O uso do pó de basalto como remineralizador tem gerado resultados positivos. Em testes realizados na produção de hortaliças em Uberlândia, foi verificado ganho em produtividade e também na qualidade nutricional dos produtos. A prefeitura de Uberlândia vem investindo na busca de alternativas para reduzir a dependência dos fertilizantes importados, e uma das alternativas é o uso do pó de basalto.
De acordo com o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão, o pó de basalto obtido das rochas de Uberlândia tem altas taxas de minerais, especialmente de cálcio, silício, potássio e magnésio. Por meio de um trabalho conjunto com a empresa Companhia de Promoção Agrícola – Campo, foi concluído o Estudo de Eficácia Agronômica, que comprovou cientificamente que o basalto da região pode ser utilizado como remineralizador.
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“Nos testes, tanto com as hortaliças quanto com outras culturas, o que vemos é um aumento não só da produtividade, mas também da qualidade nutricional destes produtos”.
Em experimentos realizados na fazenda da Fundação Municipal de Excelência Rural de Uberlândia (Ferub), em parceria com a Secretaria Municipal de Agronegócio, Economia e Inovação, foi aplicado o pó de basalto na proporção de uma tonelada por hectare para o cultivo de alface.
No resultado do primeiro ciclo, foi verificado um ganho de 19,42% no peso da cabeça da alface. Além disso, com basalto, a alface foi enriquecida com diversos minerais. Foram encontrados 4,8% a mais de magnésio, 3,8% a mais de fósforo, 4,8% a mais de potássio e 14,5% a mais de cálcio.
Outros cultivos
A aplicação também foi feita em outros cultivos. No caso do brócolis, a amostra cultivada com basalto tinha altura 2% superior e peso 43,58% maior do que a amostra sem o pó. Os ganhos em produtividade e nutricionais também foram observados nos testes feitos com couve, tomate, cebolinha, pastagens, milho, feijão e chuchu.
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Segundo Leão, para se ter uma dimensão da produtividade proporcionada pela aplicação do pó de basalto, nos testes com tomate em seu primeiro ciclo, o remineralizador proporcionou um aumento de 1.140% de frutos grandes em relação ao plantio feito sem o pó de basalto. Isso é importante porque no mercado o valor do tomate é proporcional ao seu tamanho.
Além disso, o descarte de frutos com algum dano chegou a ser 87% menor. Em uma colheita sem aplicação de pó de basalto, 15 tomates foram considerados fora do padrão. No tratamento que recebeu o remineralizador, apenas dois foram considerados com baixo valor comercial.
No segundo ciclo de cultivo, com o plantio de rúcula e alface, após cinquenta dias, foram colhidos mais de 2 mil maços das hortaliças. Todos com folhas e peso bem acima da média.
“Agora, estamos tabulando as estatísticas do segundo ciclo de todas essas culturas”, explicou Leão.
Uso do basalto
O pó de basalto não é usado, exatamente, para substituir algum produto, mas para contribuir para o desenvolvimento das lavouras e para a redução de custos para o produtor. Hoje, cerca de 70% do insumo usado para fazer o adubo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) é importado. Além de ser um custo a mais para o produtor, significa também a dependência de um mercado que pode desabastecer por inúmeros motivos.
“A Rússia, que está em guerra com a Ucrânia, é um dos maiores fabricantes globais de fertilizantes e um dos principais fornecedores de insumos para o Brasil. O basalto tem alto potencial de remineralização dos solos, pois fornece macro e micronutrientes importantes para as plantas. Portanto, o mais importante do pó de basalto é que ele se torna um aliado do produtor, pois aumenta a eficiência dos fertilizantes sintéticos para bons resultados. Além disso, vai reduzir o uso de defensivos agrícolas, uma vez que as plantas bem nutridas se tornam mais resistentes ao ataque de pragas e doenças”, explicou o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão.
O pó de basalto é um produto natural, processado e refinado pelas mineradoras e para que os minerais dessa rocha possam ser absorvidos pelas plantas de forma mais eficiente e rápida, é preciso que o pó esteja em uma granulometria específica, ou seja, bastante fino.
“Esse é o único tipo de processamento pelo qual o basalto passa para ser usado na agricultura. O que essa inovação requer é uma definição da quantidade adequada do pó de basalto a ser aplicado no solo e, por isso, estamos fazendo testes. Para um tipo de lavoura, a dosagem de 1 tonelada por hectare pode ser mais que suficiente. Em outro tipo de lavoura e conforme as características do solo, podem ser demandadas outras dosagens. Fora essas questões técnicas, que são comuns ao manejo de qualquer lavoura, o pó de basalto é de fácil aplicação e sem riscos para a saúde humana ou de animais”.
De acordo com Odelmo Leão, o estudo sobre o pó de basalto foi iniciado em 2019 e é desenvolvido em duas frentes: os cultivos em grandes propriedades e em lavouras experimentais focadas na agricultura familiar.