Mulheres têm mais acesso à formação acadêmica em Minas; veja as áreas predominantes

Educação, Artes e humanidades, Saúde e bem-estar. Estas são as áreas de formação superior dominadas pelas mulheres em Minas Gerais. Para marcar o Dia da Mulher, comemorado neste sábado (8), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reuniu alguns resultados do Censo 2022 que evidenciam a formação das mulheres mineiras, além de dados sobre o papel feminino na composição domiciliar.
Em 2022, em Minas Gerais, mais de 2,6 milhões de pessoas tinham ao menos o nível superior de graduação concluído, sendo que destas, mais de 1,5 milhão eram mulheres e pouco mais de 1 milhão eram homens. Os dados reforçam, portanto, os resultados do Censo 2022 que mostram que as mulheres têm maior número médio de anos de estudo e maior nível médio de instrução.
A técnica do IBGE Nayla Lopes destaca que as mulheres conseguem ter mais acesso à formação em cursos superiores em Minas Gerais. “Mas quando colocamos uma lupa e observamos as áreas de formação em Minas, uma tendência é de que as mulheres se formem em áreas geralmente menos valorizadas do ponto de vista social e econômico, o que impacta diretamente no retorno salarial”, salienta.
Quando são observadas as áreas gerais de formação dos cursos superiores concluídos em Minas, as mulheres correspondem a 93,3% das pessoas formadas em cursos da área de Educação. A segunda maior proporção de mulheres aparece na área de Artes e Humanidades, com 70,4% das pessoas do sexo feminino entre as formadas; completando o ranking de predomínio feminino, os cursos de Saúde e bem-estar contavam com 70,0% de mulheres entre as pessoas formadas na área.
Confira quais cursos tiveram mais mulheres entre os formados em Minas Gerais
- Serviços de beleza (98,5%),
- Formação de professores sem áreas específicas (95,8%),
- Ciência da educação (92%)
- Serviço social (91%),
- Enfermagem (86,8%),
- Letras (85,2%)
- e Psicologia (85%).
Veja as áreas proporcionalmente com menos mulheres formadas em Minas em 2022
- Áreas de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) (19,6%)
- Cursos relacionados a Engenharia, produção e construção (30,5%)
- Agricultura, silvicultura, pesca e veterinária (36,6%)
Por outro lado, o curso de Medicina, que geralmente conta com maior prestígio social na área da saúde, tinha 48,0% de mulheres entre os formados até 2022 em Minas Gerais.
Saiba quais cursos superiores tiveram as menores proporções femininas entre os formados
- Engenharia mecânica e metalurgia (9,0%)
- Eletricidade e energia (11,4%)
- Eletrônica e automação (18,5%)
- Gestão e desenvolvimento de sistemas de informação (19,1%)
- Ciência da Computação, com somente (21,3%)
“Quando falamos das áreas com predomínio masculino, citamos mais as engenharias e tecnologias de informação e comunicação. Quando você pega os dois extremos, você vê que as formações que geralmente são mais valorizadas em termos salariais e até mesmo de prestígio social, elas tendem a ser mais ocupadas, proporcionalmente, por homens. Então, as menos prestigiadas socialmente e financeiramente com predomínio de mulheres”, avalia a técnica do IBGE.
Apenas dois cursos tradicionais no País, Direito e Gestão e administração, tinham as proporções mais equilibradas entre homens e mulheres no Estado: 51,3% e 51,5% de mulheres formadas, respectivamente.
As mulheres e seus domicílios em Minas Gerais
O levantamento do IBGE também mostrou que as mulheres são responsáveis por 86,4% dos domicílios monoparentais em Minas, revelando que as mulheres dedicam mais horas de sua semana para cuidar de pessoas e afazeres domésticos.
Quando se verifica a intersecção entre sexo e cor ou raça, marcadores sociais relevantes para compreender a estrutura de desigualdades do País, a situação é ainda mais discrepante.
“Em 2022, enquanto homens brancos empregavam uma média de 11,3 horas semanais nos afazeres domésticos e/ou cuidados de pessoas, as mulheres pretas ou pardas dedicavam, em média, 23,1 horas por semana a essas atividades”, compara Nayla Lopes.
O Censo 2022 também evidenciou que, tanto no Brasil quanto em Minas Gerais, os domicílios com as configurações familiares mais tradicionais – isto é, com a pessoa responsável, o/a cônjuge, com filhos de ambos ou sem filhos – tinham como responsáveis, majoritariamente, os homens (aproximadamente dois terços do total).
As proporções mais equilibradas entre homens e mulheres responsáveis aparecem naqueles domicílios com pelo menos um filho somente do responsável ou somente do cônjuge e em domicílios com outro tipo de composição.
“As mulheres, historicamente, ao longo das décadas, tendem a despender mais horas das suas semanas com afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Se olhar no ambiente doméstico, as mulheres tendem a usar mais tempo com esse cuidado pessoal, sendo, muitas vezes, por formação ou por profissão. Elas se formam também, majoritariamente, no comparativo com os homens, nesses cursos que são voltados para cuidar de pessoas. Mulheres predominam na enfermagem, mas homens predominam na medicina”, avalia.
Já os domicílios monoparentais – ou seja, com a pessoa responsável sem cônjuge e com filhos ou enteados – eram, predominantemente, de responsabilidade das mulheres (86,4% em Minas e 86,5% no Brasil).
Os dados do Censo de 2022 mostraram também que, até os 59 anos, os domicílios com único morador (unipessoais) são proporcionalmente mais masculinos. Mas, no grupo de pessoas com 60 anos ou mais de idade, o predomínio passa a ser feminino – isto é, mulheres que moram sozinhas são maioria no grupo de idade mais avançada.
Numa análise da composição étnico-racial dos domicílios unipessoais das pessoas com 60 anos ou mais, a maior proporção de mulheres nesse grupo etário em domicílios unipessoais, em Minas Gerais, ocorre no grupo de pessoas brancas: 63,9% dos domicílios unipessoais de pessoas dessa cor ou raça eram ocupados por mulheres.
Quando observamos os domicílios unipessoais de pessoas pardas com 60 anos ou mais, a proporção é de 56,8% de mulheres, enquanto, nos domicílios com morador único da cor ou raça parda, ainda nesse grupo de idade, 55,8% eram ocupados por mulheres.
Segundo Nayla Lopes as mudanças sociais são muito lentas. “Mudanças na estrutura social de um País ocorrem de forma mais devagar, mas não quer dizer que elas não aconteçam. Ao longo dos anos vamos observando pequenas mudanças paulatinamente acontecendo. Agora, isso tudo depende mesmo de mostrar para as para as mulheres que elas podem estar em outros lugares”, reforça.
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