EUA ameaça com novas sanções e Turquia promete retaliar
Washington/ Istambul – Os Estados Unidos (EUA) estão alertando que mais pressões econômicas podem estar reservadas para a Turquia se o país se recusar a libertar um pastor norte-americano preso, disse uma autoridade da Casa Branca, na terça-feira (14), em uma disputa que prejudica as relações entre os dois aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A dura mensagem ocorre um dia depois que o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, se encontrou em particular com o embaixador turco Serdar Kilic sobre o caso do pastor evangélico Andrew Brunson. Bolton avisou-o de que os Estados Unidos não dariam qualquer apoio, afirmou uma importante autoridade dos EUA. O funcionário da Casa Branca, falando à Reuters sob condição de anonimato, disse que “nada progrediu” até o momento no caso de Brunson. “O governo vai ficar extremamente firme nisso. O presidente está 100% empenhado em levar o pastor Brunson para casa e, se não virmos ações nos próximos dias ou uma semana, poderemos tomar novas medidas”, declarou. Outras medidas provavelmente tomariam a forma de sanções econômicas, disse o funcionário, que acrescentou: “A pressão vai continuar se não virmos resultados”. As relações entre Turquia e Estados Unidos ficaram prejudicadas pela detenção de Brunson, assim como por interesses divergentes sobre a Síria. Trump dobrou as tarifas sobre as importações de aço e alumínio da Turquia na semana passada, contribuindo para uma queda na lira. Os EUA também estão considerando uma multa contra a estatal Halkbank, da Turquia, por supostamente ajudar o Irã a escapar das sanções dos Estados Unidos. Brunson é acusado de apoiar uma tentativa de golpe contra o presidente turco, Tayyip Erdogan, há dois anos, o que ele nega. Brunson apelou novamente a um tribunal turco para libertá-lo da prisão domiciliar e suspender sua proibição de viagens, disse seu advogado à Reuters. Retaliação – O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, também afirmou, na terça-feira, que o país boicotará produtos eletrônicos dos Estados Unidos como retaliação em uma disputa com Washington que contribuiu para provocar quedas recordes da moeda turca, a lira. A lira perdeu mais de 40% de seu valor neste ano e atingiu uma baixa histórica de 7,24 em relação ao dólar na segunda-feira (13), abalada pelos receios com os clamores de Erdogan por taxas de juros mais baixas e pela deterioração dos laços com os EUA. A fraqueza da lira repercutiu nos mercados globais. Sua desvalorização de até 18% somente na sexta-feira (10) afetou as ações norte-americanas e europeias, já que os investidores se preocuparam com a exposição dos bancos à Turquia. Erdogan diz que a Turquia é alvo de uma guerra econômica e fez vários apelos para que os turcos vendam seus dólares e euros para blindar a moeda nacional. “Junto com nosso povo, nós nos oporemos decisivamente contra o dólar, os preços em forex, a inflação e as taxas de juros. Protegeremos nossa independência econômica nos unindo estreitamente”, disse ele a membros de seu partido AK, em um discurso. “Imporemos um boicote a produtos eletrônicos dos EUA. Se eles têm iPhones, existe a Samsung do outro lado, e temos nosso próprio Vestel aqui”, destacou, referindo-se à empresa de eletrônicos turca, cujas ações subiram 5%. Washington impôs sanções contra dois ministros de Erdogan devido ao julgamento de um pastor evangélico norte-americano na Turquia por acusações de terrorismo e, na semana passada, aumentou tarifas a exportações de metais turcos. Erdogan disse que seu governo oferecerá incentivos adicionais a empresas que planejam investir em seu país e que essas não devem se intimidar pela incerteza econômica.
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