Venda de chip de IA no Brasil vai deslanchar com isenção tributária a data center, diz Nvidia
A Nvidia, hoje a empresa mais valiosa do mundo, espera que as vendas para data centers no Brasil engordem as suas receitas de janeiro de 2026 em diante, diz o diretor da companhia para América Latina, Márcio Aguiar. Hoje, os números são irrelevantes, em geral restritos a projetos de pesquisa.
“Nossa maior esperança é que o governo federal já oficialize o programa chamado Redata, que reduz os impostos nos componentes necessários para montar um data center”, afirma ele em relação ao Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center no Brasil.
No início de 2026, entram em vigor os efeitos de uma MP (medida provisória) que reduz a zero a alíquota dos impostos federais dos produtos comprados pelo setor de processamento de dados no país. A lista inclui os chips avançados da Nvidia, as GPUs (unidades de processamento gráfico), representantes de quase 90% das vendas da big tech.
O texto precisa ser avalizado pelo Congresso até 2 de janeiro.
O gigante da tecnologia está em busca de novos negócios pelo mundo que compensem o veto comercial americano à China. O CEO, Jensen Huang, viajou pelo mundo neste ano e anunciou acordos em Alemanha e Reino Unido, além de uma parceria com a finlandesa Nokia.
De acordo com Aguiar, o Brasil é um dos próximos na lista de anúncios. A equipe dele começou a se movimentar para encaminhar os pedidos feitos para abastecer data centers no Brasil.
A empresa mais valiosa do mundo, no balanço divulgado na quarta-feira (19), estima vendas na casa de US$ 65 bilhões (R$ 346,7 bi) no próximo trimestre (que vai até janeiro). São US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) a mais do que a média da expectativa dos analistas.
Os principais clientes da Nvidia são os grandes provedores de nuvem pública chamados de hyperscalers. Esse grupo inclui Amazon, Microsoft, Google e Huawei. Companhias voltadas à IA como Meta, OpenAI e Anthropic também compram muito.
Essas companhias estão expandindo para a América Latina, uma vez que os Estados Unidos estão perto do limite da capacidade elétrica para receber data centers, diz Aguiar.
“Começamos a ver um pouco de investimentos desse nível acontecendo no México”, afirma o executivo. A prioridade aos mexicanos se justifica por proximidade geográfica e acordos comerciais que eles têm com os Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa.
“Eventualmente, não vai ter como não vir para o Brasil”, diz Aguiar. O país oferece toda a infraestrutura necessária, incluindo energia limpa barata e conexão com outras partes do mundo. “O que hoje proíbe muito são os custos dos impostos isso inibe bastante o investimento local”, emendou.
Segundo Aguiar, o investimento de US$ 25 bilhões que a criadora do ChatGPT, OpenAI, anunciou na Argentina ainda não se converteu em compra de GPUs. A companhia argentina Sur Energy, que deve cuidar da construção e operação de data centers, ainda não procurou a Nvidia na América Latina.
Toda a plataforma do ChatGPT foi desenvolvida com GPUs da Nvidia, o que foi um dos motivos da disparada no valor de mercado da empresa desde novembro de 2022, quando se lançou o chatbot.
O GPT-4, uma versão anterior do ChatGPT, foi desenvolvido com 25 mil GPUs funcionando a todo o vapor por cerca de cinco meses. Cada unidade desse equipamento custa um valor entre US$ 40 mil e US$ 50 mil.
A Nvidia planeja ganhar mercados emergentes com o lançamento do DGX Spark. É “o menor supercomputador de IA do mundo”, também mais barato do que os servidores tradicionais da big tech.
Aguiar diz que muitas empresas ainda têm a percepção equivocada de que a IA só é possível com “10 mil GPUs”, quando seria possível começar com um sistema de cerca de R$ 40 mil.
A Nvidia, diz o executivo, está colhendo os frutos de um planejamento a longo prazo que fez ao redirecionar seu negócio dos jogos de videogame à inteligência artificial começou em 2010. O mercado de robótica e carros autônomos é a próxima aposta do gigante dos chips.
“Embora esse segmento seja discreto comparado a data centers, já gera quase US$ 2 bilhões por ano e deve dobrar em dois anos”, afirma o executivo. A divisão de automotiva e robótica da empresa cresceu 32% ano a ano.
RAIO-X NVIDIA
Fundação: abril de 1993
Lucro líquido no último trimestre: US$ 4,35 trilhões (R$ 23,46 trilhões)
Valor de mercado: US$ 1,942 bilhões (R$ 9,476 bilhões)
Funcionários: 36.000
Área de atuação: Design de chips, inteligência artificial e robótica
Concorrentes: AMD, Intel, Qualcomm e Broadcom
Conteúdo distribuído por Folhapress
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