Faturamento da mineração recua 26% em Minas Gerais

O faturamento da indústria de mineração de Minas Gerais caiu 26% no primeiro semestre de 2022. O Estado saiu de um resultado de R$ 61,4 bilhões nos primeiros seis meses de 2021 para R$ 45,2 bilhões neste ano. O resultado acompanhou o movimento de baixa apurado pelo setor mineral na primeira metade deste exercício, em que indicadores como produção, exportação e saldo comercial também tiveram desempenhos negativos.
Com isso, o setor nacional apurou faturamento de R$ 113 bilhões no acumulado de janeiro a junho, queda de 24% sobre a mesma época do ano passado (R$ 149 bilhões). Minas Gerais respondeu por 40% desse montante. A produção do setor em todo o Brasil chegou a 441 milhões de toneladas, contra 483 milhões de toneladas em 2021, gerando baixa de 9% entre os exercícios.
A queda no faturamento da mineração foi puxada principalmente pelo minério de ferro, que recuou 36% no semestre, registrando R$ 68,3 bilhões. O produto representa 73% de toda a produção mineral do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
China, Rússia e Ucrânia comprometem desempenho da mineração
Segundo a entidade, a redução das compras de minério pela China e a guerra entre Rússia e Ucrânia estão entre os principais fatores que causaram um desempenho aquém das expectativas no primeiro semestre para a mineração. Para se ter uma ideia, o Brasil exportou menos 24% entre janeiro e junho deste ano sobre igual época de 2021 e importou 200% a mais de minérios no mesmo período. É que, por outro lado, a importação de minérios teve grande elevação no mesmo tipo de confronto.
Para o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, a concentração das exportações de minério de ferro para a China aponta a força do produto, mas também traz vulnerabilidades. Como o país asiático é o principal importador do produto, a redução da atividade econômica chinesa e outros fatores impactam diretamente o desempenho do setor mineral brasileiro e, consequentemente, as divisas do País. Para se ter uma ideia, segundo o Ibram, a demanda da China por aço no primeiro semestre de 2022 foi 10% inferior à demanda registrada na mesma época de 2021.
“O contexto comprova o comportamento cíclico da mineração. O setor depende dos humores do mercado internacional para apresentar bons resultados. Enquanto 2021 foi marcado por resultados positivos, o desempenho setorial do primeiro semestre de 2022 ficou bem abaixo do esperado, fruto do cenário global. Por isso, a mineração precisa ser estimulada e não pode ser alvo constante de ações que visam elevar seus custos e derrubar sua competitividade”, comentou durante apresentação do balanço setorial para a imprensa.
Minas Gerais não deve permanecer na liderança do minério de ferro
Sobre a participação de Minas Gerais, o diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Ibram, Júlio Nery, explicou que a liderança recuperada pelo Estado tanto em termos de faturamento quanto no recolhimento da Cfem não deverá perdurar por muito tempo. Conforme ele, nos primeiros seis meses deste ano, a pujança de Minas Gerais sobre o Pará ocorreu em função tanto do preço de outros minerais comercializados pelo estado do Norte quanto do maior impacto na produção do minério de ferro lá em relação aos de terras mineiras.
“Alguns minerais coincidem, como é o caso do minério de ferro e do ouro. Outros, como bauxita e cobre, possuem maior peso no Pará e apresentaram queda na cotação. Mas pode ser que a liderança se inverta quando essa situação se normalizar”, disse.
Investimentos em mineração são mantidos
Em relação aos investimentos, ainda previstos pelo Ibram em US$ 40,4 bilhões entre 2022 e 2026, Nery lembrou que cerca de US$ 11,1 bilhões serão alocados em Minas Gerais e que parte do montante certamente será aportado na produção. Não em aumento propriamente, mas em adaptações onde há redução dos volumes em função do esgotamento de minas, com a migração para novas áreas.
“Do total nacional, temos em execução US$ 18,7 bilhões e programados outros US$ 21,5 bilhões. Importante dizer que, mesmo diante do cenário adverso apresentado no decorrer da primeira metade do exercício, não houve até agora nenhuma ação de desaceleração desses investimentos. A implantação dos projetos continua normalmente nos estados para os quais estão programados. Lembrando que a maior parte é para minério de ferro, mas também são vultosos para bauxita e fertilizantes”, completa.
Em relação ao segundo semestre, os representantes da entidade reforçaram que tradicionalmente o desempenho é melhor. Neste contexto, o diretor revelou que é aguardada discreta recuperação. “Tivemos notícias do mercado imobiliário chinês e na última semana já vimos uma subida no preço do minério, que saiu de patamares abaixo de US$ 100 a tonelada e já figura em US$ 106 nesta semana. Esperamos uma recuperação em relação ao que registramos no início do ano”, concluiu.
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