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The Growth Brands alavanca marcas nativas digitais

The Growth Brands, do mineiro Felipe Siqueira, cria pista de crescimento para marcas consideradas do futuro
The Growth Brands alavanca marcas nativas digitais
Crédito: Divulgação/The Growth Brands/Giuliana Sartorelli

“Meu trabalho é ver a alma do empreendedor”. Assim, Felipe Siqueira, cofundador da The Growth Brands – grupo que investe e faz crescer marcas de fashion, tech e wellness -, define seu papel no mundo dos negócios. Mas muito mais do que isso, ele é um verdadeiro “caçador” de marcas que carregam o futuro.

A The Growth Brands alavanca marcas nativas digitais, com foco em brand awareness (reconhecimento de marca) e performance.  Atualmente, a empresa tem participação societária em cinco marcas – Camys, de roupas femininas que combinam conforto, matérias-primas nobres e moda; a iQ, DNVB (Digitally Native Vertical Brand ou em português, Marca Vertical Digitalmente Nativa), focada em roupas de ciclismo com design, sofisticação e matérias-primas com alta tecnologia; a Undo for Tomorrow, marca de tênis sustentáveis; a Rabbit, fábrica de NFTs e produtos digitais; e a Wave, marca de bem-estar sexual feminino.

Mas a história de empreendedorismo desse mineiro de Cataguases, na Zona da Mata, começa bem antes, aos 19 anos, em uma viagem aos Estados Unidos. E foi justamente de Cataguases, de onde não se afasta definitivamente “de jeito nenhum”, que ele conversou com o DIÁRIO DO COMÉRCIO para falar sobre carreira, propósito, futuro e gente legal.

Vamos começar pela sua origem. O menino de Cataguases imaginava se tornar um empreendedor de sucesso e considerado um dos mais inovadores do País?

Não. Na verdade isso começou quando vivi por seis meses em Aspen, no Colorado. Foi lá que quis fazer algo que fosse realmente meu. Estava em um lugar que valoriza as ideias e os empreendedores. Tive muitas ideias que trouxe para o Brasil e não executei absolutamente nada. Aprendi que ideias que não são executadas, não valem nada.

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Esse foi o primeiro passo para a criação da Oficina Reserva?

Eu morava em Belo Horizonte e trabalhava com camisa social sob medida. Cada peça era muito cara e, conversando com o meu sócio, percebemos que se a gente empregasse tecnologia e reduzisse tempo e o custo, poderíamos competir com as grandes marcas oferecendo um produto sob medida. Não queria competir com os alfaiates, mas, sim, com as marcas. Criamos uma solução matemática através de machine learning. Começamos a vender camisa social sob medida através desse algoritmo. Aquilo deu muita repercussão. No final de 2015, o Rony Meisle, da Reserva, ficou sabendo da gente. Ficamos um ano conversando até virar uma sociedade. Entramos para o Grupo Reserva e criamos a marca Oficina Reserva. Entendemos que não éramos uma marca de workwear, éramos um ‘básico sofisticado’. Era a marca do empreendedor.

Quando a Oficina Reserva foi vendida para o Grupo Arezzo, muita gente apostava que você fosse “aproveitar a vida”, pelo menos durante algum tempo. Mas ao contrário, em poucos meses você já havia criado a The Growth Brands. Empreender é um vício?

Não sei se é um vício, mas empreender é muito sobre paixão. Tive sorte de descobrir isso muito cedo. Aos 19 anos já queria fazer algo que fosse meu do zero. Quando me vi desalentado – desempregado e sem procurar empresa – comecei a pesquisar e vi que não sabia fazer outra coisa a não ser trabalhar. A nossa história de sete anos na Oficina foi de muita ‘pancadaria’. Vi que conseguia ajudar outros empreendedores que estavam no estágio que eu já tinha passado. Saí em janeiro e em março a campanha da iQ já estava pronta. Em maio conheci a Luisa, da Camys, e logo ela já estava conosco. Percebi que eu não queria ser só um investidor. Se eu trouxesse mais dinheiro e conhecimento poderia dar crescimento a mais marcas e é isso que a The Growth Brands faz. Hoje são cinco marcas e vamos fechar o ano com faturamento de R$ 40 milhões.

Pelo o que você disse, a The Growth Brands não é uma holding, nem um fundo de investimento, tão pouco uma aceleradora. Então, como podemos classificá-la?

Realmente não dá para classificar a empresa dentro dessas caixinhas. O que fazemos, de fato, é dar pista para essas marcas poderem crescer. Somos como um olheiro do futebol. Descobrimos qual marca vai explodir, pautada no que vai ser o consumo do futuro. A Undo for Tomorrow, por exemplo, é uma marca de tênis sustentáveis e confortáveis, fundada no Brasil e sediada, atualmente, em Portugal. Na época em que conheci a Undo, existia, coincidentemente, uma marca de sapatos de couro no nosso radar. Mas a Undo produz tênis sustentáveis com solado feito com balões de festa usados. Não havia dúvidas sobre qual escolher nesse caso. A Undo for Tomorrow está ligada ao futuro, a outra, a um passado que já deveria ter acabado.

E como as marcas podem fazer para chegar até vocês?

Até aqui não prospectamos marcas. Elas chegaram até nós por indicação de amigos, mandando direct no Instagram. Vou direcionado pela sustentabilidade, por um caminho de marca autêntica. Não gosto de cópia. O meu trabalho é ver a alma do empreendedor, não tem jeito de colocar isso em uma planilha de Excel. O primeiro passo é analisar o fundador, se é uma pessoa bacana, qual o propósito dele. O dinheiro me possibilitou não ter que trabalhar com nenhum ‘babaca’. Não somos um negócio de 20 marcas, mas de oito ou dez incríveis.

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