Economia

BR-381: trânsito agora, acidentes e obras da Rodovia da Morte

Saiba tudo sobre a BR-381, trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares: duplicação, acidentes e trânsito em tempo real
Atualizado em 21 de março de 2024 • 15:54
BR-381: trânsito agora, acidentes e obras da Rodovia da Morte
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo Diário do Comércio

A BR-381 é uma rodovia que liga o Espírito Santo a São Paulo, cortando Minas Gerais. São cerca de 1,2 mil quilômetros de estrada passando por mais de 60 municípios. O trecho mais longo da rodovia está compreendido nas divisas mineiras, sendo possível identificar dois segmentos bem distintos, um que liga Belo Horizonte a São Paulo e outro que vai da capital mineira a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.

Neste artigo, o foco será o trecho que vai de BH a GV, incluindo os quilômetros classificados como Rodovia da Morte. A explicação pela escolha: o trecho rumo ao Sul de Minas Gerais está duplicado há mais de 20 anos e é concedido à iniciativa privada, enquanto o segundo é tido como um dos principais entraves logísticos do País, por se tratar de importante ligação rodoviária com o Nordeste do Brasil.

Só na última década os primeiros quilômetros dos 320 que ligam Belo Horizonte e Governador Valadares foram duplicados, e motoristas que precisam pegar a rodovia, seja para viajar rumo ao litoral capixaba ou às praias do extremo Sul da Bahia, enfrentam os riscos de graves acidentes e congestionamentos que podem levar horas até a liberação da pista.

Abaixo você se informa sobre o movimento na BR-381 para garantir uma viagem sem percalços.

Acidentes BR-381: Rodovia da Morte

Pista simples, sequência de curvas sinuosas, má condição de conservação e trânsito intenso de veículos, sendo boa parte deles caminhões. Tais características somadas impuseram ao trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade a alcunha de Rodovia da Morte.

Antes do início da duplicação, eram mais de 200 curvas nos cerca de 100 quilômetros que separam as duas cidades. Em 2020, 40% dos acidentes foram registrados numa dessas curvas.

Dados da Polícia Rodoviária Federal mostram que a BR-381 registrou mais de 1 mil acidentes nos últimos dois anos. Das batidas em 2021 e 2022, mais de 1,4 mil pessoas ficaram feridas e 114 morreram.

Entre os registros, diversos casos de acidentes graves que forçam o fechamento da rodovia, seja para o atendimento a vítimas ou para a retirada de caminhões que impedem o fluxo rodoviário, obstrução que, além dos danos às famílias, uma tragédia social, resulta em perdas econômicas para o País.

BR-381 agora

Quer acompanhar em tempo real a situação do trânsito na BR-381 antes de seguir viagem? Antes, a Polícia Rodoviária Federal publicava alertas sobre o fluxo na rodovia, mas o órgão desativou a conta no Twitter nos últimos meses.

Atualmente, movimentos que cobram melhorias nas condições da rodovia publicam acidentes graves, interdições de pista e alertas sobre imprudência de motoristas e outras situações que necessitam de atenção redobrada.

Acompanhe nos links a seguir a situação de momento na rodovia: clique aqui ou aqui.

Concessão e duplicação

O sonho de duplicação da BR-381 se arrasta nas mentes de quem precisa da rodovia, sejam eles os mineiros que têm no Espírito Santo o destino de férias ou as empresas dos vales do Aço e do Rio Doce que dependem do caminho para escoar a produção. Desde os governos Fernando Henrique Cardoso, a promessa de melhoria é reforçada a cada campanha eleitoral.

Na gestão de Dilma Rousseff, pela primeira vez, editais para duplicação da ligação entre Belo Horizonte e Governador Valadares foram publicados, mas, na hora do leilão, nem todos os trechos tiveram interessados.

Ainda há muito o que fazer em termos de melhorias ao longo da BR-381 | Crédito: Dnit/Divulgação

Atualmente, cerca de 60 dos 320 quilômetros que separam as duas cidades já foram duplicados, mas ainda há muito o que fazer e a dificuldade dos últimos anos é a de escolher o modelo a ser adotado para a seleção de empresas interessadas.

Com a duplicação sendo colocada como prioridade pelos mineiros na campanha eleitoral de 2022, a expectativa é que em novembro deste ano seja feito leilão para concessão da rodovia à iniciativa privada pelos próximos 30 anos. O edital foi publicado no começo de julho do ano passado e, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), seriam investidos R$ 10 bilhões na BR-381 no período.

O projeto previa a duplicação de outros 134 quilômetros da rodovia, totalizando cerca de 200 quilômetros com pista dupla em cada sentido da BR. Na saída de BH, a 381 teria uma terceira faixa para aliviar os constantes engarrafamentos devido ao grande fluxo de veículos.

“A rodovia está numa situação muito complicada, e o objetivo é, logo no primeiro momento da concessão, dar uma nova cara à rodovia, melhorando a trafegabilidade e reduzindo riscos e desconforto aos usuários”, afirmou o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale, na época.

Porém, mais uma vez, o leilão não atraiu interessados e o governo federal voltou a repensar a concessão. Em visita a Belo Horizonte no início de fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alguns ministros apresentaram a nova estratégia: a duplicação de dois trechos da rodovia pela União, mediante R$ 1 bilhão de investimentos.

Na época, o ministro dos Transportes do Brasil, Renan Filho, explicou que devido a falta de interesse da iniciativa privada nos quatro processos de concessão da BR-381 em Minas Gerais, o governo federal decidiu assumir duplicação dos lotes 8A e 8B. Localizados entre Belo Horizonte e Caeté, eles somam 31,4 quilômetros. E um dos principais desafios para as obras é a necessidade de reassentamento de cerca de 2 mil famílias.

Veja o que foi anunciado pelo governo federal para resolver a BR-381 em Minas

A expectativa é que o edital para os trechos fique pronto no início de maio e que as primeiras intervenções nas áreas aconteçam até o final deste ano. Também foi criado um grupo de trabalho envolvendo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), prefeitos, movimentos e órgãos envolvidos no processo, visando garantir o sucesso da estratégia de retirada dos lotes da concessão. A informação é do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

E agora, como fica a concessão?

Com a mudança de estratégia por parte do governo Lula, um novo edital para a concessão da Rodovia da Morte já foi elaborado e aprovado pela ANTT, que encaminhou para análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A expectativa é que em abril, Renan Filho e Alexandre Silveira façam uma visita técnica à estrada e anunciem os próximos passos para a realização do leilão.

Agora, o trecho que será concedido tem extensão de 303,4 km e fica entre os entroncamentos da rodovia com a BR-262/MG, em Belo Horizonte; e com a BR-116/MG, em Governador Valadares. E estão previstos mais de R$ 9 bilhões em investimentos no trecho, classificado como “de extrema relevância ao país”, por ser uma “importante via de distribuição logística, por seu intenso volume de tráfego e pela necessidade de atualização de sua geometria”.

A nova proposta prevê:

  • 27,83 km de duplicação para obras remanescentes;
  • 90,85 km de duplicação para obras de ampliação de capacidade;
  • 40,6 km de faixas adicionais duplas e
  • 42,1 km de faixas adicionais simples.

Além disso, o projeto conta com obras de melhoria, como 9,7 km de vias marginais de duas faixas, 20 passarelas, 166 pontos de ônibus e 1 rampa de escape, entre outras.

Pedágio na BR-381

Ainda não há detalhes sobre como as praças de pedágio serão contempladas neste novo edital. O anterior previa 5. O preço a ser pago em cada um dos pontos seria definido no leilão que não ocorreu. A tarifa mais cara prevista era de R$ 13,80, mas o valor poderia cair uma vez que a licitação seria vencida pela empresa que oferecer o menor preço. O modelo deverá ser mantido no novo certame.

As praças de pedágio seriam posicionadas nas seguintes cidades:

  • Caeté;
  • João Monlevade;
  • Jaguaraçu;
  • Belo Oriente;
  • Governador Valadares.

O edital também previa desconto no pedágio para dois tipos de usuários: detentores de uma TAG para evitar as filas e usuários frequentes.

*Colaborador

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