Com impacto do aço da China, Usiminas vai paralisar alto-forno 1

A elevada importação de aço, especialmente da China, tem refletido em perda de empregos, redução da capacidade produtiva e adiamento de investimentos na siderurgia brasileira. Em razão da situação, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) fará novos ajustes e pretende abafar o alto-forno 1, da planta de Ipatinga, no Vale do Aço, nas próximas semanas. A Aperam South América, ArcelorMittal e Gerdau já haviam tomado medidas visando minimizar os efeitos da importação chinesa.
O CEO da Usiminas, Marcelo Chara, disse à imprensa nessa segunda-feira (11) que a empresa não consegue manter os três altos-fornos em funcionamento com o atual cenário do setor. Logo, o alto-forno 1, com capacidade de produzir 600 mil toneladas por ano, será paralisado ainda neste mês ou no início de 2024. Ele não relevou quantos empregados serão afetados, mas afirmou que o desligamento impactará tanto o quadro de trabalhadores próprios quanto contratos de terceiros.
“Várias empresas já anunciaram que paralisaram investimentos, ajustaram produção e demitiram funcionários. Isso é consequência de termos uma ‘invasão sem freio’ de aço, sem nenhuma motivação para pará-la. A importação em igualdade, correta e competitiva, estamos acostumados. É um setor de altíssimo nível e competitividade. O problema é quando é injusto, desleal, subsidiado e, absolutamente, incomparável em condições com as quais produzimos”, criticou.
Para o executivo, a concorrência que a siderurgia brasileira tem diante da chinesa é desleal e, por isso, é necessário que o governo federal tome ações para trazer isonomia para os fabricantes nacionais. Chara espera que o Executivo adote a mesma alíquota de importação de aço praticada por países como os Estados Unidos e México, de 25%, e, dessa forma, ajude a manter a competitividade do setor e não tenha que se deparar com mais alto-fornos sendo paralisados.
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Empresa deixou de contratar colaboradores para Ipatinga em virtude de aço da China
Em razão da disputa com o mercado da China, a Usiminas já havia anunciado outros ajustes operacionais. A empresa informou, por exemplo, que deixou de contratar 600 colaboradores, sendo a maioria para a unidade de Cubatão, em São Paulo, onde também reduziu a produção, e outra parte para o empreendimento de Ipatinga. A siderúrgica mineira ainda paralisou um centro de serviços, no estado paulista, em virtude das adversidades que o setor vem enfrentando.
Vale enfatizar que a Usiminas não é a única que passa por dificuldades neste momento. Na última semana, a Aperam decidiu postergar uma nova fase de investimentos na cidade de Timóteo. Em novembro, a ArcelorMittal prolongou a parada técnica programada para três usinas, incluindo a de Juiz de Fora. Antes disso, a Gerdau realizou demissões e paralisou algumas unidades no País, sendo que, em Minas Gerais, apenas a de Ouro Branco está com produção normalizada.
Usiminas faz revisão de modelos de gestão, foca em ações sustentáveis e investe na operação
Nos últimos meses, a Usiminas tem realizado uma profunda revisão de seu modelo de gestão, priorizando ações sustentáveis e investido em melhorias operacionais, segundo Chara.
Conforme o CEO, a companhia vem criando comitês técnicos para melhorar a eficiência energética e de combustíveis nos altos-fornos. Também reativou o alto-forno 3, que recebeu R$ 2,7 bilhões em investimentos que incluem sistemas mais modernos de produção e novos controles ambientais. E contratou uma empresa local para atuar na reparação e preservação da Coqueria 2 como parte de um projeto em curso, cujo investimento é de R$ 1,1 bilhão, até 2026.
“É um cardápio de ações em que estamos confiantes e que já estamos vendo alguns resultados que nos façam mais competitivos para enfrentar esse cenário complexo das importações e para melhorar nossa competitividade, sustentabilidade e relação com a comunidade”, destacou.
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