Turismo

Exigência de visto para turistas dos EUA, Canadá e Austrália pode afetar turismo em Minas

Representantes da hotelaria e de agências de viagem de Minas alertam para possível queda no fluxo internacional de turistas
Exigência de visto para turistas dos EUA, Canadá e Austrália pode afetar turismo em Minas
Crédito: Adobe Stock

A volta da exigência de visto por parte do governo Federal para turistas dos Estados Unidos, Canadá e Austrália que queiram visitar o Brasil, em vigor desde esta quinta-feira (10), acende um alerta entre representantes do setor turístico em Minas Gerais. Embora o impacto imediato deva ser pequeno, especialmente no turismo corporativo, lideranças da hotelaria e das agências de viagem veem a medida com preocupação – principalmente em relação ao turismo de lazer.

“Qualquer tipo de burocracia para viajar tende a impactar na demanda por um destino. Com certeza, num primeiro momento, a exigência de visto pode gerar uma redução no fluxo de turistas desses três países, inclusive em Minas Gerais, principalmente no segmento de lazer”, afirma o consultor da MVS Consultoria Hoteleira, Maarten van Sluys.

O vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens em Minas Gerais (Abav-MG), Alexandre Brandão, também demonstra preocupação com os efeitos da medida sobre o turismo no Estado. “Só nos prejudica. Na prática, a exigência do visto pode afetar sim o turismo em Minas, pois esses países estão entre os que mais enviam turistas estrangeiros ao Brasil”, afirma.

Dados do Painel de Chegadas de Turistas Internacionais ao Brasil, da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), mostram que, em 2024, o Brasil recebeu cerca de 6,7 milhões de turistas estrangeiros. Desses, 728.537 vieram dos Estados Unidos, 96.540 do Canadá e 52.888 da Austrália. Do total de visitantes internacionais, pouco mais de 43 mil entraram no País por Minas Gerais.

“Minas já não é um estado com forte entrada de turistas internacionais. Qualquer entrave ou obstáculo à vinda de estrangeiros pode impactar. A exigência de visto pode levá-los a repensar e optar por destinos com entrada mais facilitada”, explica Brandão.

Turismo de negócios deve sentir menos efeitos

De acordo com Van Sluys, o turismo de negócios deve ser menos afetado, já que esse tipo de viajante vem ao País com objetivos profissionais e compromissos previamente definidos. O consultor hoteleiro destaca que empresas canadenses, australianas e americanas têm forte presença em Minas, especialmente no setor de mineração.

“Temos várias empresas desses países atuando em Minas Gerais por conta das mineradoras. O fluxo desse público é significativo no Estado, muito mais do que o de lazer. Hoje, o turista de lazer desses três países não representa nem 4% da demanda hoteleira em Minas”, pontua.

Mesmo estimando um impacto reduzido, o setor hoteleiro se posiciona contra a exigência dos vistos. “A hotelaria, da qual sou consultor, vê com insatisfação essa exigência, pois é um fator que pode causar um efeito negativo, mesmo que momentâneo, especialmente no turismo de lazer”, afirma Van Sluys.

Setores ligados ao turismo tentam reverter medida

Apesar de a decisão já estar em vigor, representantes do setor turístico ainda buscam formas de pressionar por uma revisão. “A hotelaria está engajada para tentar conseguir uma nova suspensão da exigência ou ao menos a ampliação dos prazos”, conta Van Sluys.

Segundo Alexandre Brandão, a Abav-MG também tem atuado junto a parlamentares, mas até o momento sem retorno. “Estamos tentando o que é possível. O G20 [grupo das 20 maiores empresas do setor] está mobilizado. Já estamos há duas semanas trabalhando fortemente contra isso, mas infelizmente não tivemos avanços até agora”, lamenta.

Minas Gerais quer ampliar atração de turistas internacionais

Minas Gerais tem se destacado como um dos principais destinos turísticos do Brasil, impulsionado por sua rica herança histórica, pela gastronomia reconhecida internacionalmente e por paisagens naturais diversas.

Cidades como Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina atraem turistas com seu patrimônio colonial preservado. Regiões como a Serra da Canastra e o Circuito das Águas vêm se consolidando como polos de ecoturismo e turismo de bem-estar.

“O que precisamos, de fato, é fortalecer o marketing das nossas belezas e características para atrair mais visitantes estrangeiros. Hoje, nosso turismo ainda é majoritariamente regional, estadual e interestadual, com baixa participação internacional”, conclui Van Sluys.

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