Política

Senador Rodrigo Pacheco cobra punição aos golpistas

Senador Rodrigo Pacheco cobra punição aos golpistas
Senado aprovou ontem o decreto de intervenção federal na segurança pública do DF | Crédito: Edilson Rodrigues / Agência Senado

Brasília – O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), afirmou ontem que a ‘minoria golpista’ que invadiu as sedes dos Três Poderes conseguiu unir ainda mais as instituições. O senador disse que houve um crime e pediu punição individual aos envolvidos.

“Antes que alguém diga que esses acontecimentos constituíram excessos a manifestações democráticas de vontade popular, eu digo: esses acontecimentos são crimes. E, como crimes, devem ser tratados como tais. Não são excessos de manifestação democrática.”

“São crimes que devem ser punidos. Múltiplos crimes coletivos, mas praticados individualmente. É mais do que a invasão de um prédio, é mais do que uma quebradeira geral”, completou, afirmando que é preciso combater o que motivou as pessoas a tentarem “tomar de assalto a democracia”.

“É uma situação de desolação, de tristeza profunda, um sentimento muito negativo. Mas, se essas pessoas que praticaram esses crimes no dia 8 de janeiro acreditavam que pudessem fazer algo de relevante para o Brasil, fizeram. Além de depredar o patrimônio público de todos os brasileiros, fizeram foi unir mais as instituições do nosso País.”

Pacheco também afirmou que considera “muito adequado” que o ataque às sedes dos Três Poderes seja investigado em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos após a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021.

“Talvez esse fato, pela gravidade, pela magnitude dessa violação democrática, dessas agressões que o Estado de Direito sofreu no Brasil, eu considero muito pertinente”, disse, destacando que a decisão caberá ao próximo presidente. Pacheco deve disputar o cargo com Rogério Marinho (PL-RN).

Um dos requerimentos que pede a abertura de uma CPI, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), já recebeu o número necessário de apoios, mas parte dos senadores terminam os mandatos agora e terão suas assinaturas descartadas caso a comissão seja instalada no mês que vem.

Integrantes da Casa afirmam que são grandes as chances de funcionamento da comissão a partir de fevereiro, após a posse dos 27 senadores eleitos em outubro. Se a CPI fosse instalada antes disso, ela teria que ser encerrada ao fim da legislatura atual, em 1° de fevereiro.

O presidente do Senado afirmou ainda que a Polícia do Senado está incumbida de identificar os invasores um a um e afirmou que a Casa deve instalar uma comissão externa para acompanhar as investigações. A expectativa é de que os danos ao prédio sejam reparados em cerca de 40 dias.

Intervenção

O Senado Federal aprovou ontem a intervenção federal na segurança do Distrito Federal, medida decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo (8), enquanto golpistas invadiam os prédios dos Três Poderes.

O decreto foi aprovado de forma simbólica, sem a contagem de votos, mas oito senadores bolsonaristas se posicionaram contra, incluindo o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), líder do PL na Casa.

A votação foi semipresencial, mas líderes fizeram um apelo para que os senadores voltassem a Brasília e participassem da sessão presencialmente.

Na avaliação do Senado, era importante ocupar o plenário e passar a mensagem de que a Casa não foi intimidada pela invasão.

O decreto de intervenção federal tem força de lei a partir da assinatura do presidente, mas exige aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em regime de urgência. O Congresso pode apenas autorizar ou rejeitar o texto, sem alterações.

Antes da sessão, o presidente do Congresso caminhou pelo prédio para verificar os estragos, ao lado da diretora-geral, Ilana Trombka, da diretora do museu, Maria Cristina Monteiro, e do diretor da Polícia do Senado, Alessandro Morales. Pacheco estava de férias na França no domingo, mas antecipou a volta.

Flávio Bolsonaro fala em “narrativa mentirosa”

Brasília – O senador Flávio Bolsonaro rebateu ontem o que chamou de “narrativa mentirosa” que busca vincular o ex-presidente Jair Bolsonaro aos “atos irresponsáveis” que levaram no domingo à invasão e depredação dos edifícios-sede dos Três Poderes, na primeira manifestação pública em discurso de uma pessoa próxima ao ex-chefe do Executivo.

“Não queiram criar essa narrativa mentirosa como se houvesse uma vinculação de Bolsonaro com esses atos irresponsáveis, presidente Bolsonaro – como muitos aí já falaram – após o resultado das eleições, ficou em silêncio, se recolheu e está lambendo as feridas, nessa é a expressão que muitos estão usando aí, é o que ele está fazendo, praticamente incomunicável”, disse.

Em fala no Senado durante a discussão sobre o decreto de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal – ele votou contra -, Flávio Bolsonaro disse que quer fazer parte de uma comissão anunciada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para identificar e responsabilizar os envolvidos nos atos de vandalismo.

“Também quero fazer parte dessa comissão que vai acompanhar as investigações, faço questão de estar sim acompanhando pari passu que isso não seja um momento de uso político-eleitoral. O momento é muito grave, é muito sério, a gente não pode mais uma vez usar uma situação com fins político-eleitorais», destacou.

Primogênito de Bolsonaro e ex-coordenador da campanha do pai, Flávio Bolsonaro disse que desde segunda buscaram vincular o pai com o que ocorreu, classificando os atos de tristes, lamentáveis e injustificáveis, declarando que buscará a responsabilidade individual dos envolvidos e saindo em defesa do ex-presidente.

“Isso é fundamental porque nós fomos – o presidente da República por quatro anos repetiu à exaustão que sempre jogaria dentro das quatro linhas da Constituição. E não apenas no discurso, o fez na prática mesmo entendendo que em vários momentos foram usados atos contra ele fora da Constituição”, destacou.

Até o momento, Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde o dia 30 de dezembro, somente publicou no Twitter que os atos no domingo fugiram à regra.

“Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, publicou.

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