Semana Santa: turismo religioso deve atrair 550 mil pessoas em Minas Gerais

A atmosfera de fé e tradição que se entrelaça com a arquitetura colonial das cidades históricas de Minas Gerais, cria um cenário ideal para quem busca pelo Estado a fim de aproveitar a Semana Santa. Com a projeção de receber um fluxo de 550 mil turistas neste ano, o governo de Minas acredita na consolidação do Estado como o destino brasileiro mais procurado para o principal feriado do calendário cristão em todo o País.
O vice-governador de Minas Gerais, professor Mateus Simões (Novo) avalia que o período é uma forte alavanca de movimentação econômica e as tradições da fé mineira são uma vitrine para a movimentação turística pelos municípios.
“Estamos esperando R$ 5,5 bilhões circulando em torno da economia do turismo religioso e a Semana Santa é o nosso período de maior atração de visitantes de fora. Ela bate o recorde de todos os outros períodos do ano em Minas Gerais”, diz.
Como medida para intensificar o fomento ao turismo religioso, o Minas Santa 2025, programa do governo que chega a sua terceira edição, prova que a Semana Santa de Minas não se resume somente às celebrações religiosas e procissões pelas ladeiras de pedra. “Ela oferece uma rica programação turística que combina fé, arte, gastronomia e cultura”, acrescenta o vice-governador.
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Para este ano, o programa apresenta ações que ampliam a oferta de atividades nos 853 municípios e mais de mil distritos, e ainda convida os visitantes a explorar mapas turísticos exclusivos, como a Rota dos Santuários, que passa pelas cidades de:
- Caeté,
- Congonhas,
- Mariana,
- Tiradentes
- e São João del-Rei.
Esse caminho permite descobrir os trechos de peregrinações e santuários que são patrimônio cultural e religioso da fé mineira.
De acordo com o pró-reitor da Basílica de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), padre Samuel Fidelis, as rotas moldadas para o contexto turístico contribuem para uma expressão de tudo o que envolve o patrimônio mineiro.

“O que temos feito é organizar o Estado para que esse movimento possa se potencializar na Semana Santa. Temos este período como um grande momento de retiro de resgate espiritual e o diferencial nas Minas Gerais é que do ponto de vista da arquitetura, do ponto de vista da música e da própria culinária, tudo isso se transforma também em beleza na dimensão interna da espiritualidade e da contemplação”, pontua o sacerdote.
A fé que ‘move’ ladeiras
As cidades históricas de São João del-Rei e Tiradentes, localizadas no interior de Minas, figuram entre os destinos mais procurados por turistas na região. A proximidade entre os dois municípios, separados por apenas 12 km, contribui para o fluxo turístico religioso, que atrai cerca de 40 mil visitantes anualmente.

Outro ponto positivo da facilidade de acesso entre as cidades permite com que os turistas possam explorar as riquezas culturais e arquitetônicas de ambas em uma única viagem. Em Tiradentes, por exemplo, o prefeito da cidade, Zé Antônio do Pacu (PSDB) enaltece a riqueza histórica da Igreja Matriz de Santo Antônio, símbolo das artes barroca e rococó.
“É emocionante a experiência de viver a Semana Santa em Tiradentes, diante da Matriz, que é uma igreja tão importante para o Brasil, visto que ela é a segunda mais rica em ouro do Brasil, além de uma importância histórica, pois nela aconteceu em 1738, o casamento dos pais do nosso conterrâneo alferes Tiradentes”, diz o prefeito.
Para o Superintendente de Turismo e Cultura de Tiradentes, Henrique Rohrmann, os turistas vão experimentar uma Semana Santa, que vai além do apelo de fé, “É uma semana importante para a cultura da região, do qual usamos ainda boa parte do imaginário original, utilizado ao longo dos séculos, assim como as peças sacras que ficam expostas hoje no Museu da Liturgia e, nesta época voltam para a igreja”, comenta.
Segundo ele, um dos pontos altos na cidade dos sinos é a arte musical atrelada aos momentos cênicos. “Ela é muito singela e representativa pela Sociedade Orquestra e Banda Ramalho, que tradicionalmente fazem os atos internos e externos, com músicas de compositores mineiros do século XVIII até o século XXI”, acrescenta.
Tradições tricentenárias se moldaram com o tempo
Conciliar as tradições com a atual situação de cidade turística não é uma tarefa fácil, segundo o historiador aposentado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Olinto Rodrigues dos Santos Filho. Segundo ele, os turistas que visitam as cidades históricas não entendem muito bem o que é a tradição religiosa, e seu contexto de fé e de prática.
“Não é só uma coisa para o turista ver. É uma tradição de fé. Então é muito complicado, é questão de carros, de estacionamentos, de barulhos e de música. Nós temos muitos problemas com as músicas nos restaurantes, nos bares, principalmente na Sexta-feira da Paixão, que necessita de uma produção muito silenciosa, uma paixão por inteiro, que hoje não tem”, pontua.

Olinto Filho lembra que as tradições religiosas da Semana Santa é um patrimônio imaterial, pois ele vai mudando com o passar do tempo e se adaptando a si mesmo. “Então as coisas vão mudando, afinal a igreja mudou. Tudo era cantado em latim, hoje uma parte em português. As cerimônias foram todas reduzidas, porque antigamente a pessoa ficava o dia inteiro dentro da igreja, e muita coisa foi se transformando, Antigamente, as procissões eram cedo por causa de não existir luz elétrica, então era tudo muito escuro, hoje temos outra realidade”, conclui.
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