Pó de basalto já está ganhando o País

Os estudos sobre pó de basalto, que vem sendo conduzido desde 2019 pela Prefeitura de Uberlândia, na região do Triângulo, estão chamando a atenção de outros estados.
Apontado como uma alternativa para reduzir o uso de fertilizantes importados, os estudos sobre o pó basalto foram apresentados em Porto Franco, no Maranhão.
O projeto mineiro, chamado Polo Agromineral Verde do Brasil Ministro Alysson Paolinelli, servirá de modelo para implantação de um projeto semelhante na cidade sul maranhense.
De acordo com o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão, os estudos sobre pó de basalto têm comprovado a eficiência como remineralizador de solo, trazendo resultados positivos para a produtividade e sanidade das plantas tanto em pequenas e médias propriedades quanto em grandes lavouras.
“Nossos testes, com dosagens diferentes, apontam para excelentes resultados a partir da aplicação de 2 toneladas do pó de basalto por hectare, com impacto no ciclo seguinte apenas com o residual. Isso mostra que temos um produto de alta qualidade que pode reduzir os custos do produtor com o preparo do solo e no cuidado das plantas, uma vez que elas se tornam mais resistentes a intempéries e pragas”, esclarece o prefeito.
Os resultados positivos têm incentivado a busca por informações sobre o produto. Segundo Leão, a cidade já recebeu visita técnica de representantes da Prefeitura de Buritizeiros, no Norte de Minas.
Os resultados também já foram apresentados para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Mato Grosso. E, agora, o Polo Agromineral Verde servirá de exemplo para a implantação de um segundo pólo, em Porto Franco, no Maranhão.
“A empresa Campo e o prefeito de Porto Franco vislumbraram a possibilidade de criar um segundo polo agromineral. Conhecendo nossa experiência em Uberlândia, foi feito o convite para falarmos aos produtores rurais e mineradoras daquela região, onde foram identificadas formações de basalto”, acrescenta.
Ainda segundo Leão, a iniciativa de Uberlândia foi apresentada em palestra e tem sido inspiração para Porto Franco, que acabou de lançar o projeto de implementação de um Polo Agromineral Verde específico da região.
“Na nossa palestra, pudemos mostrar que os remineralizadores de solo são uma realidade e também o presente e o futuro da agricultura nacional. A sustentabilidade e a responsabilidade ambiental são um caminho sem volta e precisamos seguir buscando soluções nesse sentido. Com base no percurso que já trilhamos em Uberlândia, Porto Franco poderá encontrar sua própria jornada com pesquisa, estudo e empenho político”, explica Leão.
Pensando nos pequenos produtores, a Prefeitura de Uberlândia confirmou que ainda em fase de teste, o pó de basalto tem sido aplicado em diferentes culturas como alface, rúcula, couve, tomate, beterraba e também pastagens.
Com a aplicação de 8 toneladas de pó de basalto por hectare, a produtividade do tomate, por exemplo, aumentou 20% em comparação com áreas que receberam a adubação padrão. O ganho foi de 80 toneladas por hectare, com frutos maiores e mais pesados.

Na pastagem, o quilo de massa verde aumentou 68,22% por hectare com a aplicação de 12 toneladas do remineralizador por hectare.
Em grandes propriedades, através da parceria com a Companhia de Promoção Agrícola e Tecnologia (Campo), os estudos envolvem o milho safrinha, soja e culturas como eucalipto e café.
Entre as grandes propriedades, foram feitos testes na produção de soja da Fazenda Pombo, em Uberlândia. “Tanto na safra 2021/2022 quanto na de 2022/2023, aplicamos 5 toneladas desse remineralizador. No primeiro ano, houve um aumento de 5,87 sacas por hectare beneficiado. Na atual safra, o ganho subiu para 6,74 sacas por hectare”, explicou Leão.
Ao promover a produtividade, o pó de basalto gera uma redução de custos para o produtor e também será importante para reduzir a dependência pela importação. Hoje, 70% do insumo usado para fazer o adubo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) é importado.
“É dependência de um mercado que pode desabastecer por inúmeros motivos. Ou seja, o basalto tem alto potencial de remineralização dos solos, pois, além de cálcio, magnésio e potássio, fornece também outros macros e micronutrientes importantes para o solo e, consequentemente, para as plantas”.
Ainda segundo Leão, o mais importante do pó de basalto é que ele se torna um aliado do produtor, pois impactará o uso racional de fertilizantes sintéticos, possibilitando, a médio prazo, menor necessidade desses recursos para bons resultados.
“Além disso, o uso do pó de basalto vai reduzir a necessidade de defensivos agrícolas, uma vez que as plantas com deficiências minerais é que estão mais suscetíveis às pragas”, aponta.
Atualmente, o pó de basalto só pode ser utilizado nas unidades de pesquisas, mas, as mineradoras participantes do projeto de Uberlândia já estão em busca dos registros.
“Para a venda do pó de basalto, é necessário ter um registro junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para produção e comercialização desse subproduto da mineração. Em Uberlândia, já há mineradoras que estão nesse processo e o registro deve ser obtido em breve. No momento, as propriedades que utilizam o basalto são as que integram nossa pesquisa”.
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