumiu a relatoria e já deu o tom que pretende imprimir nos trabalhos do colegiado, embora tenha prometido atuação isenta e despolitizada.
Renan afirmou que a tragédia da Covid-19 no País, com elevado número de mortes e de casos, poderia ter sido minimizada com “atitudes corretas, tempestivas, responsáveis e humanitárias”. Também indicou que levaria em conta aspectos científicos, sugeriu pedido de informações sobre a atuação do governo em relação a vacinas e também a medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus.
“A comissão será um santuário da ciência, do conhecimento e uma antítese diária e estridente ao obscurantismo negacionista e sepulcral, responsável por uma desoladora necrópole que se expande diante da incúria e do escárnio desumano”, declarou, em discurso assim que foi designado relator.
“Não podemos virar as costas para a nação. Há uma ameaça real de virarmos um apartheid sanitário mundial. Ninguém nos quer por perto. Brasileiros são discriminados no mundo, e corremos o risco de boicote aos nossos produtos.”
A possível indicação do senador chegou a ser suspensa em caráter liminar, na véspera, pela da Justiça Federal do Distrito Federal, a pedido da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro.
A suspensão foi revertida, no entanto, por determinação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, garantindo a indicação de Renan.
Roteiro – A CPI da Covid do Senado vai votar um plano de trabalho na quinta-feira (29) e deve ter o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta como o primeiro a prestar depoimento, na próxima terça-feira (4).
Os demais ex-ministros da pasta –Nelson Teich e Eduardo Pazuello– e o atual ocupante da pasta, Marcelo Queiroga, também devem ser ouvidos em breve. Ontem, a comissão formalizou sua instalação com a escolha dos integrantes que vão compor a mesa dos trabalhos.
Escolhido presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM) deu 24 horas de prazo para que os integrantes da comissão apresentem sugestões de tomada de depoimentos e informações a serem obtidas, que serão colocadas em votação na quinta.
De antemão, o relator da comissão, já apresentou uma lista de 11 pedidos e requisições de informações da CPI. Entre eles, informações do governo sobre tratativas e contratos de vacinas e insumos do Ministério da Saúde e documentos do governo federal relacionados a medicamentos sem eficácia comprovada e tratamento precoce.
Cauteloso com as palavras, o relator não se furtou a indicar que buscará apontar a responsabilidade de autoridades ao final das apurações. (Reuters)
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