Granja de suínos da UFMG conquista certificação FairFood de bem-estar animal

Com o uso de tecnologias avançadas e inteligência artificial, o Núcleo de Estudos em Produção de Suínos (Nepsui), granja instalada no Instituto de Ciências Agrárias, do campus UFMG Montes Claros, é referência no desenvolvimento de pesquisas e também no conforto animal. A unidade de suínos recebeu certificação internacional em bem-estar animal, denominada FairFood. O Nepsui é a primeira granja experimental das Américas e a terceira de produção do Brasil a conquistar o selo.
A auditoria, que resultou na certificação FairFood, foi feita por uma entidade certificadora de terceira parte, acreditada pela International Accreditation Forum (IAF). O órgão internacional regula as atividades desse tipo de organismo.
De acordo com o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do Nepsui, Bruno Silva, a certificação da granja de suínos vem para atestar a preocupação com o bem-estar dos animais. Ele explica que a unidade é considerada uma das granjas de pesquisas mais modernas da América Latina em termos de tecnologia e de estudos, principalmente no âmbito do desempenho de comportamento e de avaliação do metabolismo dos animais.
Certificação da unidade de suínos atende demanda da sociedade por bem-estar animal
“Surgiu a necessidade de a gente alinhar as demandas da experimentação científica com as demandas da sociedade. O consumidor busca por uma produção de suínos mais humanizada, ou seja, um trato mais adequado com os animais. Então, a certificação vem com uma prova. Vamos mostrar para a sociedade que não estamos somente estudando os suínos. Mas que também estamos mantendo o máximo de respeito e de bem-estar com o animal ao longo da vida”.
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Considerada a granja mais moderna da América Latina por utilizar a inteligência artificial para análises comportamentais dos animais, a unidade conta com estações de alimentação inteligentes e balanças de precisão associadas ao uso de chips com tecnologia RFID – ou identificação por radiofrequência.
As tecnologias empregadas dão autonomia para os leitões se alimentarem nas baias. Além disso, oferecem condições para que os pesquisadores compreendam e atendam às demandas dinâmicas diárias dos animais, de forma a melhorar os índices reprodutivos, imunológicos e de bem-estar.
Todo o processo é monitorado 24 horas por câmeras de inteligência artificial e traduzem as informações em imagens e gráficos. Conforme Silva, a certificação conquistada também é importante para as empresas que mantêm parceria com o Nepsui, que são do ramo de nutrição animal e os produtos desenvolvidos por elas são avaliados na granja. Por isso, estas empresas podem comercializar os itens testados e aprovados com o selo FairFood.
Tecnologias para melhorias da produção de suínos no campo
O professor da UFMG e coordenador do Nepsui, Bruno Silva, explica que o uso de tecnologias de precisão e os aportes no bem-estar animal são importantes diferenciais e que é interessante que os produtores invistam na modernização das unidades produtivas.
“Os nossos estudos mostram que a tecnologia serve para melhorar o desempenho, o bem-estar e a eficiência. Assim, também contribui para a redução dos impactos ambientais e para o aumento do retorno econômico para o produtor. A implementação da tecnologia de precisão se mostra muito viável e, isso, acaba permitindo abrir novos horizontes para investimentos e expansão do sistema de produção”.
Ainda segundo Silva, ao longo dos últimos anos, a evolução genética veio aumentando o potencial dos animais, mas, é perceptível que nos sistema tradicionais já existem limitações para que o animal expresse todo o potencial produtivo.
“Aí que entra a tecnologia. É aí que entra o entendimento dessas necessidades de precisão que esse animais têm aliados ao bem-estar. Nossos estudos mostram que, com isso, é possível ganhar melhorias de 11% até 15% na eficiência econômica dos animais. Ou seja, com investimentos em tecnologias, é possível produzir mais com o custo mais baixo”, aposta o coordenador do Nepsui.
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