Setor produtivo critica pacote de corte de gastos do governo; veja avaliações

O setor produtivo mineiro viu com ceticismo e insatisfação o pacote de corte de gastos do governo federal, anunciado na noite de quarta-feira (27) – e detalhado na manhã de quinta-feira (28) – pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), José Anchieta, considerou a mensagem do titular da pasta econômica “vazia e contraditória”, por ser mais objetiva com a isenção do imposto de renda, do que com as medidas que vão diminuir os custos da máquina pública.
“Olha que incongruência: ele fala na eliminação do imposto de quem ganha até cinco salários mínimos. E isso é uma informação objetiva. Mas se a mensagem que ele se propusera era de redução de gastos, – vamos esquecer o efeito social positivo, por sinal, dessa redução de imposto – isso não é eliminação de gastos, isto é gasto. Então prometeu uma coisa, mas falou outra”, disse.
Anchieta considera vazia a proposta do governo, já que as medidas anunciadas por Haddad demandam tramitação complexa no Congresso Nacional para serem aprovadas, ou seja, não há garantia de que serão efetivamente realizadas. “Estamos em novembro, as contas da nação têm que ser fechadas no dia 31 de dezembro. E, do que ele falou, absolutamente não disse nada de concreto no que toca a corte de gastos”, critica.
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Para Fiemg, governo resolveu “fazer populismo”
O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, disse que o pacote de corte de gastos do governo federal não conseguiu atender as expectativas criadas com seu anúncio.
Roscoe declarou que, além de não reduzir despesas, o governo federal resolveu “fazer populismo” ao aumentar impostos das pessoas mais ricas, que, segundo ele, já pagam uma carga tributária alta e podem decidir retirar dinheiro do País. “Aí o aumento de receita não vai vir e só vai ficar com o aumento de despesa. Na prática, é aquele pacote que ao invés de cortar custo, só aumenta a despesa”, declarou.
O presidente da Fiemg afirmou que o governo federal terá de mudar todo o pacote de corte gastos rapidamente, para não “sangrar até a aprovação final” no Congresso Nacional, com uma deterioração do cenário econômico, que pode levar a cotação do dólar a um patamar de R$ 7 e a taxa básica de juros a 20%. “Tudo o que o governo fez foi aumentar imposto e gastos. A criatividade do ‘pacote de maldades’ vai chegando ao fim”, finaliza.
Fecomércio aponta que faltou articulação para corte de gastos do governo
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), disse, em nota, que a proposta reforça a visão de que o governo federal não se articulou o suficiente para avançar em reformas estruturantes, necessárias para melhorar as expectativas e a economia.
Assim, a entidade declarou que “essa situação compromete o combate à inflação, gerando desancoragem das expectativas, e exigindo resposta mais dura do Banco Central, através da alta dos juros”.
Além disso, a Fecomércio MG ressaltou sua preocupação com o aumento da dívida pública, que pode gerar instabilidade econômica e prejudicar o crescimento da economia, e que as medidas anunciadas são incapazes de estabilizar o endividamento governamental.
A entidade disse que era fundamental que, juntamente com as medidas de corte de gastos, o governo federal enviasse ao Congresso Nacional, uma reforma administrativa para diminuir o tamanho do Estado.
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