Turismo

Projeto de enoturismo valoriza produção de vinhos do Sul de Minas

Se o Sul do País é famoso por este segmento do turismo, Minas Gerais já é apontada como um destino de grande potencial para quem produz e ama a bebida
Projeto de enoturismo valoriza produção de vinhos do Sul de Minas
A vila de casas será equipada para oferecer conforto e conexão | Crédito: Divulgação Enovila

Mais do que uma bebida histórica e produzida em todo o mundo, o vinho movimenta um mercado global de life style com arcas que são verdadeiras grifes, rótulos que denotam distinção e status social e econômico, cursos e, principalmente, viagens.  Estima-se que, em 2023, o enoturismo gerado por todo esse amor pelos vinhos tenha movimentado US$ 85,1 bilhões e chegue a US$ 292,5 bilhões em 2033, segundo a consultoria Future Market Insights Global.

De acordo com a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), em 2019, o número de “enoturistas” vinha crescendo de 10% a 15% ao ano, com destaque para municípios da região da Serra Gaúcha (RS). Em 2022, o ano começou com 85% do patamar pré-pandemia na aviação e de mais de 80% de ocupação da rede hoteleira, de acordo com o Ministério do Turismo. 

Dados recentes do portal Vinho Brasileiro colocam o País no ranking dos cinco maiores produtores do hemisfério sul, com produção estimada de 700 milhões de quilos de uva ao ano. São mais de mil vinícolas e 50 mil famílias envolvidas na viticultura. O consumo brasileiro é de cerca de 2,7 litros per capita/ano. 

Se o Sul do País é famoso pelo enoturismo, Minas Gerais já é apontada como um destino de grande potencial para quem produz e ama vinhos. Já com uma produção bastante tradicional, o Sul de Minas foi a região escolhida para abrigar o empreendimento Enovila. O projeto, com orçamento de R$ 140 milhões, permite aos sócios terem a experiência de um dono de vinícola a partir de um sistema de compartilhamento.

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Serão construídas 60 casas, projetadas pelo renomado arquiteto Gustavo Penna, em duas fases. Toda a estrutura será erguida em uma área de quase 2 milhões de metros quadrados, em Bom Sucesso, no Sul do Estado, dentro do condomínio Vivert, a 30 minutos de Lavras. Lá está também a vinícola parceira Alma Gerais, comandada por Alessandro Rios. 

O objetivo é que o complexo proporcione aos sócios a oportunidade de terem rótulos exclusivos, uma adega própria, fazerem o próprio blend, além de uma residência ao lado do vinhedo, entre outras experiências.

A Enovila foi idealizada pelos irmãos e empresários mineiros Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios, que já atuam no mercado alimentício, em empresas como Jeito Caseiro (indústria de pães congelados), Verde Campo (hoje pertencente ao Grupo Coca Cola) e Vida Veg (substitutos lácteos veganos), todas sediadas em Lavras. 

irmãos e empresários Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios divulgação enovila
A Enovila foi idealizada pelos irmãos e empresários mineiros Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios | Crédito Divulgação Enovila

“O vinho propõe aos seus admiradores um verdadeiro estilo de vida. Todo mundo quer ter uma vinícola, desenvolver blends, receber os amigos e oferecer o seu próprio vinho, mas esse mundo não é feito só do prazer que a bebida proporciona. É um mundo de muito trabalho, que vai da preocupação com o clima até as burocracias de toda empresa. O que a Enovila oferece é a oportunidade do sócio viver apenas a parte do aprendizado e do prazer. A parte dura do negócio fica com a gente”, explica Alberto Junior. 

A vila de casas será equipada para oferecer conforto e conexão. Embora sejam independentes, os imóveis estarão unidos por um mesmo telhado e por uma única parede frontal, para trazer ainda mais a sensação de comunidade e a sutileza dos valores de uma vila real.

Os sócios já começarão a viver toda a experiência disponível em julho deste ano e terão as suas casas, que é um meio para vivenciar toda a atmosfera oferecida, entregues, no máximo, em janeiro de 2027. A fração/cota custará a partir de R$ 360 mil, e terá uma taxa de manutenção, que inclui todo o serviço de hotelaria e as experiências, de R$ 500 mensais. Cada sócio deve produzir, em média, 150 garrafas por ano.

“Cada sócio terá quatro semanas por ano na casa, sendo uma a cada três meses. Dessa forma todos poderão acompanhar todas as etapas do processo, participando de todos os detalhes e sutilezas da plantação à taça. Além disso, teremos eventos exclusivos para a comunidade, como degustações e harmonizações com vinhos, encontros e viagens para destinos de enoturismo”, pontua o empresário.

Também será possível ao associado fazer um acompanhamento, via aplicativo, de todas as etapas do que está acontecendo no local, com câmeras dispostas ao vivo para monitoramento do vinhedo, mesmo quando ele não estiver hospedado, além de notícias constantes de tudo o que está sendo feito ali. 

Sobre as semanas de imersão, quando o proprietário não quiser ou puder usufruir, poderá passar para outro sócio, a ser combinado entre as partes. 

“O repasse das semanas – seja gratuito ou com pagamento – só poderá ser feito entre os proprietários. O cerne do empreendimento é o sentido de comunidade. Por isso, diferente do timeshare, as pessoas são proprietárias e não apenas detentoras do uso. E também por isso, a troca ou venda de semanas também precisa ser entre os membros. Não são imóveis para serem alugados por temporada”, destaca.

Vinhos mineiros ganham prêmios e indicam mercado promissor para o enoturismo

As recentes premiações de vinhos mineiros dentro e fora do Brasil corroboram com a visão dos empresários idealizadores da Enovila. Este ano, o Sabina Syrah foi escolhido pela segunda vez o melhor vinho tinto brasileiro pelo Guia Descorchados, do crítico Patrício Tapia, que avalia vinhos dos países da América do Sul. O rótulo está em sua terceira safra e obteve 93 pontos na publicação. Ele é produzido pela Sacramentos Vinifer com uvas da Serra Canastra. A safra de lançamento (2021) do Sabina Syrah já havia sido reconhecida pelo Decanter Wine Awards, obtendo 92 pontos. 

O vinho Tinto do Turvo safra 2022, da vinícola Quintas do Carcará de Capitólio, conquistou a terceira colocação no Prêmio CNA Brasil Artesanal 2023 – Vinhos e Espumantes. O vinho premiado foi produzido na vinícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), em Caldas, no Sul de Minas. “O Sul de Minas já tem uma produção histórica e devemos render homenagens a todos os pioneiros. Nos últimos anos, essa produção evoluiu muito e o desenvolvimento da técnica da dupla-poda trouxe uma qualidade superior ao produto da região. Escolhemos o entorno de Lavras pelas condições naturais de produção, por sermos da região e também porque temos uma mão de obra muito qualificada. A Universidade Federal de Lavras (Ufla) é uma grande geradora de pesquisas e profissionais para o setor. A nossa expectativa é gerar cerca de 60 empregos diretos na Enovila”.

O projeto já nasce com planejamento para fomentar o enoturismo e toda a cadeia produtiva do vinho nacional e internacionalmente, com novas áreas sendo prospectadas no estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul, mas o primeiro desses novos projetos será também mineiro. O empreendimento será em Tiradentes, na região do Campo das Vertentes.

“Já compramos a fazenda em Tiradentes e, essa semana, surgiu a oportunidade de já planejarmos a internacionalização a partir de Mendoza (Argentina), que é um destino muito conhecido e frequentado por brasileiros. Mas o foco agora é começar a entregar as experiências da primeira Enovila, tornar não só a nossa produção, mas o vinho mineiro e as paisagens do Sul de Minas mais conhecidos e oferecer aos apaixonados pelo vinho a oportunidade de produzir, de vivenciar toda a beleza da viticultura sem o lado pesado que o negócio exige”, completa o sócio da Enovila.

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