Comércio de Mariana se recupera após tragédia da Samarco

Os impactos do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, na região Central do Estado, já não são mais sentidos pelo comércio local. Embora o estrago tenha sido gigantesco no período, o empresariado encontrou oportunidades, se adequou a nova realidade e vem trabalhando normalmente. A tragédia, que matou 19 pessoas e é considerada um dos maiores desastres ambientais da história do País, completou oito anos nessa segunda-feira (6).
De acordo com o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Mariana (Aciam), Amarildo Pereira, não se pode dizer que as empresas da cidade ainda sentem os efeitos da tragédia. Ele, que também é diretor da Federação das Associações Comerciais, Industriais, Agropecuárias e de Serviços do Estado de Minas Gerais (Federaminas), ressalta que, por mais que os empresários tenham sofrido bastante com o desastre, o patamar de hoje é muito diferente.
“Hoje estamos dentro de uma normalidade. Claro que é uma nova realidade. Com um impacto tão grande como aquele, não podemos falar que as perspectivas não mudaram, mas o rompimento da barragem também trouxe novas oportunidades. A Fundação Renova, por exemplo, talvez não nos atendam da forma que imaginamos que deveria, priorizando as contratações da mão de obra da região e comprando materiais na cidade, mas existem impactos positivos”, salientou.
Conforme Pereira, na época da tragédia, contratos de empresas foram cancelados e, provavelmente, várias tiveram que fechar suas portas. Entretanto, o tempo passou e os negócios foram descobrindo novos nichos e se adequando as necessidades do mercado que, segundo ele, é quem, de fato, define se uma companhia vai se manter de pé ou encerrar as atividades.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Retorno das operações da Samarco em Mariana ajudou a aquecer a economia
Em dezembro de 2020, cinco anos após o desastre, a Samarco voltou a operar em Mariana. Na ocasião, a joint venture entre a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP, retomou os trabalhos no Complexo de Germano, local onde funcionava a barragem de Fundão, com 26% de sua capacidade produtiva. Atualmente, o patamar está na casa dos 30%, conforme a empresa.
O presidente da Aciam destaca que a volta das operações da mineradora foi primordial para a retomada das companhias no município. Nesse sentido, ele afirma que foi preciso se adequar a nova realidade do setor mineral, que trabalha hoje sem barragens, com a tecnologia a seco.
Necessidade de diversificar a economia
Pereira também enfatiza que cerca de 95% da economia de Mariana é proveniente da mineração e que os trabalhos das mineradoras são extremamente importantes para a região. Entretanto, o dirigente ressalta que é preciso não depender do setor. De acordo com ele, a Aciam tem feito trabalhos na direção da diversificação econômica do município e tem cobrado do poder público por ações, haja visto o que aconteceu com a tragédia na cidade, bem como em Brumadinho.
O executivo ainda reitera que é necessário destacar as iniciativas das instituições do Terceiro Setor no acompanhamento de projetos que atendam o empresariado de Mariana como um todo. E avalia que a tragédia, infelizmente, foi devastadora e que ninguém queria que acontecesse, mas que os empresários não podem esquecer que as grandes mineradoras geram riqueza para a cidade.
Acordo na Justiça deve ocorrer em dezembro
Após tantos anos de espera, a repactuação do acordo de reparação aos danos causados pela tragédia parece que, enfim, sairá do papel. Em calendário estabelecido pelo Tribunal Regional Federal da 6ª região (TRF-6), responsável por conduzir o caso na Justiça brasileira, indica que o processo deve ser concluído no dia 5 de dezembro. É válido ressaltar, que corre na Corte inglesa, outra ação contra a Vale e BHP, cujas indenizações aos atingidos podem chegar a R$ 230 bilhões.
Ouça a rádio de Minas