Meteoric venderá terras-raras de Poços de Caldas para canadense

A Meteoric Resources venderá parte da produção de seu futuro empreendimento de terras-raras em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, para a Neo Performance Materials. As empresas assinaram, recentemente, um memorando de entendimento (MoU) não vinculativo que prevê a retirada de três mil toneladas métricas (MT) de óxido de terras-raras totais por ano do projeto.
Os materiais serão utilizados para abastecer a planta de fabricação de ímãs permanentes de terras-raras da Neo na Estônia, na Europa. Espera-se que o prazo do acordo se estenda até que sejam destinados 30 mil MT, com cláusula de renovação habitual para subsequentes termos. O acerto também inclui uma preferência para a companhia canadense comprar volumes adicionais do óxido que será produzido pela australiana no Estado em condições semelhantes.
Em comunicado, o CEO da Meteoric, Nick Holthouse, ressaltou que essa parceria representa o primeiro passo da empresa na estratégia de fornecimento escalonado. Ele destacou que “tem o prazer de apoiar a Neo” no objetivo de fornecer magnetismo de alto desempenho para automóveis, automação de fábrica, motores de alta eficiência, eletrodomésticos residenciais e outros setores.
“A ligação e integração na cadeia de abastecimento alternativa de materiais de terras-raras em desenvolvimento sinalizam uma forte confiança do mercado externo na capacidade do projeto Caldeira de progredir para uma decisão final de investimento e para a produção”, afirmou.
Já o CEO da Neo, Rahim Suleman, disse que a companhia está entusiasmada em adicionar o projeto da Meteoric ao crescente pipeline de fontes potenciais de matéria-prima de terras-raras. Conforme ele, a parceria permite que a empresa aumente a utilização da capacidade e supra as necessidades da planta de ímãs de terras-raras na Europa quando a mesma entrar em operação.
Empresa investirá mais de R$ 1 bilhão no projeto e espera iniciar a produção em 2027
A Meteoric pretende investir mais de R$ 1 bilhão, no período de três anos, na extração de argila iônica em terras-raras em Poços de Caldas. O projeto Caldeira, que compreende 51 processos minerários, deve gerar aproximadamente 700 postos de trabalho no município.
No momento, além de realizar sondagens de exploração no terreno, a mineradora está concentrada nos estudos de engenharia e viabilidade econômica, no levantamento de dados ambientais e nas etapas para o licenciamento. A empresa espera obter a licença para construção até o quarto trimestre de 2025 e iniciar a produção no segundo semestre de 2027. A previsão é que sejam produzidas mais de seis mil toneladas anuais de óxido de terras-raras no local.
O projeto da Meteoric em Minas Gerais ganhou reforço no caixa, no fim do ano passado, com a venda de um projeto de ouro da australiana, no Mato Grosso, para a Keystone Resources, por US$ 17,5 milhões. À época, o diretor-executivo da mineradora, Marcelo de Carvalho, ressaltou que, com o capital da transação, a empresa “tem mais caixa para investir em exploração”.
Vale lembrar que o investimento da Meteoric em Poços de Caldas foi anunciado em agosto de 2023, quando a companhia assinou um protocolo de intenções com o governo estadual. Na oportunidade, o CEO da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga, havia destacado que o empreendimento pode colocar o Estado entre os maiores produtores desse tipo de mineral no mundo, assim como o lítio.
“A confirmação do minério e esse investimento da Meteoric, em Poços de Caldas, são suficientes para impactar a indústria extrativa de terras-raras no mundo, colocando Minas e o Brasil novamente em destaque, assim como aconteceu recentemente com o Vale do Lítio. São oportunidades que estão se abrindo para que nosso Estado seja um dos principais atores nos processos de transição energética e de descarbonização da economia mundial”, ressaltou.
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