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Partner Rapid entrega mais por menos

Modelo comercial da Peugeot, clone do Fiat Fiorino, aposta em mais equipamentos e menor preço
Partner Rapid entrega mais por menos
Crédito: Amintas Vidal

A Fiat sempre inovou no Brasil. O 147, seu primeiro produto nacional, deu origem a dois modelos comerciais, picape e furgão.

O Uno, em sua primeira geração, manteve a tradição e, também, recebeu essas duas variantes, ambas batizadas Fiorino. Somente em 1999, com o lançamento da Strada, picape derivada do Palio, o nome Fiorino passou a ser exclusivo do furgão.

Praticamente inalterado até 2013, em 2014 o Fiorino ganhou o design da segunda geração do Uno, quatro anos após o seu lançamento. Antes de sair de linha, essa última geração do Uno recebeu duas reestilizações que não chegaram ao Fiorino.

Com a despedida do Uno em 2021, o Fiorino ganhou uma reestilização própria, painel e peças da nova Strada e uma merecida sobrevida, tanto que o grupo Stellantis lançou, em 2022, o mesmo modelo com a marca Peugeot, o Partner Rapid.

Veículos recebeu o Peugeot Partner Rapid Business Pack para avaliação. No site da montadora ele é oferecido por R$ 110,99 mil na cor branca sólida, única disponível.

Essa versão completa fazia par com uma básica, na ocasião do lançamento do modelo, mas, atualmente, ela é a única variante ofertada.

Mesmo sem a versão básica e mais barata, o Peugeot Partner Rapid Business Pack ainda é R$ 2 mil mais em conta que o Fiorino, também vendido em versão única e completa.

Além desta diferença de preço e alguns equipamentos a mais, a Peugeot também oferece programas de manutenção com valores inferiores.

Revisões

A somatória das seis primeiras revisões custa R$ 4,3 mil, ou seja, R$ 500 a menos do que é cobrado para o Fiorino.

Além desta diferença no preço, a marca informa que mantém, em algumas concessionárias, a Rede Peugeot Pro, estrutura de pessoal e equipamentos para atender, exclusivamente, aos proprietários de veículos comerciais.

Finalizando as vantagens do furgão da Peugeot, o plano de atendimento pós-venda que garante a satisfação dos clientes nestes serviços foi ampliado para este público.

O Peugeot Total Care Pro tem três compromissos extras, totalizando 13. Os novos são: atendimento por consultor especializado, entrega do veículo lavado após a revisão e faturamento de peças e serviços para a empresa por meio de boleto bancário.

Os principais equipamentos de série do Partner Rapid Business Pack são: ar-condicionado; chave com telecomando; computador de bordo; direção hidráulica; volante e banco do motorista com regulagem em altura; travas e vidros elétricos; predisposição para som (2 alto-falantes dianteiros, 2 tweeters e antena) e rodas em aço estampado nas medidas 5.5 x 14 polegadas, cobertas por calotas e calçadas com pneus 175/70 R14.

Em segurança, pouco mais que os itens obrigatórios atualmente. São eles: aviso sonoro de cinto de segurança desafivelado; faróis de neblina e DRL integrado aos faróis; ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade); airbag duplo; freios ABS com EBD; hill holder (assistente de partida em rampa) e parede divisória em chapa na cabine.

Motor e câmbio

O motor é o conhecido Fire Evo 1.4 bicombustível. Ele tem quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro com variação na admissão, tudo em um comando simples tracionado por correia dentada.
A injeção é indireta multiponto e sua taxa de compressão é 12.25/1. Ele desenvolve torque máximo de 12,2/11,8 kgmf às 4.000 rpm e a potência atinge 86/84 cv às 6.000 rpm, com etanol e gasolina, respectivamente.

O câmbio é manual de cinco (5) velocidades e usa embreagem monodisco a seco. As diferenças entre o Fiorino e o Partner Rapid são pequenas.

Externamente, apenas a grade superior, os nomes nos frisos laterais e as identificações e emblemas traseiros são distintos. O furgão da Peugeot traz a mais as calotas e as luzes de seta nos retrovisores.
Internamente, na cabine, tudo idêntico. Logicamente, volante e chave canivete receberam a marca da Peugeot.

No baú, o piso do Partner Rabid vem com uma espécie de tapete emborrachado para proteger a lataria de riscos, outra diferença em relação ao Fiorino.

Volume

O volume de carga no baú é de 3,3 m³ e, a capacidade de carga, considerando os ocupantes e o tanque abastecido, é de 650 kg.

Segundo a Peugeot, na cabine existem 18 litros adicionais para objetos, inclusive há um nicho para máquina de cobrança por cartão.

As portas assimétricas do baú, normalmente, se abrem em 90°, mas, localizada na própria dobradiça, existe uma trava que, quando liberada, permite que as mesmas se abram em 180°, facilitando a utilização em docas, por exemplo.

Dentro do baú, sobre o teto da cabine, existe um nicho para objetos menores e com peso de até 10kg, espaço prático protegido por bandeja plástica.

Como veículo de carga, outros dados são importantes: o modelo pesa, já abastecido, 1.102 kg. Com carga total, passa para 1.752 kg.

Sem carga, sua altura é 1,90 metro e, quando carregado, abaixa para 1,88 metro. A largura da carroceria é de 1,64 metyro, mas, considerando os retrovisores, são 1,89 metro.

Medindo 4,41 metros de comprimento, seu diâmetro de giro é de 10,8 m. Com 23° de ângulo de entrada e 26,9 ° de ângulo de saída, o Partner Rapid é um veículo de carga bem dimensionado para o meio urbano.

É fácil encontrar vagas para o modelo, relativo ao grande volume de carga transportado, assim como manobrar em garagens e acessar as mesmas quando essas têm rampas.

Crédito: Amintas Vidal

Limitação

A grande limitação do furgão é a visibilidade traseira. O painel metálico que separa a cabine do baú é interiço, não tem abertura alguma e, mesmo que tivesse, as portas traseiras não contam com vidros, são igualmente feitas totalmente em chapa de aço.

Dessa forma, sequer existe retrovisor interno na cabine, obrigando ao motorista adaptar-se a usar apenas os retrovisores externos em manobras de estacionamento e na condução diária.

Inexplicavelmente, a Stellantis não oferece sensor de aproximação traseira, muito menos, câmera de marcha à ré para ambos os modelos.

São equipamentos que deveriam ser de série, mas não existem nem como opcionais. Nos sites das marcas não encontramos estes equipamentos nem mesmo como acessórios.

Pelo menos, o tamanho dos retrovisores é bom e a área alcançada pelo espelho convexo é grande. Mais compreensível para um furgão, pois o foco é o trabalho, também não existe nenhum sistema de som, muito menos, multimídia. Apenas a preparação para instalar um rádio ou similar.

Equipamentos

Outros equipamentos garantem o conforto a bordo. O ar-condicionado analógico tem botões em tamanhos diferentes, algo que permite o uso cego, o mais seguro.

Ele é eficiente no tempo de resfriamento, manutenção da temperatura e, na primeira velocidade de ventilação, nem se ouve seu funcionamento. Nas demais velocidades, o ruído é o normal para um sistema de entrada.

O quadro de instrumentos é completo. Conta com todas as informações básicas concentradas em dois marcadores analógicos, velocímetro e conta-giros, e um display eletrônico com os níveis do combustível e da temperatura do sistema de arrefecimento.

Ao centro do mesmo, o computador de bordo mostra dados únicos de consumo, autonomia, quilometragem, tempo e velocidade média.

A direção hidráulica cumpre a função de aliviar o trabalho de esterço, mas ainda é pesada em manobras de estacionamento, se comparada aos modelos elétricos. Em cidades e estradas o peso é adequado, garantindo conforto mínimo necessário no dia a dia.

Como as dimensões são contidas para um veículo de carga, transitar entre os carros é uma experiência muito próxima a conduzir um SUV compacto, pois as dimensões externas, considerando os retrovisores, são muito próximas aos destes modelos tão comuns atualmente.

O que não deixa a função tão fácil é a limitação de visibilidade traseira que descrevemos anteriormente.

Furgão é confortável, tendo a suspensão como destaque

Não conseguimos carga pesada para avaliar o furgão com seu limite de peso. Sendo assim, fizemos as avaliações no mesmo padrão que utilizamos com os outros modelos, ou seja, apenas o motorista e sem peso relevante no baú.

Como em todos os modelos acertados pela Fiat, as suspensões se destacam. Para estes furgões, na dianteira, o sistema McPherson é comum a de outros carros de passeio: rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais e barra estabilizadora.

Amortecedores hidráulicos, telescópicos de duplo efeito, e mola helicoidal fazem o trabalho de amortecimento.

Atrás, a arquitetura é desenvolvida para carga. O eixo é rígido, os amortecedores também são hidráulicos, telescópicos de duplo efeito, mas os elementos elásticos são molas parabólicas longitudinais simples e, não, um fecho de molas, como é mais comum em caminhões, garantindo funcionamento mais silencioso.

Este sistema é muito semelhante ao que equipa a picape Strada, mas no Partner Rapid o conforto de marcha é ainda melhor, pois o peso do baú sobre o eixo traseiro segura mais o movimento de trabalho da suspensão, fazendo a mesma oscilar em uma frequência mais baixa, mesmo quando o baú está vazio, minimizando os típicos “pulinhos” da traseira em veículos de carga.

Todo o conjunto filtra bem as irregularidades do piso, transferindo baixo nível de vibração para a cabine, também relativo ao tipo de veículo.

Porém, a ressonância proveniente do baú é inevitável. Quando vazia, essa grande “caixa acústica” amplifica todos os barulhos aerodinâmicos, de atrito dos pneus e de funcionamento do conjunto mecânico.

Evolução

Motor e câmbio do Partner Rapid carregam a evolução que este conjunto da Fiat atingiu.

Longe de ser o ideal, o curso do câmbio continua um pouco longo, mas os batentes estão mais firmes e os engates mais precisos do que nos Unos que avaliamos até 2016, quando eles receberam o motor Firefly. Provavelmente, o Fiorino apresenta igual melhora, mas ainda não o avaliamos.

Na cidade, as relações mais curtas das marchas favorecem a agilidade. Nas três primeiras marchas o furgão fica esperto, tracionado pelo motor e reativo ao curso do acelerador, condição necessária para deslocar até 580 kg a mais.

Na quarta e quinta marchas é possível andar bem solto nas velocidades mais baixas das vias urbanas.
Em estradas, o tipo de carroceria influencia muito as reações do furgão, tanto em dinâmica como em conforto acústico.

Circulando na quinta e última marcha, aos 90 km/h, o motor trabalha às 2.850 rpm, e aos 110 km/h, ele gira às 3.400 rpm, regimes de rotação elevados para circulação rodoviária.

Mesmo assim, nessas velocidades, não é difícil manter um ritmo constante, pois, com pouco curso do acelerador, ele permanece mais embalado que o esperado para rotações tão elevadas.

Nessas duas condições, o ruído que invade a cabine é constante, um misto dos barulhos provenientes do atrito dos pneus, do arrasto aerodinâmico, do funcionamento do motor e do diferencial, conjunto acústico que pode cansar os ocupantes em viagens mais longas.

Para a proposta do veículo, ele entrega mais conforto de marcha que o esperado, estabilidade suficiente para uma condução responsável, intrusão acústica característica de modelos de carga e desempenho necessário para ser eficiente em seu uso comercial.

Consumo

Usando apenas gasolina, conseguimos boas médias para um motor de quatro cilindros e aspirado, normalmente, menos econômicos que os de três cilindros e turbo alimentados.

Relativamente, o Peugeot Partner Rapid foi mais econômico aos 110 km/h que aos 90 km/h, algo que indica maior eficiência do modelo no deslocamento por inércia na maior velocidade.

Em nosso teste padronizado de consumo rodoviário, realizamos duas voltas no percurso de 38,4 km, uma mantendo 90 km/h e outra os 110 km/h, sempre conduzindo economicamente.

Na volta mais lenta atingimos 16,5 km/l. Na mais rápida, 14,6 km/l.

No circuito urbano de 6,3 km realizamos quatro voltas, totalizando 25,2 km. Simulamos 20 paradas em semáforos com tempos entre 5 e 50 segundos. Vencemos 152 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo do acidentado percurso.

Nessas condições severas, o furgão da Peugeot finalizou o teste com 10,1 km/l de gasolina. Se o modelo contasse com o sistema stop/start, poderia ser ainda mais econômico ao circular por centros urbanos, sua principal vocação.

A Peugeot tem uma ampla linha de modelos comerciais leves, inclusive um furgão 100% elétrico.

Mesmo com uma rede de concessionárias quatro vezes menor do que a da Fiat, o Partner Rapid pode representar uma economia substancial nos custos de aquisição e manutenção, principalmente para empresas que investem em frotas maiores.

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