BR-381: trânsito agora, acidentes e obras da Rodovia da Morte

A BR-381 é uma rodovia que liga o Espírito Santo a São Paulo, cortando Minas Gerais. São cerca de 1,2 mil quilômetros de estrada passando por mais de 60 municípios. O trecho mais longo da rodovia está compreendido nas divisas mineiras, sendo possível identificar dois segmentos bem distintos, um que liga Belo Horizonte a São Paulo e outro que vai da capital mineira a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.
Neste artigo, o foco será o trecho que vai de BH a GV, incluindo os quilômetros classificados como Rodovia da Morte. A explicação pela escolha: o trecho rumo ao Sul de Minas Gerais está duplicado há mais de 20 anos e é concedido à iniciativa privada, enquanto o segundo é tido como um dos principais entraves logísticos do País, por se tratar de importante ligação rodoviária com o Nordeste do Brasil.
Só na última década os primeiros quilômetros dos 320 que ligam Belo Horizonte e Governador Valadares foram duplicados, e motoristas que precisam pegar a rodovia, seja para viajar rumo ao litoral capixaba ou às praias do extremo Sul da Bahia, enfrentam os riscos de graves acidentes e congestionamentos que podem levar horas até a liberação da pista.
Abaixo você se informa sobre o movimento na BR-381 para garantir uma viagem sem percalços.
Acidentes BR-381: Rodovia da Morte
Pista simples, sequência de curvas sinuosas, má condição de conservação e trânsito intenso de veículos, sendo boa parte deles caminhões. Tais características somadas impuseram ao trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade a alcunha de Rodovia da Morte.
Antes do início da duplicação, eram mais de 200 curvas nos cerca de 100 quilômetros que separam as duas cidades. Em 2020, 40% dos acidentes foram registrados numa dessas curvas.
Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que a BR-381 registrou mais de 1 mil acidentes nos últimos dois anos. Das batidas em 2021 e 2022, mais de 1,4 mil pessoas ficaram feridas e 114 morreram.
Entre os registros, diversos casos de acidentes graves que forçam o fechamento da rodovia, seja para o atendimento a vítimas ou para a retirada de caminhões que impedem o fluxo rodoviário, obstrução que, além dos danos às famílias, uma tragédia social, resulta em perdas econômicas para o País.
BR-381 agora
Quer acompanhar em tempo real a situação do trânsito na BR-381 antes de seguir viagem? Antes, a Polícia Rodoviária Federal publicava alertas sobre o fluxo na rodovia, mas o órgão desativou a conta no Twitter nos últimos meses.
Atualmente, movimentos que cobram melhorias nas condições da rodovia publicam acidentes graves, interdições de pista e alertas sobre imprudência de motoristas e outras situações que necessitam de atenção redobrada.
Acompanhe nos links a seguir a situação de momento na rodovia: clique aqui ou aqui.
Concessão e duplicação
O sonho de duplicação da BR-381 se arrasta nas mentes de quem precisa da rodovia, sejam eles os mineiros que têm no Espírito Santo o destino de férias ou as empresas dos vales do Aço e do Rio Doce que dependem do caminho para escoar a produção. Desde os governos Fernando Henrique Cardoso, a promessa de melhoria é reforçada a cada campanha eleitoral.
Na gestão de Dilma Rousseff, pela primeira vez, editais para duplicação da ligação entre Belo Horizonte e Governador Valadares foram publicados, mas, na hora do leilão, nem todos os trechos tiveram interessados.

Atualmente, cerca de 60 dos 320 quilômetros que separam as duas cidades já foram duplicados, mas ainda há muito o que fazer e a dificuldade dos últimos anos é a de escolher o modelo a ser adotado para a seleção de empresas interessadas.
Com a duplicação sendo colocada como prioridade pelos mineiros na campanha eleitoral de 2022, a expectativa é que em novembro deste ano seja feito leilão para concessão da rodovia à iniciativa privada pelos próximos 30 anos. O edital foi publicado no começo de julho do ano passado e, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), seriam investidos R$ 10 bilhões na BR-381 no período.
O projeto previa a duplicação de outros 134 quilômetros da rodovia, totalizando cerca de 200 quilômetros com pista dupla em cada sentido da BR. Na saída de BH, a 381 teria uma terceira faixa para aliviar os constantes engarrafamentos devido ao grande fluxo de veículos.
“A rodovia está numa situação muito complicada, e o objetivo é, logo no primeiro momento da concessão, dar uma nova cara à rodovia, melhorando a trafegabilidade e reduzindo riscos e desconforto aos usuários”, afirmou o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, na época.
Porém, mais uma vez, o leilão não atraiu interessados e o governo federal voltou a repensar a concessão. Em visita a Belo Horizonte no início de fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alguns ministros apresentaram a nova estratégia: a duplicação de dois trechos da rodovia pela União, mediante R$ 1 bilhão de investimentos.
Na época, o ministro dos Transportes do Brasil, Renan Filho, explicou que devido a falta de interesse da iniciativa privada nos quatro processos de concessão da BR-381 em Minas Gerais, o governo federal decidiu assumir duplicação dos lotes 8A e 8B. Localizados entre Belo Horizonte e Caeté, eles somam 31,4 quilômetros. E um dos principais desafios para as obras é a necessidade de reassentamento de cerca de 2 mil famílias.
Veja o que foi anunciado pelo governo federal para resolver a BR-381 em Minas
A expectativa é que o edital para os trechos fique pronto no início de maio e que as primeiras intervenções nas áreas aconteçam até o final deste ano. Também foi criado um grupo de trabalho envolvendo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), prefeitos, movimentos e órgãos envolvidos no processo, visando garantir o sucesso da estratégia de retirada dos lotes da concessão. A informação é do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
E agora, como fica a concessão?
Com a mudança de estratégia por parte do governo Lula, um novo edital para a concessão da Rodovia da Morte já foi elaborado e aprovado pela ANTT, que encaminhou para análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A expectativa é que em abril, Renan Filho e Alexandre Silveira façam uma visita técnica à estrada e anunciem os próximos passos para a realização do leilão.
Agora, o trecho que será concedido tem extensão de 303,4 km e fica entre os entroncamentos da rodovia com a BR-262/MG, em Belo Horizonte; e com a BR-116/MG, em Governador Valadares. E estão previstos mais de R$ 9 bilhões em investimentos no trecho, classificado como “de extrema relevância ao país”, por ser uma “importante via de distribuição logística, por seu intenso volume de tráfego e pela necessidade de atualização de sua geometria”.
A nova proposta prevê:
- 27,83 km de duplicação para obras remanescentes;
- 90,85 km de duplicação para obras de ampliação de capacidade;
- 40,6 km de faixas adicionais duplas e
- 42,1 km de faixas adicionais simples.
Além disso, o projeto conta com obras de melhoria, como 9,7 km de vias marginais de duas faixas, 20 passarelas, 166 pontos de ônibus e 1 rampa de escape, entre outras.
Pedágio na BR-381
Ainda não há detalhes sobre como as praças de pedágio serão contempladas neste novo edital. O anterior previa 5. O preço a ser pago em cada um dos pontos seria definido no leilão que não ocorreu. A tarifa mais cara prevista era de R$ 13,80, mas o valor poderia cair uma vez que a licitação seria vencida pela empresa que oferecer o menor preço. O modelo deverá ser mantido no novo certame.
As praças de pedágio seriam posicionadas nas seguintes cidades:
- Caeté;
- João Monlevade;
- Jaguaraçu;
- Belo Oriente;
- Governador Valadares.
O edital também previa desconto no pedágio para dois tipos de usuários: detentores de uma TAG para evitar as filas e usuários frequentes.
*Colaborador
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