Política

Superávit primário atinge R$ 3,4 bi

Resultado de fevereiro divulgado ontem pelo Banco Central ficou acima das expectativas
Superávit primário atinge R$ 3,4 bi
Fernando Rocha afirma que a melhora nos resultados fiscais vem sendo construída mês a mês | Crédito: José Cruz/Agência Brasil

Brasília – O setor público consolidado brasileiro registrou um superávit primário de R$ 3,471 bilhões em fevereiro, informou o Banco Central ontem, no melhor resultado para o mês em dez anos, superando projeções de mercado.

Em pesquisa Reuters, a expectativa era de um déficit primário de R$ 8,6 bilhões no mês.

Com o saldo positivo, o resultado em 12 meses alcançou um superávit de R$ 123,427 bilhões, o que corresponde a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) – melhor desde abril de 2014.

O dado engloba as contas de governo central (governo federal, Banco Central e INSS), estados, municípios e empresas estatais e não inclui as despesas com juros.

O número de fevereiro foi impulsionado pelos saldos dos governos regionais, que vêm registrando ganhos de arrecadação com a retomada da atividade e o salto nos preços de combustíveis, além de um aumento nas transferências de recursos feitas pela União.

Os entes foram superavitários em R$ 20,172 bilhões em fevereiro. Foi o maior saldo para o mês da série histórica iniciada em 2002, e o segundo melhor resultado para todos os meses, perdendo apenas para setembro de 2021, quando o superávit ficou em R$ 27,3 bilhões.

Desse montante, o saldo dos estados ficou positivo em R$ 15,571 bilhões, enquanto os municípios ficaram no azul em R$ 4,601 bilhões.

As empresas estatais tiveram superávit de R$ 2,480 bilhões no período.

Por outro lado, o governo central ficou no vermelho, com déficit de R$ 19,181 bilhões. Apesar de negativo, o dado mostrou uma melhora em relação a fevereiro de 2021, quando houve um déficit de 22,508 bilhões.

De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, a melhora nos resultados fiscais vem sendo construída mês a mês. Segundo ele, não houve nenhum evento extraordinário em fevereiro para impulsionar os números de maneira atípica.

“Essa trajetória tem se consolidado fundamentalmente com maiores receitas e controle das despesas”, disse.

A dívida bruta do País ficou em 79,2% do PIB em fevereiro, contra 79,5% em janeiro. A dívida líquida foi a 57,1%, ante 56,6% no mês anterior.

Projeção da XP estima que a dívida bruta vai encerrar 2022 no mesmo patamar observado em fevereiro, de 79,2% do PIB.

“Apesar do melhor resultado no curto prazo, destacamos que a dívida pública deve retomar tendência de crescimento a partir do segundo semestre deste ano, com o maior impacto da elevação das taxas de juros pelo Banco Central”, avalia o economista da XP Tiago Sbardelotto.

Gastos com juros – Em relação ao gasto com juros nominais, o total do mês ficou em R$ 26,016 bilhões. No ano, o dado atingiu R$ 422,536 bilhões, equivalente a 4,78% do PIB, com o déficit nominal do setor público somando 3,38% do PIB. A nota foi apresentada pela autoridade monetária com aproximadamente um mês de atraso. A divulgação de indicadores pelo BC tem sido comprometida pela mobilização de servidores que pressionam o governo por reajustes salariais. A categoria aprovou a retomada da greve a partir desta terça-feira (3).

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