Política

Setor produtivo faz críticas ao aumento do ICMS sobre supérfluos

Aumento em 2 pontos percentuais da alíquota do imposto foi aprovado de forma definitiva pela ALMG
Setor produtivo faz críticas ao aumento do ICMS sobre supérfluos
Votação em segundo turno do Projeto de Lei 1.295/2023, de autoria do governo estadual, foi realizada ontem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais | Crédito: Guilherme Dardanhan/ALMG

O setor produtivo reprovou e criticou a aprovação definitiva do projeto de lei que aumenta em 2 pontos percentuais o ICMS sobre produtos considerados supérfluos em Minas Gerais. Na avaliação das entidades, o impacto será extremamente negativo tanto para as empresas e consumidores quanto para o próprio Estado, que poderá perder companhias para outras regiões.

De autoria do governador Romeu Zema (Novo), o PL 1295/2023 foi aprovado, em 2º turno, nessa quinta-feira (28), pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A proposta prevê que a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de itens como cervejas, perfumes e celulares salte de 25% para 27%. O texto agora retorna para sanção do Executivo.

Conforme o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Júlio Gomes, o setor comercial, que é sensível a qualquer alta tributária, será bastante impactado pela decisão. E na visão dele, os efeitos serão imediatos, visto que a cadeia de suprimento é ágil na aplicação de aumento de preço gerado por imposto.

“Já estamos vivendo um momento na economia nada favorável. Então temos a convicção de que o consumo será afetado por aumentos que possam ocorrer nos produtos. Essa é uma convicção absoluta do setor comercial, que teremos um impacto na comercialização de produtos”, afirmou.

Um dos afetados pelo parecer favorável serão as cervejarias mineiras e os amantes da bebida. Segundo o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas-MG), Marco Falcone, os produtores já pagam quase 59% de impostos e esse novo incremento do ICMS representará um retrocesso no crescimento do setor cervejeiro, além de significar uma elevação no preço final do produto em cerca de 16%.

Elevação do ICMS desestimula as empresas

Falcone ressaltou que o setor está desanimado com a situação e foi punido por produzir e dar lucro aos cofres públicos, sendo esse aumento incompreensível, inadmissível e intolerável. Conforme ele, a cadeia produtiva da cerveja é a que mais cresce no País, com alta de 15% ao ano, percentual que é ainda maior nas cervejarias do Estado, porém vai retroceder com essa decisão.

O dirigente, que também é presidente da Federação Brasileira das Cervejas Artesanais (Febracerva) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cerveja Artesanal, no Ministério da Agricultura, em Brasília, ainda fez duras críticas ao governador. De acordo com Falcone, não havia motivo para aumentar o ICMS e Zema prometeu que não aumentaria impostos em seu governo.

“Gostaria de ressaltar que sempre lutamos para que investissem em Minas, mas, infelizmente, eu tenho que falar o contrário hoje: ‘Não invista enquanto esses governos que são absolutamente incompreensíveis pelas suas atitudes tiverem no poder, porque o que eles vão querer sempre é usurpar os cofres públicos para tapar os buracos que eles mesmos criaram’”, criticou.

Citando ser uma injustiça, Falcone recorda que o Estado era o terceiro maior produtor de cerveja do Brasil e agora tende a cair no ranking. A incoerência tributária, como denominou a situação, desestimulou tanto os produtores mineiros que, segundo ele, algumas indústrias já estão a procura de outros estados que apoiam e valorizam esse tipo de empreendimento para se instalarem.

Mencionando ser uma tamanha injustiça fiscal, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), também criticou o governo. Por nota, a entidade disse que o setor se sente revoltado e que não pode mais suportar que o poder público os enxerguem como supérfluos. É válido destacar que a majoração do ICMS não afetará produtos de preparações para higiene bucal e fios dentais, como estava previsto anteriormente.

Infográfico – 2
Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas